Rui Gonçalvez

INVENTAR O MEDO PARA CONTROLAR AS POPULAÇÕES

Rui Gonçalves, Arquitecto

Portugal reduziu o orçamento da Defesa, entre 2015 e 2024, em três mil milhões de euros, que se não o tivesse feito estaríamos hoje muito próximos dos 2% do PIB que agora a NATO quer exigir aos estados-membros, porque o colinho dos americanos a que estávamos habituados desde que a organização militar existe, parece estar a chegar ao fim, porque o tal Trump mudou tudo e não está disposto a manter disponível a teta que permitia a Europa ter a sua “defesa” suportada pelos Estados Unidos.

A União Europeia de braço dado com a NATO, pressiona os países para que se esforcem por atingir nos respetivos orçamentos esses tais 2% do PIB para investir na “defesa”. É ver António Costa, agora travestido de dirigente europeu, a fazer exatamente o contrário do que fez enquanto primeiro-ministro durante os tais nove anos em Portugal, em que à boa maneira socialista desmantelou as Forças Armadas portuguesas.

Sabemos todos que o descaramento e a pouca-vergonha são características que sempre lhe sobraram, mas de um dia para o outro entre Portugal e Bruxelas, fazer de conta que não odiava as questões militares, para de repente passar a ser o maior defensor delas, é uma pirueta ridícula, mas é a coerência que sempre teve.

E podia até dizer-se que as circunstâncias mudaram, mas quais circunstâncias é que mudaram? O papão inventado pela Europa é Putin, mas ninguém viu ou ouviu o presidente russo ameaçar, ou de alguma forma manifestar intenção de querer invadir ou agregar a Europa.

Na verdade, nunca essa questão foi colocada fosse de forma direta ou indireta, o que se passa é que perante o falhanço evidente que é a União Europeia em todas as perspetivas, precisamente por falta de estadistas com dimensão política, intelectual ou carisma para a impulsionar e perante os galopantes avanços da “direita” por todo o território europeu, foi necessário encontrar uma forma de amedrontar as populações e uma vez amedrontadas são mais fáceis de dominar, oprimir e controlar ideologicamente.

Para uma Europa que passou as últimas décadas a perder tempo a discutir e a preocupar-se com inúteis agendas “wokistas” que a todos nos deviam envergonhar, cheira demasiado a esturro esta repentina febre em prol das questões da Defesa, que obviamente devem ser acautelas e estruturadas, mas de forma faseada e organizada, porque os périplos constantes dessa dupla de inúteis, Costa e Von Der Leyen, a impingir-nos com base no vazio, investimentos megalómanos de oitocentos mil milhões de euros em indústria de armamento, como via para reindustrializar a Europa, dizem eles, não é só estúpido como é insuportável e insustentável, vamos fabricar armamento em barda para vender a quem, ou para alimentar quais guerras?

A dupla mais antidemocrática e menos legitimada do planeta, porque não foram eleitos por ninguém e são meros produtos de arranjinhos de vão de escada, para fazerem a montagem deste circo em que a Europa está transformada, tem que ser desmascarada, porque se querem alimentar do medo a incutir aos europeus. A única invasão de que a Europa é grande vítima, foi permitida por estes dois e muitos mais durante anos, chama-se “islamismo”, que todos os dias se manifesta nas nossas ruas para mal dos nossos pecados, mas sobre isso eles não só se calam, como são criminosamente promotores.

Quero com isto dizer que Putin é um anjinho com asas, ou que alguma coisa justifica a invasão e destruição de um povo e de um país soberano, como é o caso da Ucrânia? Obviamente não. Mas não nos fica mal de vez em quando fazermos o exercício de nos colocarmos no lugar do outro.

A NATO, uma organização militar de países europeus, Estados Unidos e Canadá, foi criada para fazer face aos avanços imperialistas do comunismo, que é sempre bom lembrar matou 100 milhões de pessoas, a partir da União Soviética, que por sua vez juntou mais sete países e formou outra organização militar, o chamado Pacto de Varsóvia.

Ambos, serviam de equilíbrio e contra ponto entre os dois blocos e lá foram vivendo e garantindo os objetivos para que foram criados, até que já em 1989 o comunismo caiu de podre e com ele desintegrou-se a União Soviética e desapareceu o tal Pacto de Varsóvia, do qual muitos dos países que o formavam entretanto entraram na União Europeia e alguns aderiram mesmo à NATO e a questão que se pode colocar é simples mas não se questiona: mas então se o Pacto de Varsóvia caiu e desapareceu, a NATO manteve-se e mantém-se porquê e com que finalidade?

Desconfiado e avisado, Putin tinha a Bielorrússia e a Ucrânia como barreira entre o seu território e os territórios controlados pela Nato, Ucrânia que vem pedir a adesão à União Europeia e à NATO e foi aí que o caldo entornou, porque passaria a ser possível uma organização militar colocar bases suas ali junto à fronteira russa e esses são os argumentos que Putin utiliza para justificar a invasão e a destruição da Ucrânia.

A questão a colocar carece de explicação aceitável, para quem como a Rússia tem o direito a desconfiar, se o Pacto de Varsóvia deixou de existir e era a razão da existência da NATO, o que é que justifica a sua manutenção?

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