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De geração em geração, o Dia dos Irmãos

Ana Proserpio é doutorada em História, Coordenadora das Actividades Culturais da Sociedade Histórica da Independência de Portugal

A 31 de Maio, celebrámos o Dia dos Irmãos; a 1 de Junho, festejamos o Dia da Criança. Grandes Dias! Dias irmãos.

Ontem, dia 31 de Maio, foi a data de celebrar o Dia dos Irmãos. É um grande Dia, que evoca um laço familiar que a todos nos diz muito, seja porque temos irmãos, seja porque os nossos pais tiveram irmãos, ou ainda, porque temos filhos. É uma data que liga especialmente bem com a de hoje, 1 de Junho, o Dia da Criança.

A relação de irmão é um parentesco que nos liga, um vínculo que nos dá o sentimento de pertença, de união e de força.

O “Vocabulario portuguez e latino”, do Padre Raphael Bluteau, escrito no século XVIII, elenca vários adágios portugueses sobre os irmãos, onde podemos ver essa cumplicidade:

  • “Quem não tem irmão, não tem pé, nem mão.”

  • “Três irmãos, três fortalezas.”

  • “Entre pai e irmãos, não metas as mãos.”

Tenho uma irmã dois anos mais velha, a Clara. E, quando recordo a minha infância, lembro-me sempre de como ela me protegia na escola e, mais tarde, na adolescência, nas minhas primeiras saídas noturnas, como zelava para que eu chegasse sã e salva a casa.

Entretanto, casámos; e cada uma seguiu a sua vida. Ela optou pelo campo, eu pela cidade; ela por uma vida familiar mais intensa, eu pelo trabalho. E o tempo foi passando, com as nossas vidas preenchidas e com menos momentos de partilha. Víamo-nos nas festas familiares e pouco mais.

Mas, mais tarde, quando os nossos pais precisaram dos nossos cuidados, pela sua idade avançada, de novo, como se não tivesse ocorrido nenhum hiato, fizemos parelha e ainda hoje tratamos deles, dividindo tarefas e horários, em perfeita sintonia, nesta nova fase das suas vidas.

Ter irmãos é isso mesmo, zelar pelos nossos, e partilhar o bom e o mau.

Foi por essa mesma razão que, quando tive a minha primeira filha, a Joana, não descansei enquanto não lhe arranjei um irmão. Que veio dez anos depois, a quem chamámos João. E, apesar da grande diferença de idades, é com muito orgulho que vejo neles a mesma cumplicidade e amizade que tive e tenho com a minha irmã Clara.

Termino, como comecei, ligando estes dois dias: a 31 de Maio, celebrámos o Dia dos Irmãos; a 1 de Junho, festejamos o Dia da Criança. Grandes Dias! Dias irmãos.

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