Priorizar o nosso bem-estar é uma das vantagens de saber dizer “não”. Ao dizer não, estamos a colocar-nos em primeiro lugar e isto concretiza-se na nossa vida ao reduzir os nossos níveis de stress, melhora a nossa saúde mental e física e leva-nos a ter relações com propósito, aumentando a nossa felicidade e reduzindo o risco de esgotamento.
Na nossa atual sociedade somos confrontados cada dia com muitas solicitações… Solicitações, principalmente de trabalho, mas também da família, dos amigos, redes sociais…
Somos constantemente bombardeados para estarmos eternamente ocupados, sempre a fazer coisas. Não podemos aproveitar o ócio, somos as pessoas mais solicitadas do país. Até podemos pensar que nem o próprio Presidente da República tem mais solicitações que nós…
Como gostamos de agradar a toda a gente e de colocar em primeiro lugar as necessidades dos outros e só depois as nossas, a palavra “não”, não entra no nosso vocabulário.
Ajudar os outros, estar presente para os outros e dar-se aos outros é importante, essencial e é uma coisa boa que favorece de grande maneira a nossa saúde física e mental.
Mas querer agradar a todos, dividir-se em 3 ou 4 e nesse processo não termos tempo para nós é algo bastante prejudicial e mesmo perigoso para a nossa saúde.
As razões para não conseguir dizer “não”, são variadas. Primeiro socialmente e biologicamente, sendo animais sociais e querermos estar integrados, dizer “não” pode ser considerado mal-educado, egoísta, rude e não querer ajudar. Até pode ir contra a nossa identidade de animal gregário. Também podemos ter medo de perder oportunidades ou mesmo experiências únicas e então dizemos que “sim” a tudo…
Mas temos de entender que dizer “não” e estabelecer limites é uma maneira de cuidarmos de nós mesmo e de podermos aproveitar melhor a vida e ajudar os outros de maneira mais eficaz.
Estabelecer limites é essencial para protegermos o nosso Tempo (o nosso bem mais precioso), a nossa energia e o nosso bem-estar.
Estes limites ajudam a criar melhores relações pessoais, prevenir a fadiga mental e física e assegurar que as nossas necessidades estão salvaguardadas.
Um dos grandes problemas de não conseguirmos dizer “não” é deixar de sermos nós mesmos para agradar aos outros e assim, podem aproveitar-se de nós, fazemos demasiadas tarefas e não temos tempo para o que desejamos. Isto leva ao esgotamento nervoso, exaustão emocional e física.
Quando sabemos dizer “não”, estabelecemos uma relação saudável connosco e com o próximo. Conseguimos comunicar as nossas necessidades e expectativas claramente e, mais importante, tomamos nas nossas mãos o controlo do nosso bem-estar. Ao saber dizer não criamos relações mais saudáveis com os outros e criamos um espaço para as coisas que realmente nos importam e fazem felizes.
Agradar aos outros é dizer “sim” a tudo e a todos para assim ganhar o seu respeito, consideração, amizade, atenção, aprovação e evitar o conflito. Pode parecer um ato de humildade de pensar no outro (e muitas vezes é), mas em excesso é perigoso para o nosso bem-estar e para as nossas relações.
Uma das grandes consequências de estar sempre a dizer “sim” é que acabamos por ignorar o que necessitamos, anulamo-nos, e essa anulação leva ao Stress e à fadiga. Isto pode levar a sentimentos de ressentimento e em último caso prejudicar as relações interpessoais – exatamente o oposto do que queremos atingir ao dizer “sim” a todos.
Além disso, ao agradar a todos não conseguimos definir limites ou comunicar as nossas necessidades efetivamente. Se sempre priorizamos as necessidades dos outros, claro que nós ficamos para trás. Isto leva a que não nos sintamos realizados e acaba por levar a um sentido de desconexão total de nós mesmos.
Acabar com este defeito de agradar aos outros é muito difícil, mas é muito importante para retomar o controlo das nossas vidas e priorizar as nossas necessidades.
Priorizar o nosso bem-estar é uma das vantagens de saber dizer “não”. Ao dizer não, estamos a colocar-nos em primeiro lugar e isto concretiza-se na nossa vida ao reduzir os nossos níveis de stress, melhora a nossa saúde mental e física e leva-nos a ter relações com propósito, aumentando a nossa felicidade e reduzindo o risco de esgotamento.
Quando na nossa vida, nós somos a prioridade, também assim colocamos os outros e quem mais nos importa em primeiro lugar. Pois só quando estamos bem connosco próprios podemos ser positivos e alguém melhor para os outros.
Também estamos mais bem preparados para afrentar as adversidades e problemas que nos surgem na vida. Ao dizer “não” a situações e coisas que não nos preenchem ou sejam importantes, podemos criar uma vida plena e um futuro mais feliz.
Mas como podemos dizer “não”?
Dizer “não”, não é nada fácil, ainda por cima se já estamos habituados a agradar a toda a gente.
Primeiro dizer “não”, é um hábito, um talento, uma habilidade. Uma habilidade treina-se, temos de começar de alguma maneira a dizer “não”. Para treinar, nada melhor do que começar por dizer “não” a pequenas coisas, como deixar de responder a um e-mail do trabalho às 10 horas da noite ou ficar a trabalhar até tarde porque alguém não fez o seu trabalho como deveria ter feito. Ou então dizer que “não” a estar com essa pessoa tóxica que sempre fala mal dos outros e não tem conversas que demonstrem alguma elevação. Há que ser criterioso na nossa vida, dizer “não” é ser criterioso também.
Segundo, ser Honesto. A honestidade é essencial e a principal arma para aprendermos a dizer “não”. Se estamos cansados, esgotados temos de saber transmitir essa informação ao nosso interlocutor. Temos de ser honestos connosco, mas também com o outro e isso muitas vezes não é fácil. Ao ser honestos, comunicamos os nossos limites e prevenimos mal-entendidos.
Terceiro, apresentar alternativas. Se realmente não conseguimos fazer alguma coisa, podemos apresentar uma alternativa. Se por exemplo te convidarem para uma festa, mas realmente não te apetece ir a uma festa oferece uma alternativa. Diz que preferes ir a um sítio mais tranquilo, por exemplo ir ao parque ou então fazer outra atividade. De este modo demonstras que te importas com a pessoas e além disso demonstras as tuas prioridades e necessidades.
Muito importante também para dizer “não” e aprender a comunicar os nossos limites é ser claro e específico, não andar com rodeios. Temos de saber explicar o que queremos fazer e não fazer e (muito IMPORTANTE!) o que se espera dos outros. Isto vai acabar por prevenir mal-entendidos e assim todos vão estar em sintonia.
Também temos de saber falar na primeira pessoa, utilizemos o “eu”. Deixar de dizer “Tu sempre me pedes que eu fique mais 2 horas no trabalho…” para “Eu estou a sentir-me sobrecarregado com todo este trabalho…” Desta maneira comunicamos as nossas necessidades e sentimentos, mas sem atacar, criticar ou menosprezar os outros e também nos colocamos em primeiro lugar, a importância recai sobre nós.
Muito importante e essencial é saber ouvir, ouvir o outro. A comunicação efetiva é uma via de dois sentidos, não existe o sentido único. É necessário comunicar efetivamente, mas também entender a perspetiva do outro e as suas necessidades. Isto ajudará a encontrar uma solução que irá ao encontro das necessidades de todos.
Por exemplo:
– Quando te pedem para fazer algo, mas não tens tempo:
“Agradeço a oportunidade, mas de momento estou entre projetos e trabalhos. Seria possível voltar a este tema noutra altura?”
– Quando te pedem para ir a esse evento social:
“Muito obrigado pelo convite, mas esta semana foi muito desgastante, não me sinto bem. Podemos já planear, mas para outra altura.”
– Quando te pedem um favor:
“Neste momento estou muito ocupada para conseguir resolver essa situação, mas se for possível, posso ajudar em algo mais simples.”
Lembra-te de que é importante cuidar de ti próprio e que, de vez em quando, isso significa poder ter de ser algo desagradável.
Em conclusão, dizer “não” é uma ferramenta essencial para estabelecer limites, quebrar o hábito de agradar às pessoas e dar prioridade às nossas próprias necessidades e à nossa vida.
Embora possa parecer desconfortável no início, é útil lembrar que dizer “não” não significa ser antipático ou egoísta. Ao estabelecer limites, podemos criar relações mais saudáveis e felizes e garantir que as nossas necessidades estão a ser satisfeitas.
Estabelecer limites tem vários benefícios, incluindo a prevenção do esgotamento e a manutenção de relações saudáveis. Ao comunicarmos claramente as nossas necessidades e expectativas, podemos construir relações mais fortes e gratificantes com os outros. Além disso, dar prioridade aos cuidados pessoais é um aspeto importante de dizer “não”.
Ao reservarmos tempo para nós próprios e cuidarmos das nossas necessidades, podemos reduzir os níveis de stress, melhorar a nossa saúde mental e física e aumentar a nossa felicidade geral.