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Despertar a Europa do seu sono nefasto e paralisante

Susana Mexia

O livro “O Século de 1914” de Dominique Venner descreve a génese e a sucessão de lutas mortais que tiveram a sua origem no conflito do Verão de 1914, donde saiu vencedor o liberalismo americano, uma publicação da Civilização Editora.

A Guerra de 1914 provocou o declínio da Europa, a descolonização, a destruição da sociabilidade europeia, a americanização dos costumes, a emigração e o terrorismo.

Após 1918, sobre os escombros da antiga Europa, quatro figuras – Wilson, Lenine, Mussolini e Hitler – encarnaram as grandes utopias do século XX. Estes homens estão na origem da luta impiedosa de quatro sistemas rivais que ocupou uma grande parte do século e deu origem ao mundo em que vivemos.

Dominique Venner foi escritor e historiador francês. Dirigiu La Novelle Revue d´Histoire. Os seus livros sobre a Resistência, a Colaboração, o fascismo alemão, a guerra civil russa ou o terrorismo tornaram-no conhecido pela amplitude e pela profundidade dos seus pontos de vista.

«Os europeus passaram de actores decisivos da história a espectadores. Esta novidade traumatizante é no entanto um trunfo se soubermos ver as coisas de maneira distante, friamente, à maneira romana ou prussiana. Há outros, à nossa volta e mesmo, às vezes, entre nós, que se revelam actores empreendedores e temerários. Fazem história ou pensam fazê-la em obediência a ambições e a um voluntarismo que conhecemos bem.

Que fazer? Resposta: um processo involutivo tem de ir até ao fim da sua lógica para esgotar os seus efeitos e para que possa nascer outra coisa… – Os europeus precisam, em primeiro lugar, de restaurar as suas forças lavando-se do que as minou. (…)

Diferentemente de outros povos – chineses, japoneses, por exemplo – que encontram com facilidade num longo passado contínuo todos os recursos de uma identidade bem definida, os europeus são vítimas de rupturas históricas que turvaram as suas referências. Esta falha de consciência identitária é antiga. (…)

«Todas as grandes civilizações descansam sobre uma antiga tradição que atravessa o tempo e transporta com eles as chaves do reino. Todas têm por origem o livro ou a palavra de um sábio, de um profeta ou de um poeta fundador. A tradição chinesa com Confúcio, a tradição himalaia com Buda, a semita com Moisés e Maomé, a tradição hindu com os Vedas, a tradição europeia com Homero. Naturalmente, dada a razão da Sua divindade e da sua universalidade, Jesus Cristo situa-se à parte, num outro plano, facto que só favorece o processo de retorno dos europeus em busca da sua identidade original, da sua gloriosa tradição, recusando vigorosamente todas as influências perniciosas advindas do ocidente americanizado.»*

Recorrer à fonte de energia racional e espiritual donde surgiu o impulso inicial da civilização europeia é procurar a sua revitalização mais autêntica, não é retroceder, nem voltar para trás, é reactualizar os princípios vivos de um específico ideal de vida, cuja missão, sentido existencial e espiritual se unem e complementam fazendo face às insidiosas e perfídias tentativas de desconstrução humana, politica, social e religiosa.

Se numa Roma pagã, com um império tão extenso como corrupto, nos primeiros anos da nossa era, foi possível construir um mundo diferente, onde o homem passou a ser tratado com dignidade não só de um cidadão, mas também como filho de um Deus Maior, cuja mensagem e doutrina foi suficiente para modificar o coração dos homens, porque não a Europa de raízes cristãs, voltar ao berço da sua civilização, cujas origens estão em Atenas, Jerusalém e Roma?

O Século de 1914
A I Guerra Mundial foi o acontecimento que marcou o início do século XX. Depois de ter matado nove milhões de pessoas, esta guerra liquidou os três impérios e as aristocracias que dominavam a Europa. Este conflito deu origem a tudo o que se seguiu: uma violência terrível e uma esperança imensa, o surgimento das utopias revolucionárias e o estabelecimento de novos regimes, bem como uma II Guerra Mundial ainda mais destrutiva do que a anterior.

A Guerra de 1914 provocou o declínio da Europa, a descolonização, a destruição da sociabilidade europeia, a americanização dos costumes, a emigração e o terrorismo.

Após 1918, sobre os escombros da antiga Europa, quatro figuras – Wilson, Lenine, Mussolini e Hitler – encarnaram as grandes utopias do século XX. Estes homens estão na origem da luta impiedosa de quatro sistemas rivais que ocupou uma grande parte do século e deu origem ao mundo em que vivemos.

No livro “O Século de 1914” Dominique Venner, descreve a génese e a sucessão de lutas mortais que tiveram a sua origem no conflito do Verão de 1914, donde saiu vencedor o liberalismo americano.
Dominique Venner foi escritor e historiador francês. Dirigiu La Novelle Revue d´Histoire. Os seus livros sobre a Resistência, a Colaboração, o fascismo alemão, a guerra civil russa ou o terrorismo tornaram-no conhecido pela amplitude e pela profundida dos seus pontos de vista.

O seu livro Histoire de l´Armée Rouge foi distinguido pela Academia Francesa. Venner lutou pela França na Guerra de Independência da Argélia (1954-1962). Mais tarde especializou-se em História Militar e Política. Escreveu muitos ensaios contra o casamento gay e a aprovação da lei do casamento homossexual, foi um golpe ao qual não conseguiu resistir. Naturalmente que esta resistência, o seu lúcido “discernimento para alertar e sacudir os sonâmbulos e as mentes anestesiadas”, fez com que o “politicamente correcto” não lhe granjeasse grandes louvores.

A sua morte é um resultado bem visível do desgosto e desespero com que assistiu ao desmoronamento duma cultura e civilização que muito admirava e amava.

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