Fotografia. Erik Reis: “Gosto disto, porque permite-me ter liberdade total”

Marta Roque

 

Erik Reis trabalha fotografia em equipa com a sua namorada Catarina,  fazem estúdio e exterior, nas Caldas da Rainha. Criaram recentemente o projecto fotográfico Mossphoto.

São um casal há quase duas décadas, apesar de virem de áreas distintas, ele fotógrafo e ela maquilhadora, a fotografia uniu-os profissionalmente numa vertente comercial da fotografia.
Na pandemia tiveram o filho Noah, admitem que foi uma oportunidade para “tirar do baú um projeto antigo, abrir o nosso estúdio a outro tipo de fotografia, queremos fotografar a vida a acontecer, e nasceu o Mossphoto”, lançado recentemente com o conceito de fotografia de família.
O nome moss em Inglês significa musgo, o casal  queria uma palavra que gostassem de ver escrita, que estivesse associada a algo que gostam muito, e com o qual se identificam: a natureza.

Erik com a namorada Catarina e o filho Noah na apresentação do Projecto Mossphoto, fotografia de família

“Somos ambos apaixonados por florestas e caminhadas na Natureza. Para nós, um passeio por uma floresta densa de árvores centenárias e com o solo coberto de musgo é sem dúvida um dos locais mais mágicos e inspiradores. Tal como as árvores imponentes que cravam as suas raízes no solo fértil e permanecem anos após anos, queremos fotografar as vossas histórias e assim eternizar memórias.”

Erik começou a trabalhar em fotografia aos 19 anos num estúdio em casa de um amigo, por brincadeira, “gostava de fotografia”, começou a “entusiasmar-se” a comprar material aos poucos com ajuda das mesadas, e com dinheiro que fazia dos seus trabalhos.

Em 2010 o fotógrafo vai viver para as Caldas da Rainha e conhece o hub criativo da Ceres Caldas da Rainha através de uma amiga que tinha atelier neste complexo industrial convertido em ateliers de artistas. Erik gostou do espaço e achou “espetacular” para fazer fotografia, o andar tem pé direito alto o que lhe confere boas condições para fotografia em estúdio.

Em fotografia faz de tudo um pouco: fotografia artística, moda, publicidade. Mas confessa que é a publicidade que lhe “paga as contas”.

Quando surgiu a fotografia digital facilitou-lhe o trabalho para colocação de imagens através do site, as pessoas adquiriam as fotografias que queriam para publicidade. “Comecei em 2005, na altura ainda estava a começar a nível mundial. Em 2010 começa a trabalhar de forma profissional, mas a “explosão” do digital foi em 2012, quando os catálogos começaram a “ter milhões de fotos a entrar por semana e as coisas começaram a mexer a sério”.

Liberdade de trabalho artístico

“Gosto disto, porque permite-me ter liberdade total. Desde que eu saiba que existe alguma procura para este tipo de fotografia.”

Também tem liberdade para a escolha de temas, assume que  “existem milhares de temas ou pode “inventar um tema qualquer.” Trabalha para alguns bancos de imagens como o Getty imagens, Shutterstock, Adobe. “Submeto as fotografias, se tiverem qualidade técnica e artística suficiente são aceites.” Tem funcionado bem, mas a pandemia veio mexer um bocadinho com as coisas.

Mas é no trabalho comercial de catálogos que Erik tem mais rentabilidade: “as  empresas vêm ter comigo e perguntam se faço aquele tipo de fotografia e claro que faço. Escolhemos as modelos para o look que pretendem. Mas nem sempre os clientes sabem escolher a modelo mais indicada para aquele tipo de trabalho. É algo que gosto mesmo de fazer brincar com a luz, as formas, com as cores de forma a atingir um resultado que esteticamente me diga algo”.

Apesar de tudo não se considera artista, “é difícil explicar isto, se calhar porque estou dedicado à fotografia comercial. Claro que faço umas coisas artísticas, mas não me consigo considerar mesmo artista”. Pergunto se  por “talvez porque não conseguir fazer só o trabalho artístico que lhe dá gozo”. Responde-me que “a mãe é pintora, é logico que é artista”, mas com alguma hesitação diz-me que “a fotografia tal como eu a vejo não”. A ideia da fotografia artística vem-lhe de várias ideias que trabalha e que dão num resultado final.  Volto a insitir que este estudo faz parte do processo criativo, mas Erik “acha que não é artista”.

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      Foto de Erik Reis ganhou o prémio da marca Pockard Wizard, marca de equipamentos de fotografia

“No início da carreira fazia mais exposições, mas com o digital deixei de estar tanto em rede com a comunidade artística. As pessoas partilhavam mais as exposições em que participavam, mas desde essa altura as coisas mudaram. Comecei também a levar a fotografia de forma mais profissional.”

A pandemia veio tirar rendimentos, mas não mudou a parte da fotografia em si. Devido à  falta de tempo, teve de pôr de parte as exposições.

Ganhou um prémio internacional  da marca Pockard Wizard,  em que utilizou uma técnica especial: as luzes do flash com potência tão alta que consegue escurecer a luz ambiente e consegue congelar todo o ambiente como a água, as gotas parecem gelo, mas ao mesmo tempo consegue capturar o sol que estava por trás do edifício .

Fotografia de viagem

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          Sumatra, Indonésia

Um dos hobbies de Erik é viajar, tira fotos de viagens dos lugares que visitou um pouco por todo o lado Islândia, Seychelles, Londres, Nova York. O fotógrafo considera NY uma das cidades mais movimentadas do mundo, mas “parece tudo tão perto como numa aldeia”, foi lá 2 vezes e achou “o povo muito acolhedor.”

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   No Central Park em NY

Tecnologia Artificial na Fotografia

A fotografia está sempre a evoluir, nos últimos 2 anos apareceram técnicas, através da inteligência artificial, que poupam trabalho, por exemplo “há uma ferramenta que deteta o brilho nos olhos e só é preciso ajustar.”  Assume que “nem tudo é bom, e nem tudo é mau.”

Para conhecer o Erik Reis basta bater à porta do seu estúdio no hub Criativo da Ceres, “pode ser que esteja por aqui, podem vir beber um café que eu ofereço.

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