A entrada em vigor da nova taxa de IVA de 23% em equipamentos energéticos — que substituiu a taxa reduzida de 6% — provocou uma corrida a aparelhos de Ar Condicionado na última semana de junho.
A partir de 1 de julho, a taxa de IVA em equipamentos energéticos e de aproveitamento de energias renováveis passa de 6% para 23%.
O aumento da tributação é vista com maus olhos pela Associação Portuguesa da Indústria de Refrigeração e Ar Condicionado (APIRAC), que espera que o PRR tenha medidas de apoio.
“As pessoas que não tem capacidade de absorver o impacto do IVA, obviamente que vão ter aqui um desincentivo para a adoção destas soluções”, sublinhou Nuno Roque, diretor da APIRAC, em declarações à TSF.
Em comparação com a semana anterior (19 a 25 de junho), a procura por modelos portáteis de ar condicionado registou um crescimento de 407%, enquanto a procura por modelos fixos subiu 298%. Globalmente, os equipamentos de climatização, onde se incluem também ventoinhas, registaram um crescimento de 227% nesse período, segundo dados do site KuantoKusta revelam um aumento intenso na procura por equipamentos de climatização, com um pico expressivo entre 26 de junho e 3 de julho, nos dias que antecederam a alteração fiscal.
Mesmo em relação ao período homólogo de 2024, o aumento da procura foi notório: a procura por ares condicionados portáteis cresceu 440% e os fixos 286%.
“Assistimos a uma aceleração muito significativa da procura na semana que antecedeu a subida do IVA destes artigos. O calor que se fez sentir durante o mês de junho também contribuiu para que os consumidores não hesitassem e antecipassem a compra de equipamentos”, explica Liliana Azevedo, diretora de marketing do KuantoKusta.
Apesar da alteração fiscal ter entrado em vigor a 1 de julho, o comparador de preços e marketplace indica que a procura por soluções de climatização se manteve elevada: comparando a atividade na plataforma de 1 a 8 de julho com os 7 dias anteriores (24 a 30 de junho), o KuantoKusta registou um aumento de 57,06% nas visitas à categoria de climatização.
“Mesmo com os preços a subirem, a procura continuou forte nos primeiros dias de julho. O destaque volta a ir para os modelos portáteis, que registaram um aumento da procura de 68%. É um reflexo da onda de calor”, acrescenta Liliana Azevedo.
Como esperado, o novo enquadramento fiscal teve impacto nos preços médios dos equipamentos, em particular nos modelos fixos. Segundo a análise ao top 10 de produtos mais populares, os preços médios passaram de 369,06 euros para 416,80 euros entre as semanas de 24–30 de junho e 1–8 de julho — uma diferença de 47,74 euros. Apenas dois dos dez modelos registaram uma ligeira descida de preço.
Nos modelos portáteis, o aumento foi mais contido: uma média de 12,36 euros no mesmo período. Neste segmento, só um produto do top 10 viu o seu preço médio baixar após a subida do IVA.
“A conjugação entre a carga fiscal mais elevada e o aumento da procura numa altura crítica do verão, com vagas de calor muito intenso, deverá continuar a pressionar os preços. Além disso, muitos consumidores anteciparam as suas compras, o que poderá ter implicações nas vendas nas próximas semanas”, explica a responsável do KuantoKusta.
Para já, a única certeza é que a climatização se tornou um bem ainda mais valioso — e mais caro — num verão em que o calor aperta e o orçamento familiar já sente o peso da inflação.


