Se é inequívoco que Israel tem o direito de continuar as operações militares até à libertação de todos os reféns, a forma como as mesmas têm sido conduzidas é deplorável, assim como o aproveitamento da situação, não só para assegurar a sobrevivência do actual governo israelita, mas também para promover os seus planos de apropriação de mais território palestiniano. E até custa a crer que os serviços de informação militar de Israel, cuja eficiência é notória, ainda não tenham ainda conseguido localizar os reféns em falta.
O conflito em Gaza e arredores tem ultrapassado todos os limites no que se refere ao grau de violência, crueldade, número de mortes civis, e fome, entre outras calamidades.
É particularmente doloroso ver que estes cataclismos se abatem sobre uma população muito jovem, e praticamente indefesa.
Pessoalmente, sempre fui mais pro-israelita do que pro-palestiniano, desde logo porque Israel é uma democracia de tipo ocidental, e a palestina um território governado por grupos extremistas manipulados pelo Irão, com tudo o que esta diferença importa, como os níveis das liberdades políticas e religiosas, e os direitos das mulheres, entre outros.
Mas ainda que Israel tenha razão em afirmar que o Hamas se apropria da ajuda humanitária e usa a população como escudos humanos, disfarçando os seus activos militares em hospitais, campos de refugiados, instalações da ONU, e ambulâncias, é impossível continuar a ignorar o desmesurado grau de violência empregue por Israel, e de desconsideração pelo enorme sofrimento imposto à população civil de Gaza desde o início do conflito.
Se é inequívoco que Israel tem o direito de continuar as operações militares até à libertação de todos os reféns, a forma como as mesmas têm sido conduzidas é deplorável, assim como o aproveitamento da situação, não só para assegurar a sobrevivência do actual governo israelita, mas também para promover os seus planos de apropriação de mais território palestiniano. E até custa a crer que os serviços de informação militar de Israel, cuja eficiência é notória, ainda não tenham ainda conseguido localizar os reféns em falta.
Por outro lado, não só o desprezo pelos danos colaterais, como os recentes episódios de disparos contra civis palestinianos junto dos pontos de entrega de ajuda humanitária, parecem dar razão às acusações de genocídio, relativamente às quais até aqui tenho sido céptico.
Ao contrário da palestina, Israel é uma democracia em que quer o sistema político, quer o sistema judicial funcionam, ao abrigo da separação de poderes. Provas disso são a oposição política que o governo enfrenta, e também os processos criminais que ameaçam o primeiro-ministro.
No entanto, o actual governo israelita é extremista e militarista, e não se sentirá inclinado para procurar a paz, enquanto Israel estiver numa posição de vantagem no plano militar, e gozar do apoio praticamente incondicional dos Estados Unidos. A situação em Gaza deverá, por isso manter-se inalterada até à queda do governo israelita, ou da administração Trump.
A União Europeia não tem condições de pressionar Trump, mas tem condições de pressionar Israel no plano económico e diplomático, nomeadamente com sanções, o que deverá fazer, exigindo a Israel o cumprimento das leis da guerra, e o fim da sua expansão territorial em detrimento dos palestinianos.