Cessar-Fogo. Hamas aceita “primeira fase” do acordo de paz de Trump

Marta Roque c/ agências

Trump anunciou na quarta-feira à noite, ontem, que Israel e o movimento islamita Hamas aceitaram a “primeira fase” do seu plano de paz, que prevê a retirada parcial das tropas israelitas da Faixa de Gaza e a libertação de 20 reféns ainda vivos em troca de prisioneiros palestinianos.

A previsão é de que os reféns sejam libertados no domingo segundo fontes oficiais, após a aprovação do acordo pelo Governo israelita, e começo da retirada militar que cobrirá cerca de 70% do território de Gaza.

O acordo mediado pelos Estados Unidos, Qatar, Egito e Turquia marca a tentativa mais significativa de pôr fim à guerra desde o início do conflito, em outubro de 2023. ( em actualização)

O Hamas confirmou o acordo, garantindo que “assegura o fim da guerra, a retirada do exército israelita e a entrada de ajuda humanitária”, e apelou para que Israel cumpra os compromissos “sem atrasos ou alterações”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, classificou o acordo como uma “realização histórica” e agradeceu a Trump pela “liderança determinada e pelos esforços globais”, afirmando: “Com a ajuda de Deus, traremos todos para casa”.

“Todos os reféns serão libertados muito em breve e Israel retirará as suas tropas para uma linha acordada como primeiros passos para uma paz forte, duradoura e eterna”, escreveu Trump na rede Truth Social.

Em Telavive, famílias dos reféns reuniram-se em euforia na praça dos Reféns, entre lágrimas e cânticos de “Nobel para Trump”. “Quero cheirar o meu filho”, disse, emocionada, Einav Zangauker, mãe de um dos reféns.

Em Gaza, onde o cessar-fogo foi recebido com uma mistura de alívio e desconfiança, deslocados e habitantes manifestaram a esperança de poder regressar às suas casas.

“Queremos voltar, mesmo que não haja mais casas”, afirmou Alaa Abd Rabbo, deslocado do norte da Faixa.

A notícia foi recebida com entusiasmo por líderes de vários países a nível mundial. O Presidente da Argentina, Javier Milei, considerou o entendimento “histórico” e anunciou que vai propor Trump para o Prémio Nobel da Paz, afirmando que “qualquer outro dirigente com semelhantes conquistas já o teria recebido há muito tempo”.

O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, felicitou Trump pelo “liderança essencial” e expressou alívio pela iminente libertação dos reféns. “A paz finalmente parece possível. Instamos todas as partes a aplicarem rapidamente os termos do acordo”, afirmou.

Também o Japão saudou o entendimento, que o porta-voz governamental Yoshimasa Hayashi classificou como “um passo importante para acalmar a situação”, agradecendo aos Estados Unidos, ao Egito e ao Qatar pelos esforços de mediação.

De Camberra, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, destacaram tratar-se de “um passo muito necessário para a paz” e defenderam uma solução de dois Estados, sublinhando que o plano exclui o Hamas de qualquer papel na administração futura de Gaza.

O ex-presidente colombiano Iván Duque elogiou o acordo como “um caminho para a estabilidade numa região que tem sofrido a crueldade da guerra e do terrorismo”, e a Confederação de Comunidades Judaicas da Colômbia, assim como a organização B`nai B`rith do Uruguai, saudaram o entendimento como um “passo essencial para a convivência e para uma paz justa e duradoura”.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu o acordo como “um avanço desesperadamente necessário” e apelou para a sua plena implementação, sublinhando que “é uma oportunidade para reconhecer o direito à autodeterminação do povo palestiniano e avançar para uma solução de dois Estados”.

“Isto é mais do que Gaza, é o início da paz no Médio Oriente”, afirmou Trump numa entrevista à Fox News, assegurando que os Estados Unidos e países vizinhos vão apoiar a reconstrução do enclave. E acrescentou: “Outros países da região ajudarão porque têm imensa riqueza. Nós estaremos envolvidos para garantir que Gaza seja bem-sucedida e pacífica.”

Com a aprovação do acordo pelo governo isrealita, começam duas contagens:
– 24 horas para a retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) para a Linha Amarela e correções (53% da Faixa de Gaza)
– 72 horas durante as quais os reféns serão libertados. De ressaltar que os reféns devem ser libertados dentro de 72 horas e não ao final do prazo.

Visita de Trump a Israel no domingo e discurso no Knesset e a chegada de Witkoff e Kushner a Israel amanhã ou hoje à noite, segundo o Ynet.

O correspondente do canal saudita Al-Arabiya em Sharm El-Sheikh adianta que  o Hamas começou a reunir os reféns israelenses em locais seguros em preparação para sua entrega.

Esta é a lista dos 20 reféns israelitas vivos que serão libertados de Gaza:

1. Elkana Bohbot
2. Bar Kuperstein
3. Maxim Harkin
4. Segev Kalfon
5. Ziv Berman
6. Gali Berman
7. Eitan Horn
8. Ariel Konyo
9. David Konyo
10. Eitan Mor
11. Matan Angrist
12. Nimrod Cohen
13. Avintan Or
14. Alon Ahel
15. Yosef Haim Ohana
16. Matan Tsangoker
17. Evitar David
18. Guy Gilboa-Dalal
19. Omri Miran
20. Rom Breslavski

O Hospital Sheba, no centro de Israel, já foi preparado para receber os reféns libertados de Gaza para atendimento médico imediato.

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