Aumento da inflação. “É dramática a subida de inflação para as classes de rendimento mais baixo.”

Marta Roque

Para controlar a inflação o  Banco Central Europeu aumentou as taxas de juro do mercado, as euribor, o que aumenta o custo do crédito. Em contrapartida o BCE tem de fazer no curto prazo “um arrefecimento da economia, provocar um abrandamento do crescimento”, ou seja, menos consumo das familias, menos investimento das empresas para que essa pressão que existe sobre os preços reduza.

A explicação é dada na sessão “Economia Familiar: Como fazer a gestão?, por Luís Vaz, formador do Banco de Portugal, no espaço de Turismo das Caldas da Rainha, que decorreu a 12 de outubro, uma palestra promovida pelo núcleo Rotary de desenvolvimento comunitário da cidade termal.

“Há uma troca entre aquilo que se entende que é um bem maior, que é atingir a estabilidade de preços”, no entanto o formador do BdP frisa que “é dramática a subida de inflação para as classes de rendimento mais baixo, que agudiza de forma extraordinária as desigualdades sociais.”

“Parece contraproducente, já estamos com custos elevados e ainda aumentam as taxas de juro, mas efetivamente há uma troca entre um objetivo maior que se pretende atingir, que se deixou fugir completamente nos anos 70, em favor de um custo no curto prazo de reduzir consumo e o investimento”.

O objetivo, garante Luís Vaz, não é provocar uma recessão, mas arrefecer o crescimento económico, “abrandando”, no entanto assume que é um equilíbrio muito difícil de se conseguir.

Mas há formas de mitigar os efeitos na gestão familiar, apesar da inflação estar nos 3,6%, “a inflação da minha família pode não ser igual a este valor”, segundo o formador do BdP.

Sessão “Economia Familiar: Como fazer a gestão? No espaço de Turismo das Caldas da Rainha

“O que estou a sofrer depende da minha gestão de produtos que tenham uma inflação mais baixa. Não podemos fugir à alimentação, mas há categorias que subiram como os hotéis, combustíveis e transportes. Situação que no vestuário ainda não aconteceu.”

Face ao aumento de inflação o Banco Central Europeu responde com aumento das taxas diretoras, que fazem aumentar as taxas de juro do mercado (as Euribor) os indexantes, o crédito das empresas e das famílias. Fazem aumentar o custo do crédito, a taxa variável. Qual o objetivo? É controlar a inflação, explica Luís Vaz.

Depois de nos anos 70 a inflação ter sido extremamente alta, nos anos a seguir à revolução de abril, de facto a partir dos anos 80 a inflação começou a baixar quando entrámos na zona euro. A adesão à comunidade europeia ajudou a aproximar a inflação aos parceiros da zona euro, que tem sido desde o nascimento do euro, uma zona de inflação com níveis aceitáveis e consistentes com a meta dos 2% do BCE no médio prazo.

O surto inflacionista com época pandémica e a guerra da Ucrânia fez disparar a inflação para os valores de 3%.

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