O Diretor do Centro Cultural das Caldas da Rainha há 6 meses, Mário Branquinho, prepara a candidatura ao financiamento de 200 mil euros da Direção Geral das Artes para a programação de 2024. Considera que a sua direção “é um virar de página na história do CCC”, reconhece o imenso potencial cultural das Caldas da Rainha, que integra a rede de cidades criativas da Unesco.
Ao blog Estado com Arte diz que é preciso “dar mais escala e visibilidade” à cidade criativa, está a preparar a candidatura do CCC à DGartes, apoio de financiamento máximo de 200 mil euros, que implicará outros 200 mil da estrutura do CCC, um montante anual de 400 mil euros anual para a programação. A DGArtes apoia em 50% os custos de programação, os outros 50% vêm da estrutura do CCC e do município.
A DGArtes anuncia apoio para 92 candidaturas, mais 10 do que em 2022. Distribuídas pelas regiões do Norte (25), Centro (26), Área Metropolitana de Lisboa (19), Alentejo (10), Algarve (6), RA Açores (4) e RA Madeira (2). Há 2 anos dos 85 teatros e centros culturais integrados na DGartes só 34 viram as candidaturas aprovadas, o CCC foi um dos centros culturais que não teve aprovação à candidatura.
“São verbas municipais em todo o país, a grande maioria dos teatros são estruturas dos municípios, mas aqui é de uma associação, a CulturCaldas, tem o apoio do município no apoio à programação e no apoio à manutenção desta estrutura, para além de receitas próprias de aluguer de espaços no sentido da auto-sustentabilidade do CCC,” garante o gestor do CCC.
“A cultura e a educação são áreas que precisam sempre de apoios públicos para se manterem. Trata-se de uma programação que se vai centrar no apoio à criação.”
O gestor cultural defende que a estrutura do CCC deve estar alinhada e articulada em conjunto com os atores culturais da cidade.
Tem como lema “procurar fazer diferente”, faz falta ir de encontro à comunidade e aos agentes sociais da cidade.
Acredita que só é possível se todos participarem nessa estratégia”: o município, as instituições, os agentes culturais. “Só assim se consegue dar escala, visibilidade, e estrutura à cidade, à região, e ao país”.
Centro Cultural das Caldas da Rainha
A estratégia no programa deste ano tem vários projetos culturais locais integrados, como o Teatro da Rainha, a ESAD, projetos com as bandas filarmónicas uns já feitos e outros a acontecer. Tem como objectivo pontes com outros projetos com o Grémio caldense, com as residências artísticas, com o impulso que vai trazer artistas às caldas, artistas emergentes, e que é muito importante. “Dá-nos respaldo para candidatura de 2024 de uma programação de qualidade e diversificada, do ponto de vista das áreas artísticas a abranger do teatro à música, à dança, às performances, às artes plásticas, mas também a importância que queremos dar a criação, à produção artística.”
Existem vários projetos em comum com a ESAD e quer implementar ainda mais: a criação de um comité para exposições da galeria nova do CCC. ‘Desafiei a Escola a indicar um professor interlocutor, a Catarina Câmara Pereira, o Diretor do Centro de Artes, e eu para um comité fazer a curadoria da exposição”, revela Mário Branquinho.
Dá conta de outra parceria com o cineclube da ESAD: o CCC ajuda a promover as sessões de cinema da ESAD e o cineclube ajuda a promover as sessões de cinema do CCC.
“Também a área do teatro tem aqui sempre palco para apresentação de exercícios finais da ESAD e do curso de teatro, assim como exposições”. No café-concerto, como acontece com o Tomás Tomás, aluno da ESAD e outros alunos, damos espaço a exposições para dar visibilidade à obra dos alunos. Começando num espaço menor para depois poderem afirmar-se em espaços com outra dimensão.
Estão a ser delineadas outras parcerias com a ESAD “para dar visibilidade no sentido de integrar a candidatura que estamos a fazer junto da Direção das Artes.”

“O Serviço Educativo – um desafio abracei com muita força, – está a ser reforçado para a mediação de públicos”. Estão a ser planeadas parcerias com várias escolas com plano nacional de cinema, plano nacional de cinema, plano nacional das artes, parcerias informais, mas que têm ação prática. O Serviço Educativo faz um conjunto de oficinas ao longo do ano com crianças, mas procura estabelecer pontes com a comunidade e várias instituições, porque “entendemos que o serviço educativo é um instrumento importante na mediação de públicos e na formação dos públicos. Queremos apostar cada vez mais. Se temos um espetáculo a noite, há uma oficina de manhã”.
O CCC vai ao espaço publico, começou este ano em janeiro com o CCC Fora de Portas. “Levar daqui para outros lugares de encontro aos públicos da cidade”, assegura o gestor cultural. Concertos de música no museu José Malhoa, recitais no Centro de Artes, alguns concertos de solistas da metropolitana de lisboa, SIPO, festival de piano do Oeste, são alguns eventos de música da programação de 2023.
“Este ano vamos fazer o CCC Fora de Portas no Parque D. Carlos I e nas ruas da cidade com artistas num espírito do Caldas Anima, a ter lugar em julho e primeiros dias de agosto. “
O Caldas Anima, projeto que já acontecia, mas que agora, tem nova roupagem, com o CCC Fora de Portas/ Verão.
Destaca o concerto do Rogério Charraz no coreto do parque D. Carlos I, Álvaro Cortez (percussão) e todo um conjunto de animação dixie bands que vão percorrer as ruas da cidade para dar animação, “para se perceber que há uma presença do CCC junto do público: esse é o propósito da nova direção de programas. Essa mobilização, desafio ao compromisso que lançamos às pessoas que todos assumam o compromisso enquanto espectadores, enquanto amigos do CCC, enquanto entusiastas desta causa pela cultura, por isso oferecemos uma programação de qualidade e diversidade, para ir de encontro aos vários gostos da perspetiva do conhecimento, mais do que do entretenimento”.
Aposta nos nichos de qualidade
Mario Branquinho aposta no fator qualitativo, critica a perspetiva de que “ter mais publico é melhor”, e o “que tem menos publico não tem valor.” “É uma premissa errada, porque há espetáculos de dança ou teatro que não são para as grandes massas, nem tudo é para as grandes massas, procuramos o equilíbrio na programação que vá de encontro aos nichos de públicos”.
Quer que as pessoas se revejam no CCC mesmo em tempo de crise, “às vezes não há dinheiro para comprar pão no supermercado, quanto mais para comprar bilhete”.
Mas estão a reforçar plano de comunicação e a estudar mecanismos de acesso cultural para fazer face à crise dos tempos atuais.


