No actual contexto internacional, passa, no imediato, pela disponibilidade dos povos europeus para suportarem os sacrifícios económicos resultantes das sanções à Rússia e a outros estados que apoiem o seu esforço de guerra, que poderão aumentar preços por nos privarem de importações baratas.
Viva-se, antigamente, numa sociedade do dever. Éramos ensinados que primeiro vinham os deveres, e só depois e enquanto estes estiverem cumpridos, poderíamos pensar noutras vertentes da vida.
Que podia ser opressora, e que em algumas épocas históricas o foi efectiva e objectivamente.
A evolução humana faz-se de modo dialético: tese, antítese, síntese, e assim transitámos para uma sociedade dos direitos.
Se há uma ou duas gerações atrás a presença e o peso dos deveres era ainda muito presente no nosso pensar e no nosso sentir, hoje em dia só pensamos e sentimos os nossos direitos. Basta analisar os conteúdos escritos na imprensa e nas redes sociais, e contar o número de vezes que direitos e deveres são referidos.
A desproporção, a favor dos direitos, é manifesta, e isso é um sintoma demonstrativo do grau de importância que damos a uns e a outros.
Civilizacionalmente, isto não é inócuo. Basta pensar na falta de dedicação profissional de muitos dos nossos jovens, ou na falta de sentido patriótico que muitas vezes assola tanto jovens como adultos.
Direitos e deveres devem coexistir em razoável equilíbrio, ou seja, em síntese, sem que uns se sobreponham aos outros. E se concordo que, na medida do possível, os direitos devem ter prevalência, os deveres não devem, nem podem, ser obliterados.
Ideias e sentimentos como «não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer pelo teu país» (JFK) estão fora de moda, mas não são menos necessários hoje do que o foram ontem.
Pelo contrário, em tempos de incerteza e perigo internacionais, os sentimentos patrióticos e a mobilização dos cidadãos para a defesa do Estado são de primordial importância.
Esta mobilização pode chegar ao plano militar, mas começa muito antes disso.
No actual contexto internacional, passa, no imediato, pela disponibilidade dos povos europeus para suportarem os sacrifícios económicos resultantes das sanções à Rússia e a outros estados que apoiem o seu esforço de guerra, que poderão aumentar preços por nos privarem de importações baratas.
Isto sem prejuízo, naturalmente, das medidas que o Estado e a União Europeia podem e devem tomar para mitigar estes efeitos.


