Das eleições do passado domingo nas regionais da Madeira, embora aparentemente tudo se tenha mantido como estava, há factos a reter e analisar, que não são de somenos.
A saída do Bloco e do PCP da Assembleia Regional da Madeira, é motivo de grande satisfação, em consonância, aliás, com as descidas que aqueles partidos tiveram também à dimensão nacional, nas eleições legislativas, o que demonstra um sinal de maturidade do povo português e neste caso concreto, do povo madeirense e por outro lado, uma evolução muito positiva no processo democrático, ao afastar de forma consolidada e desejavelmente irreversível, estes partidos de génese radical antidemocrática. Resta por lá o PAN, mas a tendência não engana e lá chegaremos.
O sinal de estagnação do PS é evidente, mostrando-se incapaz de tirar proveito da descida do PSD e apesar das suspeitas judiciais que recaem sobre o seu presidente Miguel Albuquerque.
O PS tinha 21,3% em 2023 e manteve exatamente a mesma votação no passado domingo, o que demonstra que os madeirenses não encontram nos socialistas uma alternativa capaz de governo para o arquipélago, este é outro sinal positivo a registar.
O PSD juntamente com o CDS somaram em 2023, 43% dos votos e elegeram 23 deputados, sendo que nestas eleições, concorrendo separados, se ficaram pelos 19 deputados do PSD e 2 do CDS, com perda de 2 deputados, que o PS foi incapaz de absorver.
Mas o PS não tem a capacidade de nos surpreender, continuando a ser o partido “self service”. Para abocanhar o poder, qualquer receita serve e o menu é-lhes indiferente, o que vem à rede, é peixe. No passado mais ou menos longínquo, alinhou com o PSD no famoso Bloco Central, também não teve dúvidas em formar um governo com o próprio CDS, depois no tempo de Guterres, para que o poder não lhe escapasse, engendrou aquela patranha do célebre “queijo limiano”, também com um deputado do CDS que aceitou alinhar no esquema, em troca de uma mão cheia de nada.
Mais recentemente, numa vertiginosa e radical viragem à esquerda e lá está, porque desde que o poder lhe caia nos braços, qualquer parceiro serve, não teve dúvidas em emparelhar com o PCP e o Bloco, isto, sempre no governo da nação, mesmo perdendo as eleições. Quem não tem ideologia nem programa, também não pode ter coerência, é coisa que não lhes assiste, tanto lhes faz que corra para a esquerda, como para a direita, é o partido socialista, pois então, quem haveria de ser.
Como o exemplo vem de cima, eis que agora na Madeira, faltando-lhes capacidade e competência para alcançar o poder de modo legitimo e por via de uma vitória eleitoral, que nunca alcançaram, mesmo com todas as circunstâncias favoráveis, engendraram mais um esquema e em menos de vinte e quatro horas chegaram a acordo com um partido local, o JPP – Juntos Pelo Povo, que de independente também já se percebeu não ter nada e que afinal, tem como objetivo o mesmo que qualquer outro partido, o poder, não importa como.
Vejamos então que partido é este. Defende nas suas linhas programáticas (?) note-se, que “…O direito à vida é inviolável enquanto princípio máximo de um estado democrático de direito”, logo com o PS, o partido que mais fez pelo aborto, pois claro.
Mas também dizem eles que “O JPP acredita num Estado regulador, flexível e dinâmico, que permita que os mercados funcionem livremente, de forma a poupar os recursos estatais”, os mercados a funcionarem com o hiper estatal PS, está bem abelha. E, dizem eles, “…e, por outro lado, evitar relações de dependência a subsídios estatais”, como é que foi que diz que disse?, logo isto, com o PS, o campeão dos subsídios? Como se não bastasse, eles assumem claramente “O Princípio da liberdade individual e da propriedade privada, um valor fundamental do liberalismo e uma garantia contra o poder arbitrário do Estado, sobretudo da sua dinâmica coletivista…, alicerçado nos princípios acima referenciados, o JPP, enquanto partido liberal”.
Sim, é com este JPP supostamente super liberal, que o PS fez um acordo para formar governo, mas como somam apenas 20 deputados, necessitam de mais 4 e não têm pejo em acenar com uns lugarzitos no governo, aos dois deputados do CDS, e aos deputados da IL e do PAN. Vamos lá substituir a famosa espetada, pela caldeirada à madeirense. Fica de fora apenas o Chega, que obviamente e honra lhe seja feita, afirmou sempre não querer nada, mas mesmo nada de nada, com aquela gente sem princípios nem valores.
Resta saber se estes partidos vão alinhar nesta “gerinvergonha” despudorada, à moda socialista.