Os países escandinavos lideraram a marcha na produção pornográfica, mas hoje está em todo o lado e, através da Internet, é acessível a qualquer pessoa, de qualquer idade ou classe social.
Escravos dos seus próprios impulsos, os engenheiros sociais, transformam-nos em ferramentas ideológicas e políticas para a “bricolagem” de um povo livre e sexualizado, que termina num caos pessoal e social. Caindo na mentira dos impulsos sexuais estrategicamente proclamados para atraírem as suas vítimas, a apregoada liberdade transforma-se num deplorável vício.
Gabriele Kuby, socióloga, é autora da obra A Revolução Sexual Global, publicada pela Princípia em 2019, traduzida para 15 línguas diferentes. Estudou Sociologia no final da década de 1960 na Universidade Livre de Berlim e Kostanz, onde obteve o grau de mestre. Durante 20 anos trabalhou como tradutora e intérprete.
Neste livro explica que “incitar a paixão, controlar o homem e subvertê-lo foi a miragem política do Iluminismo”, que vem sendo aperfeiçoada ao longo dos últimos 200 anos, com recurso a todas as possíveis trajetórias, da psicologia à psicanálise, da sociologia à filosofia, da publicidade à manipulação, da (des)educação à conspiração contra a família, numa aparente e engenhosa forma de controlo social, que em nome da liberdade conduz à pior das escravidões.
«A era dos media trouxe consigo novas e duradouras agressões à psique humana: imagens do mal. Elas instalam-se, libertam forças incontroláveis, ocupam pensamentos, fantasias e sonhos, e afetam o comportamento das pessoas. E a maioria não tem consciência disso. Os padrões humanos são elevados no que diz respeito à pureza da água, do ar e da comida, mas consome-se sem reservas a mais imunda e miserável pornografia, a mais assustadora violência e o horror mais arrepiante como “entretenimento”.
Embora o corpo disponha de mecanismos para excretar os venenos, a alma não. O Homem não tem poder sobre a sua memória: as imagens ficam gravadas na nossa cabeça para sempre, tal como é relatado por qualquer viciado em pornografia que luta por se libertar dessa obsessão.»
Os países escandinavos lideraram a marcha na produção pornográfica, mas hoje está em todo o lado e, através da Internet, é acessível a qualquer pessoa, de qualquer idade ou classe social.
«Se examinarmos com seriedade a nossa sociedade, podemos ver que vários tipos de comportamentos aditivos estão a espalhar-se de forma epidémica: álcool, drogas, Internet, sexo e pornografia. O vício é uma perda de liberdade. Aquilo que a pessoa julga que precisa para o seu bem-estar vai destruí-la, a ela e aos outros.
O instinto desenvolve uma vida própria, torna-se tirano e faz da pessoa um escravo da gratificação instintiva. É uma escalada que provoca lesões a nível cerebral e lançam o consumidor numa rampa deslizante em direção a práticas cada vez mais anormais.
A pornografia atenta contra a dignidade da pessoa e fere-a severa e duradouramente a nível espiritual, físico e social. As suas consequências são devastadoras: degrada, humilha e escraviza os seus componentes; leva ao crescimento do tráfico humano para prostituição e pornografia; gera a procura da prostituição; vicia os consumidores; destrói as famílias; afasta os pais dos filhos e os filhos dos pais; enfraquece a autoridade dos pais, dá às crianças e aos jovens uma imagem da sexualidade que é hostil à mulher, ao casamento e à família».
Face à dimensão desta tragédia humana, deixo a seguinte questão: “por que razão os políticos, a ONU, a União Europeia e os governos nacionais não se sentem chamados a proteger a população de uma indústria mundial do sexo que factura mais de 97 000 milhões de dólares americanos?”, questiona Gabriele Kuby, A REVOLUÇÃO SEXUAL GLOBAL – Destruição da liberdade em nome da liberdade.