Aprendemos o valor da palavra, da honra e do compromisso – as tarefas antes do prazer. Aprendemos a não depender de terceiros, nunca deixar ninguém para trás, a respeitar os valores de civismo e solidariedade, a valorizar e desenvolver as nossas paixões para viver delas e com elas. Partilhamos um pai e uma mãe que colocam a família em primeiro lugar, desde sempre.
Pediram-me para escrever (e como tal, refletir) sobre o #diadosirmãos, que se celebra amanhã, 31 de Maio – uma festa pessoal, familiar e social, à semelhança dos Dia da Mãe, Dia do Pai ou Dia dos Avós.
Falar sobre irmãos deveria ser fácil para mim; eu tenho logo três! O Nuno, o Diogo e o Luis – o meu set privado de guarda-costas, que me trouxe bastantes desafios aquando da adolescência, no que se refere aos namoricos e amores, e que mantêm essa função até aos dias de hoje. E eu já tenho quase 50 anos…
Tivemos a sorte de crescer num meio familiar em que nada nos faltou e nada nos foi dado de mão beijada, onde aprendemos a fazer valer os nossos pontos para os poder desenvolver, a ser diferente e a tirar partido disso mesmo.
Aprendemos o valor da palavra, da honra e do compromisso – as tarefas antes do prazer. Aprendemos a não depender de terceiros, nunca deixar ninguém para trás, a respeitar os valores de civismo e solidariedade, a valorizar e desenvolver as nossas paixões para viver delas e com elas. Partilhamos um pai e uma mãe que colocam a família em primeiro lugar, desde sempre.
Além dos pais, os meus irmãos Nuno e Diogo foram as primeiras pessoas que conheci – são os meus amigos mais antigos. Se pensarem bem, os irmãos são os nossos primeiros amigos – são aquelas pessoas que crescem connosco e que não deixam que nos esqueçamos da infância em nenhum momento da nossa vida. Acredito que são a nossa infância sempre, mesmo quando formos velhinhos, porque partilham connosco um passado que fica até ao fim. Nunca vai embora.
Os irmãos são as brincadeiras (brincar às escolas ou à carica) e os segredos (fugir de casa à noite em Estremoz, para andar na cidade, só porque sim). São os Natais (com os presentes no sapatinho no dia 25 de manhã, espreitar pela fechadura e termos de procurar a chave para abrir a porta – os meus pais tinham medo de não nos ouvir) e as férias grandes (em Monte Gordo, em apartamentos alugados com uma decoração duvidosa).
São as asneiras que se fazem e as culpas que se põem nos irmãos (coitado do Luis!) – “foi ele, não fui eu…” São as aventuras e as partidas (este é o turno da noite!). São as conversas pela noite dentro. São os sustos (e as segundas vidas). São os amuos, as birras e os mal-entendidos.
Os irmãos podem ter ciúmes e fazer contas entre si, talvez porque querem ficar com o amor dos pais só para si, mas isso é só enquanto não percebem que o amor da mãe e do pai dá para todos. E, sim, podemos dar-nos como o cão e o gato num determinado momento, mas somos capazes de reunir esforços para dar cabo da paciência aos pais, a fim de os convencer de algo importante e de ser unidos como as fibras de uma corda.
Ninguém se mete com o meu irmão é o lema dos irmãos. Os irmãos são feitos daquela cumplicidade à prova de vida e gostam tanto uns dos outros que, quando crescem, lhes dão sobrinhos – de sangue e não só.
No fundo, os irmãos somos nós com outro nome, outro feitio e outro corpo, mas o coração é o mesmo. É o nosso.