Tapeçaria. “Arraiolos et al” a nova série de trabalhos de Teresa Canto Noronha no Centro de Arte Moderna Gulbenkian

Marta Roque

A Artista plástica Teresa Canto Noronha apresenta uma reinterpretação do bordado de Arraiolos, e de outros pontos tradicionais, com desenhos originais da artista. Algumas obras desta série de tapeçarias podem ser vistas, nas próximas semanas, na loja do CAM, Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Teresa Canto Noronha, artista plástica e jornalista da SIC Notícias, explora trabalhos artísticos em têxtil, uma coleção de peças que “nasce da consciência de que a arte têxtil, alicerçada em técnicas antigas, com materiais naturais, é uma forma de expressão sustentável, e única,” diz ao Estado com Arte Magazine.

A artista plástica desenha enquanto vai bordando, “sem se deixar condicionar por um projeto rígido, pré-estabelecido”, explica a execução da sua arte plástica.
Os desenhos “lembram fragmentos, aumentados centenas de vezes, da geometria”, uma constante na obra da artista.

Aqui, “a lã é o lápis e as tintas, com que preenche os espaços nas telas de juta”. Arraiolos et al” não pretende substituir as tapeçarias tradicionais portuguesas, mas sim, encontrar uma nova linguagem estética, que possa ajudar a perpetuar um dos mais importantes patrimónios culturais nacionais.

O trabalho tem por base um estudo de desenhos de arquitetura sobre os anos 40, 50 e 60 do século XX, anos que considera “muito interessantes do ponto de vista arquitectónico, de design, e das artes”. Um trabalho em que está a recuperar técnicas antigas do bordado português, para tapeçaria de bordado.

Seguindo a inspiração do Orphismo, a palavra, inspirada em Orfeu, deus da mitologia grega, foi utilizada por Apollinaire, em 1912, para denominar as obras dos pintores Robert e Sonia Delaunay, em que ressaltava o papel dinâmico das cores, que ele chamava de “o primado da cor na construção pictórica”. Seria uma tentativa de fusão do Cubismo, na estrutura, e com o Fovismo, na cor. Também chamado de Cubismo Órfico. Onde o pintor joga com as cores como o músico com as notas. Para compor uma Fuga o músico emprega notas diversas, coloridas em razão dos seus tons; o pintor joga com as cores, da mesma maneira, para obter o ritmo de Fuga.

As obras de Teresa Canto Noronha na loja do Centro de Arte Moderna na Gulbenkian

A reinterpretação que Teresa Canto Noronha faz não se rege, tão pouco, pelas regras do preceito associadas à técnica de Arraiolos. “É, sim, uma manifestação da liberdade com que a artista se apropria de uma forma de expressão que milhares de mulheres, antes dela, foram passando às gerações mais novas.”

Teresa Canto Noronha nasceu em Ponta Delgada, nos Açores, em 1967. É jornalista desde 1989, viveu em Bruxelas e em Roma. Começou a expôr em 2012 e, desde então, já participou em diversas mostras individuais e coletivas, com trabalhos que vão da escultura, ao desenho e à instalação.

Algumas obras desta série de tapeçarias da artista podem ser vistas, nas próximas semanas, na loja do CAM, Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian.

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