Em 1967-68, nasceu nos EUA um movimento de contracultura que passou rapidamente à Europa. Lutavam pelos direitos das minorias, feminismo, amor livre, consumo de drogas, manifestações de estudantes em favor da paz no Vietname e revoltas estudantis.
A “crise” de Maio de 1968 começou por ser uma contestação estudantil francesa que teve réplicas noutros países desenvolvidos, desde os EUA ao Japão. Existia todo um mal-estar profundo no seio dos estudantes, iniciado já em Março com algumas agitações. O detonador da crise apareceu em Nanterre, nos arredores da capital francesa, tradicionalmente apelidada de feudo “esquerdista”, tendo a mesma encerrado a 2 de Maio.
Os estudantes ocuparam depois a Universidade da Sorbonne que foi palco de grandes agitações estudantis e encerrada pelas autoridades a 3 de Maio , sofrendo uma dura intervenção policial. Geraram-se tumultos e focos de tensão, com as primeiras barricadas nas ruas, nomeadamente no Quartier Latin (confrontos de que resultaram 805 feridos, entre os quais 345 polícias), entrando-se num ciclo de provocação e repressão.
A 9 de Maio, contra esta tendência, deu-se, no Boulevard St. Michel, uma manifestação pacífica, mas no dia seguinte regressou a violência, com a famosa “noite das barricadas”, carros em chamas e grande agitação na Sorbonne.
O conflito alargou-se ao sector social, com manifestações sindicais nesse mesmo dia, acompanhadas de greves que paralisaram mais de 10 milhões de trabalhadores em França.
Apesar do envolvimento da classe operária, o Partido Comunista Francês e a CGT (Confederação Geral do Trabalho) adoptaram uma posição mais prudente, classificando as revoltas estudantis e a greve geral como “aventureirismo” e concentrando-se apenas nas reivindicações profissionais e laborais, em contraponto às exigências de reformas estruturais dos estudantes que eram de cariz maoistas, anarquistas e trotskistas.
Mais do que iniciar algum tipo de tendência, o Maio de 68 pode ser visto como desdobramento de toda uma série de questões já propostas para revisão pela política, instigada por filósofos e escritores da época, como Jean-Paul Sartre, Michele Foucault e Simone de Beauvoir, que desencadearam a euforia juvenil universitária, maioritariamente burguesa e bem instalada na vida.
Como as ideias têm consequências, no ano seguinte surgiram as comunidades “hippies”, que cantavam o amor livre, a harmonia universal e a paz, um protesto maciço destas gerações mais jovens contra o materialismo da sociedade americana, a guerra, o racismo, as normas, os valores, a família e as religiões monoteístas, nomeadamente o Cristianismo.
Com grande cobertura televisiva, de forma sub-reptícia estas influências foram impregnando toda a sociedade através do cinema, da música, da arte, da literatura, da moda, etc.
Os seus grandes difusores foram os meios de comunicação, a publicidade e consequentes estratégias comercias que, sabiamente, se aproveitaram destas novidades.
Volvidos cinquenta e seis anos será interessante reflectirmos nas mudanças a que fomos assistindo na nossa sociedade, na nossa família e no mundo em geral.


