A Hidra de Lerna, na mitologia grega, era um monstro, filho de Tifão e Equidna, que vivia num pântano junto ao lago de Lerna, na Argólida, hoje o que equivaleria à costa leste da região do Peloponeso, (Grécia).
A Hidra tinha corpo de dragão e várias cabeças de serpente. Segundo a lenda, as cabeças da Hidra podiam-se regenerar; algumas versões dizem que, quando se cortava uma cabeça, cresciam duas em seu lugar.
A Hidra era tão venenosa que matava os homens apenas com o seu hálito e logo os comia; se alguém chegasse perto dela enquanto estava a dormir, apenas o seu cheiro era o suficiente para a pessoa logo morresse.
A Hidra foi derrotada por Héracles (Hércules, na mitologia romana), no seu segundo trabalho. Inicialmente Héracles tentou esmagar as cabeças, mas a cada uma que cortava surgiam duas no seu lugar. Decidiu então mudar de tática e, para que as cabeças não se regenerassem, pediu ao sobrinho Iolau que as queimasse com um tição logo após o corte, cicatrizando desta forma a ferida.
Sobrou então apenas a cabeça do meio, considerada imortal. Héracles cortou e enterrou a última cabeça com uma enorme pedra. Assim, o monstro foi morto.
Neste livro recentemente lançado, a “hercúlea” Ana Campagnolo, deputada estadual do Parlamento de Santa Catarina, Brasil, explica-nos como encontrou na Hidra de Lerna o símbolo perfeito do movimento feminista: variados eixos de actuação que, mesmo combatidos, se reconfiguram.
«Imagine a hidra mitológica, o monstro que enfrentou Hércules. Ela tem várias cabeças, assim como o feminismo tem vários eixos em torno dos quais ele se articula para impor a sua hegemonia. Pois bem: a primeira cabeça da hidra feminista é a universidade».
No meio universitário, defende a autora, constroem-se e aplicam-se toda a doutrinação necessária para as conquistas feministas, numa esmerada militância entre a classe docente, a discente e toda a burocracia que a envolve.
«A segunda cabeça da hidra: ONGs e fundações internacionais”.
Estrategicamente «Os militantes não estão apenas no aparato estatal ou nas ONGs, eles também ocupam os organismos internacionais como a ONU, FMI, BM, OMS, OIT, UNESCO; UNICEF, OEA, BID, OMC, UNIDO, CEPAL; EU, UNASUL e tantos outros. Aliás, as ONGs mais importantes são justamente aquelas que buscam influenciar esses organismos, pois o poder desses órgãos é assustador e não muito democrático».
A legitimidade de todos estes órgãos, refere a autora, não são postas em causa, porque são apresentados ao cidadão-comum como especialistas ou pessoas iluminadas cujo fim é melhorar o mundo e fazer dele um lugar melhor. No seu modus operandi não acata opiniões ou outras interferências, mas impõem as suas ideologias para mudar a mente das pessoas sob a bandeira do consenso.
«A terceira cabeça da hidra são os Mídia feministas: discurso único permitido.
A mídia tem, portanto, duas atribuições na hidra feminista: difundir a agenda progressista como se fosse a única opção aceitável e difamar qualquer posição divergente. Assim, a mídia forma e conforma nossas opiniões à ideologia feminista. Tudo o que não for feminismo será tratado como machismo, como ilegítimo, como desrespeitoso, antidemocrático e violento contra a mulher. A mídia vai triturar e difamar quem tentar levantar a cabeça acima da massa submissa ao discurso vitimista».
O chamado “quarto poder”, trata-se de uma expressão utilizada para declarar que o jornalismo e os meios de comunicação de massa podem exercer determinada influência sobre a sociedade. O termo é assim chamado porque tem como referência os Três Poderes do Estado Democrático que regem a sociedade (Legislativo, Executivo e Judiciário).
Com recurso a GRAMSCI, Ana Campanolo não perde a oportunidade de nos recordar como foi necessário criar uma cultura revolucionária intelectual para poder controlar e impor as novas leis morais. Também “Tocqueville já alertava sobre a possibilidade de conduzir a vida da massa, a política em si, por meio de uma consciente manipulação cultural. Não é exagero dizer que o jornalismo, então, deixou de ser uma profissão como qualquer outra e se tornou essa ferramenta revolucionária em essência”
A quarta cabeça da hidra vem referida neste livro como sendo as “parlamentares feministas”. O que naturalmente, seguindo a linha da autora, faz todo o sentido e é também um motivo forte para podermos compreender como “esta máquina ideológica está tão elaborada e como de forma sub-reptícia se foi apoderando de toda uma sociedade ocidental que há muito se estava a desligar das suas raízes, das suas tradições, dos valores que a fundaram e ajudaram a crescer, fazendo da Europa um continente culto, crente, ciente de que a Ciência, a Razão e a Fé são categorias inseparáveis no crescimento do Ser Humano, tal como na evolução do seu saber numa verticalidade transcendente, pois a radicalidade das suas origens o impelem a ultrapassar o mediano, o banal, o aparente superficial da banalidade ideológica.
A HIDRA FEMINISTA – ESTRATÉGIA DE DOMÍNIO POLÍTICO E CULTURAL, da autoria de Ana Caroline Campagnolo, com posfácio da deputada portuguesa Rita Matias, convida-nos a compreender melhor o estado em que se encontra a educação e a sociedade em todas as vertentes das quais nos vamos apercebendo, desconhecendo, todavia, as suas causas.
Resistir ao avanço de uma ideologia que ameaça os valores essenciais da sociedade e a ordem natural da humanidade como um todo e de que já bem conhecemos muitas das suas consequências é, sem dúvida, uma tarefa hercúlea, mas importa que cada um de nós se “proponha actuar dentro do metro quadrado que o circunda e, todos juntos, faremos um mundo maior e melhor. Não é só o sonho que comanda a vida, mas as boas ideias, os grandes ideais e a certeza de que não estamos sós.


