Se a esquerda está em transe e está, os mais moderados não estão menos e faço aqui uma ressalva para realçar que continuo a não encontrar diferenças ideológicas substanciais entre o PSD e o PS, nem eles as sabem explicar, pelo que uns serão mais esquerdistas do que os outros, mas a coisa anda ela por ela.
Depois de um milhão e duzentos mil portugueses terem colocado o Chega numa posição em que a AD julgava impensável, eis que tiveram uma vitória pífia, com amargo sabor a derrota, de tal forma e de tão perdidos que estão, nem sabem o que fazer com ela.
Montenegro foi na conversa dos intelectualóides do partido, que o chantagearam e encostaram à parede, equivocou-se na estratégia, renegando o Chega enquanto possível parceiro de governo, ou sequer enquanto interlocutor, desvalorizou André Ventura e saiu-lhe o tiro pela culatra.
Agora restou-lhe manter a conversa do “não é não” e assim constituir um governozito semestral ou quando muito anual, não só minoritário, como formado pelos tais “pipis”, que do país conhecem pouco mais do que o próprio partido onde nasceram, cresceram e se fizeram gente e é com eles que irá formar um governo, sustentado pelo PS, em formato de “bloco central”.
O que obviamente lhe puxará o tapete no momento em que lhe for conveniente e é assim, com estratégias calculistas que temos vivido há 50 anos e é precisamente porque os interesses partidários do PSD e do PS se sobrepõem aos do coletivo, que somos o país atrasado que somos.
Quando a rapaziada imatura da AD pensava que o assunto das eleições estava a desaparecer do debate público, eis que os emigrantes lhe dão uma nova banhada de realidade, atribuindo ao Chega uma vitória no “círculo” da Europa, afastando do cenário o deputado que a AD tinha anteriormente, mas não, eles nunca percebem nada do que lhes acontece, qual bando de avestruzes com a cabeça enterrada nas profundezas partidárias. Gente com limitações tão enraizadas, incapaz de perceber que tudo, mas rigorosamente tudo mudou, é difícil de encontrar.
Desde Passos Coelho que agonizam em perdas consecutivas, mas nada os faz mudar, porque os atinge a incapacidade de pensar. Em 2019 já a soma do original com o satélite, não passou dos 32%. Em 2022 continuaram em perda e ficaram-se pelos 29%. Mas a falta de noção da realidade e a incapacidade para ver mais além, não lhes permite perceber e em 2024, com essa estratégia de mentecaptos, aí estão eles perdidos, a manterem-se com os módicos e repetidos 29%, mas nem assim percebem e não perceber isto, é não perceber nada.
Com a ostracização do Chega, pensavam eles ir buscar votos, porque no entender de alguns barões do PSD e também do satélite CDS, diga-se em abono da verdade, a “malta” do Chega, além de racistas, xenófobos, radicais, extremistas, homofóbicos e o resto da conversa toda, são uns incultos broeiros, provincianos pouco habilitados, acham eles, indignos e como tal impróprios para governar ou tão pouco para conversar.
Basta ver nas televisões o ar de fanfarrões dos representantes da AD, como se tivessem ganho alguma coisa, quais intelectuais de meia tijela, na verdade merecedores do nosso dó, nem se dando ao trabalho de perceber que a mania da superioridade e a arrogância sempre foi má conselheira e pior companheira.
Entretanto, fica o registo da contínua ascensão do Chega até à maioria absoluta e então o povo rejubilará, o país agradecerá e os outros, os mais, ou menos esquerdistas, continuam com as cabeças enterradas no areal que lhes tolhe a capacidade de raciocinar e enfiam a viola no saco.
Podiam ao menos fazer um esforço e ver o que se passa em outros países da Europa, mas nem isso conseguem.
Um dia destes falaremos dos comentadeiros alocados ao sistema, outra classe furiosamente perdida na desertificada inteligência.
Entretanto, que Deus lhes acuda, a uns e aos outros.


