Ao Podcast Estado com Arte o consultor de gestão Paulo Caiado, caldense de gema, diz que Luís Montenegro está numa “corda bamba para 2 anos, em que vai ter de provar muito”. Neste momento o PSD para aprovar leis e programa de governo precisa do apoio PS e do Chega.
O mandatário da candidatura do deputado do PSD das Caldas da Rainha em 2024, Hugo Oliveira, lança críticas aos sociais democratas: a AD tem um problema que vem de trás quando Luís Montenegro líder do PSD no tempo de António Costa, na época em que o governo estava cheio de escândalos e polémicas, não soube capitalizar.
Já o PS, que perdeu a segunda posição de líder de oposição, “vai fazer-se de morto. Sabe que vai passar um período difícil, e que foi penalizado nestas eleições”. A queda do governo em março resultou em culpas tanto do PSD como do PS. Mas o PS é o partido mais penalizado pela queda no eleitorado.
Paulo Caiado, conhecedor da vida económica e cultural caldense, sustenta que a cidade das Caldas da Rainha teve um “declínio evidente, que teve a ver com factores culturais. “As Caldas da Rainha era um pólo aglutinador de cidades do Oeste”. No campo das Artes Paulo Caiado considera que há muito mais para fazer com a Escola Superior de Artes e Design – Politécnico de Leiria – que está “muito virada para dentro, mas ainda tem muito mais para dar” à cidade criativa da UNESCO.
“Na versão politicamente correta a AD venceu nestas legislativas com mais 31 deputados do que o segundo partido ( Chega)”, a aliança PSD-CDS subiu em 90% dos concelhos do país, “por isso venceu”, diz Paulo Caiado. “O segundo partido que cresceu é o Chega que sobe com mais 10 deputados”, aumenta a votação em 301 dos 308 concelhos dos pais.
“Na versão não politicamente incorreta só há um vencedor que é o Chega, explico porquê: a AD tem um problema que vem de trás quando Luís Montenegro já era líder do PSD no tempo de António Costa, na época em que o governo estava cheios de escândalos e polémicas. Quando chegamos as eleições de 2024 pensava-se que o PSD ia aproveitar esse descontentamento, e a má governação socialista, para crescer e não cresce, fica empatado. Isso devia fazer pensar como é que o partido na oposição numa altura de tantos escândalos no governo não cresce. Isso acontece porque Luis Montenegro não tem suficiente carisma para atrair as pessoas. A politica vive de carisma das pessoas.”
No que respeita ao Chega “o partido soube canalizar o descontentamento da falta de desenvolvimento sócio económico do país que recebe fundos comunitários desde 1984, sobretudo confrontado com o desenvolvimento que se assistiu nos países do leste que eram extremamente pobres durante a ditadura comunista e que ultrapassaram Portugal nos índices de desenvolvimento apesar de só receberem fundos desde 2004, explica.
O eleitorado do Chega precisa de ser contextualizado para o consultor: “as pessoas que votaram no Chega não são de extrema direita porque até vieram do PS. Não vieram nem da direita nem da esquerda. Vierem de baixo e foram lá acima pedir contas sobre o desenvolvimento sócio-económico do país e a falta de perspetivas.”
Na visão de Paulo Caiado “o problema imediato do Chega é não ter quadros para governar mas que a perspetiva de chegar ao poder vai atrair muita gente ao partido, gente com formação superior e currículo profissional de destaque.”
Paulo Caiado defende que o PS tem dois problemas: se apoiar demasiado o governo, e este governar mal será penalizado por isso; se por outro lado fizer muita oposição será penalizado por criar instabilidade.
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A Iniciativa Liberal cresce muito com João Cotrim Figueiredo, que vai para a Europa, já a “figura de Rui Rocha é cinzenta. É verdade que cresce com mais um deputado, mas não é uma pessoa carismática”. Para Paulo Caiado Mariana Leitão pode ser uma boa imagem para a recuperação da IL, os liberais estagnaram nestas eleições.
“A governação da AD dá tudo a quem pede.” esperava-se um resultado maior, poderia ter tido maioria absoluta com a IL, que pouco subiu.
“Montenegro está numa corda bamba para 2 anos, vai ter de provar muito, neste momento o PSD para aprovar leis e programa vai precisar do apoio PS e do Chega.”
Sobre o PS diz que “vai fazer-se de morto. Sabe que vai passar período difícil, e que foi penalizado nestas eleições. A queda do governo em março resultou nas eleições em culpas de parte a parte.”
Mas o PS é o partido mais penalizado pela queda no eleitorado, do que o PSD. Pedro Nuno Santos “tem culpa nestes resultados do PS, o que tem a ver com a figura que vem de trás. PSN foi penalizado por ser factor de “instabilidade politica.”
O Chega vai assumir-se como grande oposição ao governo, mas “quer mostrar-se como força capaz de governo. Vive muito dos slogans”, diz o consultor de gestão e marketing.
(Veja a entrevista na íntegra aqui)
Autárquicas 2025: “declínio evidente” nas últimas décadas
Paulo Caiado sustenta que a cidade das Caldas teve um “declínio evidente, que teve a ver com factores culturais era um pólo aglutinador de cidades como Leiria, Marinha Grande Torres Vedras, Santarém, Bombarral, Peniche, Todos vinham fazer compras as Caldas aos sábados de manhã.”
Com a criação da A1 Leiria e Santarém ficaram ligadas a Lisboa. Deixamos de ser o Centro Comercial de toda uma região.”

A criação dos grandes centros comerciais nos anos 90 esvaziaram o comercio um pouco por todo o lado. Quanto à Zona Industrial das Caldas diz que “tem uma aparência feia, era preciso algo que dignificasse mais a Zona Industrial.”
Perda de peso politico na região Oeste?
“Não sei se esse peso político podia ter feito alguma coisa em termos comerciais. Não conseguimos competir com outros concelhos ao nível de clusters, por exemplo Torres Vedras desenvolveu cluster de Saúde, com 5 grandes Hospitais,” refere Paulo Caiado.
Houve muita Indústria no século XX, hoje o desenvolvimento da Cidade tem de passar pelo setor terciário. As Caldas poderia ter desenvolvido mais clusters na área tecnológica.
Já no campo das Artes Paulo Caiado considera que há muito mais para fazer na vertente artística a ESAD- Escola Superior de Artes e Design – Politécnico de Leiria- que “tem mais para dar à cidade não só em termos artísticos, mas sobretudo tecnológicos.”
“A ESAD é algo fortificado dentro da cidade, vive fechada em si própria. Devia ser um dos momentos mais importantes para a cidade, não é o Caldas Late Night que vai desenvolver a cidade, apesar de algumas parcerias muito interessantes neste evento artístico caldense,” conclui o consultor.
Quanto ao futuro político Paulo Caiado não está a pensar candidatar-se à Câmara das Caldas da Rainha.


