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Fátima Lopes: “Intimidade literária não se encontra nos meios urbanos”

Marta Roque

A escritora e apresentadora da SIC esteve presente no Mural das Letras, este sábado, que reuniu autores cujas capas dos livros ficaram eternizadas na exposição mural em Cabrela, Alentejo, uma organização da associação “Lar doce ler”.

Fátima Lopes acredita que a “intimidade literária não se encontra nos meios urbanos, onde é mais difícil reunir pessoas com interesses pela leitura”, já num meio pequeno “é como se as pessoas fossem escolhidas a dedo. Há um grande respeito pelo livro e o autor”, diz ao Estado com Arte Magazine à margem de iniciativa literária em Cabrela, Alentejo.

A autora recorda o grau de “partilha e intimidade” em evento literário no meio rural, dando como exemplo  a conversa literária em 2021, por ocasião do lançamento do seu livro “Encontrei o amor onde menos esperava” com a moderação de Ricardo Ribeiro, esteve casa cheia. Achou “notável como estava tudo pensado e organizado” em função do autor e leitores.

Ao contrário do que se possa pensar de que “não existem leitores interessados no interior”, encontrou o oposto. “As pessoas vêm, porque tem curiosidade sobre os livros e as histórias, estão muito disponíveis para ouvir e fazer partilhas.” Considera mesmo que Cabrela é um dos bons exemplos no país nestas iniciativas literárias.

A escritora e apresentadora de televisão, cada vez mais presente em todas as plataformas digitais, admite ser difícil atrair as pessoas para os livros no espaço televisivo.

“Não podemos dar esse papel à TV. A RTP2 tem programas muito interessantes para o desafio à leitura, conversas diferentes com os autores.” O número de espectadores é diminuto, o que não ajuda a criação de mais produção de programas literários, a apresentadora diz que até existe oferta, mas não existe publico.

“As pessoas têm um ritmo de vida tão frenético, que muitas delas acham que os livros são coisas chatas e uma perda de tempo”. Assume que “não podemos dar à televisão esse papel de pedagogia.”
“É muito difícil despertar outras pessoas para o valor da leitura, não me parece que a TV esteja vocacionada para isso, nem que isso seja uma prioridade para a TV. Não digo que seja um problema, apenas não constato isso.”
Sugere que a melhor forma de conquistar os novos leitores é na escolha de espaços de tertúlias, nas escolas, e na promoção de iniciativas diferentes para jovens, “iniciativas que os façam olhar para os livros de maneira diferente”.

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