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Igreja Santa Cruz do Castelo. Património religioso e cultural recupera memória e identidade

Estado com Arte Magazine

A Igreja Santa Cruz do Castelo, situada na zona do Castelo de São Jorge, local onde nasceu Lisboa, apresentou esta quinta-feira, a segunda fase do projeto de  projeto Quo Vadis – Turismo do Patriarcado de Lisboa, que consiste na revitalização e dinamização cultural do património religioso.

O programa apresentado pelo padre Edgar Clara, pároco responsável da Igreja, terá duração de dois anos, espera reunir cerca de duzentos mil euros para a preservação daquele património, cuja história remonta ao século XII.

“Este projeto destaca-se por ser um bom exemplo e tem a vontade clara de pôr em prática os principais desafios que se impõem ao turismo cultural e religioso”, sublinhou o coordenador do projeto Quo Vadis – Turismo do Patriarcado de Lisboa, José Manuel Pimenta, reforça que “o património religioso e cultural das igrejas do Patriarcado de Lisboa agrega a memória e identidade coletiva com séculos de consolidação”.

Restauros ao vivo que possibilitarão aos visitantes interagirem com os conservadores-restauradores de 11 telas que retratam os mártires da Cartuxa de Londres e, pelo que se conhece até ao momento, terão vindo da Cartuxa de Évora; o lançamento de uma cerveja artesanal de medronho e cardamomo, e ainda biscoitos de alfazema são outras propostas reveladas pelo pároco responsável.

A reconstrução da Igreja conta com o apoio do Turismo do Patriarcado de Lisboa e da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, onde está localizada a Igreja de Santa Cruz do Castelo. “Foi aqui que nasceu Lisboa”, declarou Miguel Coelho, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.

A reconstrução da Igreja envolve os moradores do bairro, organizações parceiras e turistas, o programa cultural contará, também, com uma exposição fotográfica sobre as Bem-aventuranças, “Amor Causa”, e visitas interpretativas no mês de julho e setembro, com o padre Edgar Clara, que darão acesso a alguns túneis que estão, neste momento, a ser estudados por uma equipa de arqueólogos da Era – Arqueologia.

A Associação Amigos dos Castelo juntar-se-á ao projeto para desenvolver atividades dirigidas a crianças e adultos. No próximo ano, em abril, será realizado um simpósio sobre o património cultural da Igreja do Castelo e o contexto histórico e arqueológico do próprio bairro do Castelo.

A obra é uma iniciativa do padre Edgar Clara e da Signinum, empresa de gestão de património cultural, responsável pelo projeto na altura – atualmente a gestão da atividade turística está ao cuidado da Wonderful Day, empresa do grupo DASigninum.

Para apoiar o projeto, a Igreja de Santa Cruz do Castelo disponibiliza o seguinte IBAN:PT50 0010 0000 6312 6210 0017 3

1a fase do Projeto teve início em 2018

A 7 de junho de 2018 abriram-se as portas do miradouro da Torre da Igreja do Castelo, que esteve encerrado e esquecido desde o século XVIII, tendo sofrido um processo de degradação acelerado, quer ao nível do seu edificado, bem como do seu recheio artístico.

A torre sineira da Igreja de Santa Cruz do Castelo, um dos pontos mais altos da Lisboa na zona de Alfama, foi reconstruída após o terramoto de 1755, com uma das melhores vistas sobre a cidade e o rio Tejo, onde se alcançam lugares míticos como São Vicente de Fora, Alfama, a Igreja da Graça e o seu terraço, a Senhora do Monte e a ponte Vasco da Gama. 

A Igreja Paroquial do Castelo, também conhecida por Igreja de Santa Cruz,  ocupa a implantação do templo primitivo construído no século XII, onde existiu uma antiga mesquita. Possui um considerável acervo religioso, artístico e cultural e é detentora dos registos paroquiais mais antigos da cidade, datando o primeiro assento de casamento de 26 de setembro de 1536.

Segundo a tradição, era uma mesquita moura que, após a conquista de Lisboa a 25 de outubro de 1147, teria sido purificada e sagrada pelo Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, e por mais quatro bispos sufragâneos. Esta sagração terá ocorrido a 1 de novembro desse mesmo ano, para nela entrar o cortejo real, liderado por D. Afonso Henriques, junto com uma relíquia da Santa Cruz, hoje exposta em permanência no interior da igreja.

É um templo de uma única nave, possuindo três capelas de cada lado e respetivas tribunas com estilos artísticos diferentes, nomeadamente barroco, pombalino e neoclássico.

Detém, também, uma torre sineira que assenta na torre da muralha da Alcáçova do Castelo de S. Jorge, hoje utilizada como atrativo turístico, através do projeto “Torre da Igreja”.

A Igreja Paroquial do Castelo está ligada ao culto de São Jorge – dedicando-lhe um retábulo -, o santo que venceu os inimigos da fé, padroeiro da conquista da cidade de Lisboa e, tudo indica, trazido pelos ingleses que ajudaram na batalha contra os mouros.

Embora não expostos ao público, a Igreja detém, ainda, nove quadros de autoria de Domingos António de Sequeira, pintor português da segunda metade do século XVIII, que retratam membros da Ordem dos Cartuxos em Martírio.

A entrada é feita pela antiga capela mortuária, onde se encontra a bilheteira e loja de recordações e doces conventuais. No último ano, a Torre da Igreja recebeu cerca de 62 mil visitantes e estima-se que, durante os últimos cinco anos, tenham subido ao miradouro da torre sineira mais de 200 mil pessoas. Já a Igreja de Santa Cruz do Castelo, que tem entrada gratuita na zona de oração, terá recebido perto de 400 mil pessoas.

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