Os sinais vindos dos EUA, sobretudo do sector Republicano, já há alguns anos vêm dizendo que é tempo de que a Europa seja capaz de assegurar a sua própria defesa, senão totalmente, pelo menos assumindo uma parte mais significativa da mesma. O que faz todo o sentido, e se torna cada vez mais urgente, à medida que a impaciência dos sectores Republicanos mais radicais vai crescendo a ritmo acelerado.
São preocupantes os sinais recentemente dados à Ucrânia e, sobretudo, à Rússia, pelas potências ocidentais, quer nos EUA, quer na Europa.
Nos EUA, é a política interna que dita que o Partido Republicano esteja a bloquear um novo pacote de ajuda financeira e militar à Ucrânia; na Europa, a posição de um único Estado-Membro, que alega interesse nacional para fazer o mesmo.
Ainda que estes bloqueios possam ser apenas temporários – sendo que infelizmente nada garante que o sejam – mostram uma falta de determinação e consenso ocidentais que certamente encorajam Moscovo a continuar a guerra na Ucrânia.
Já os Romanos diziam «se queres a paz, prepara a guerra», querendo com isto significar que só um Estado forte pode aspirar a não ser atacado pelos seus vizinhos ou inimigos.
Depois de duas guerras mundiais travadas no seu território só durante o Século XX, é normal que as opiniões públicas europeias não tenham apetências militaristas; mas isso, visto de fora, é um forte indício de fraqueza e vulnerabilidade, que pode ter consequências trágicas. Como tal, é essencial não confundir pacifismo com passividade, e muito menos com incapacidade militar.
Os sinais vindos dos EUA, sobretudo do sector Republicano, já há alguns anos vêm dizendo que é tempo de que a Europa seja capaz de assegurar a sua própria defesa, senão totalmente, pelo menos assumindo uma parte mais significativa da mesma. O que faz todo o sentido, e se torna cada vez mais urgente, à medida que a impaciência dos sectores Republicanos mais radicais vai crescendo a ritmo acelerado.
Por outro lado, não pode a Europa pretender ser um actor geo-político de primeira grandeza sem ter capacidade de projectar um poder militar autónomo.
A necessidade de reforço militar da Europa Ocidental é incontornável, e cabe por isso aos poderes políticos europeus, não só comunitários como também e sobretudo aos poderes políticos nacionais, acordar as respectivas populações e opiniões públicas para esta incontornável realidade. E quanto mais cedo o fizerem, mais sofrimento evitarão.
Voltando à Ucrânia, a lentidão e agora também a inconstância do apoio financeiro e militar ocidental prejudicam gravemente o seu esforço de guerra, cujos custos materiais e humanos poderiam ser melhor mitigados com um apoio mais firme e constante dos aliados.
Os militares e civis ucranianos estão a reensinar-nos o “os meninos de Huambo” de Paulo de Carvalho que “apreendiam à volta da fogueira: como se ganha uma bandeira, e o que custa a liberdade. “
Liberdade essa que, ao contrário do que julgam as mais jovens gerações ocidentais, que tiveram a sorte de nunca terem passado por uma guerra a sério, não é nunca um dado adquirido – como saberiam, se estivessem mais atentos ao mundo que nos rodeia.