Encontro promovido pelo Movimento Unidos contra o Desperdício, reúne várias entidades públicas e privadas para assinalar o Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, 29 de setembro, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
Estima-se que cada português desperdice 184 kl por ano, enquanto há quem não tenha alimentos suficientes, quem o diz é Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, ao Estado com Arte Magazine, e que por isso “é importante continuar a alertar para o desperdício alimentar.”
“É preciso olhar para uma realidade intolerável de 1/3 dos alimentos produzidos que acabam no lixo, e ao mesmo tempo existem pessoas com carências alimentares”, segundo a dirigente da FPBA.
“Há um conjunto de políticas que têm de ser revistas, mas também tem de se facilitar mais a logística de sobras nos supermercados, para que as instituições permitam aos colaboradores recolherem nos locais.” Reconhece que há um caminho feito, mas ainda assim há muito a percorrer.
“Não há menos pedidos de ajuda alimentar, o que assistimos é que o perfil de pessoas mudou. Hoje temos famílias mais novas, que ousaram comprar uma casa e que devido às taxas de juro, pedem apoio alimentar. A inflação continua a aumentar e não se perspectiva que mude,“ justifica.
A Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome lançou este movimento “congregador de toda a sociedade portuguesa”, num desafio lançado às empresas e entidades públicas. “O Banco Alimentar convidou um conjunto de 9 entidades ( Refood, ARESP, CAP, Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, entre outros) e em todos os sectores da sociedade civil para mobilizar para este problema de desperdício.
Na conferência “Unidos damos tampa ao desperdício” o Presidente da República pediu “mais ambição ainda” a cada cidadão no combate ao desperdício alimentar, destacou que “Portugal é o quarto país da União Europeia que mais comida desperdiçada por pessoa”.
“Há uma estratégia nacional de combate ao desperdício alimentar, desde 2018, e um novo regulamento jurídico que entrará em vigor no próximo ano, que vai obrigar empresas do retalho alimentar, indústria produtiva, lojas e restaurantes a não descartarem alimentos que ainda estejam aptos para consumo, doando-os”, frisou.
O evento contou ainda com a presença do secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.
A campanha anual do Movimento Unidos Contra o Desperdício “é uma autêntica viagem ao século passado para demonstrar a urgência de darmos vários passos atrás naquele que é hoje um caminho desafiante que a sociedade de consumo nos trouxe, com impactos muito negativos na sustentabilidade das gerações futuras e do planeta”, segundo a organização.
Aldi, Aqui é Fresco, Auchan, Bom Petisco, Bonduelle, Continente, El Corte Inglés, Fula, Gelpeixe, Guloso, Hellmans, Intermarché, LIDL, Luso, Makro, Mercadona, Minerva, Minipreço, Monchique, Nestlé, Nobre, Pepsico, Pingo Doce, Recheio, Too Good To Go, Trivalor e Vimeiro, entre outras, são marcas que aqui também se unem para dar uma tampa ao desperdício.
“Refeição de ontem no taparuere de hoje”, é o mote da campanha, marca a tendência de novos hábitos de consumo dos portugueses, para maior reaproveitamento alimentar.
Ao final da tarde, decorreu um ‘Sunset sem desperdício’, com cozinha ao vivo dos chefes de cozinha Kiko, Tia Cátia e Joana Barrios que confeccionaram pratos de reaproveitamento alimentar
A redução do desperdício alimentar é um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, o Movimento Unidos contra o Desperdício foi lançado há 3 anos, no dia de 29 de setembro. Em Portugal este movimento já conta com mais de 310 empresas e três mil particulares.
