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Dia Mundial do Alzheimer – Que fatores influenciam esta doença insidiosa?

José Padrão Mendes, Médico Intensivista e Neurologista

Cada vez mais pessoas são afetadas pela doença de Alzheimer. Muitos fatores de risco estão ligados ao nosso estilo de vida. Mas para além da obesidade e da hipertensão arterial, os investigadores estão constantemente a descobrir novos perigos que favorecem a demência. Quase todos eles são evitáveis.

Quando a demência, especialmente a forma mais comum, a doença de Alzheimer, se instala, pode, na melhor das hipóteses, ser retardada, mas não travada ou mesmo curada. Por isso, é ainda mais importante reconhecer os fatores de risco para o declínio das capacidades cognitivas – e eliminá-los sempre que possível.

Atualmente, a investigação reconheceu toda uma série de fontes de perigo que podem promover a demência.

Demência: Muitos fatores andam de mãos dadas

É verdade que nenhum fator de risco é o único responsável pelo progressivo declínio do cérebro. Mas, em primeiro lugar, eles podem ser bem observados em estudos isolados. E, em segundo lugar, os cientistas esperam minimizar o risco da doença e se for possível eliminar o maior número possível de fatores de risco, pois muitos fatores andam de mãos dadas e são mutuamente dependentes.

Para alguns fatores, nem sequer é claro se são um fator de risco ou um sintoma precoce da doença. Isto aplica-se, por exemplo, à depressão na velhice, pois há provas de que certos antidepressivos podem atrasar o desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Primeiro podemos referir os três fatores de risco de demência que não podem ser influenciados:

  • Idade: a partir dos 60 anos, a incidência de demência duplica de cinco em cinco anos,

  • Género: As mulheres correm mais risco de demência do que os homens,

  • Fatores genéticos: Uma determinada variante do gene ApoE (importante para o transporte do colesterol no sangue) influencia a probabilidade de desenvolver demência de Alzheimer. Os sintomas da doença surgem particularmente cedo nos portadores do gene ApoE4.

Sete importantes fatores de risco de demência que podem ser modificados

Cerca de 30 por cento do risco de Alzheimer pode ser explicado por sete fatores de risco que podemos influenciar de forma mais ou menos eficaz são eles:

  • Diabetes

  • Tensão arterial elevada

  • Obesidade

  • Falta de exercício físico

  • tabagismo

  • baixa escolaridade

  • depressão

E cada vez mais estudos referem a perda de audição e a presbiacusia como uma causa importante para o desenvolvimento de Alzheimer. A surdez leva ao isolamento social, que por sua vez pode levar à depressão. Um fator de risco para a demência pode ser facilmente neutralizado com um aparelho auditivo. Vários estudos já demonstraram a importância deste fator.

Cinco fatores de risco de demência recentemente descobertos

Estudos observacionais identificaram também os seguintes fatores de risco:

Doença dos pequenos vasos: as hemorragias nos pequenos vasos do cérebro (doença dos pequenos vasos) são visíveis como lesões na ressonância magnética. Podem indicar a iminência de demência em doentes com tensão arterial elevada. Um estudo efectuado na Universidade de Barcelona demonstrou que os doentes hipertensos com um aumento das lesões nas cavidades (ventrículos) do cérebro apresentavam um risco mais de seis vezes superior de sofrerem de perturbações cognitivas. A hipertensão arterial deve, por conseguinte, ser tratada a partir dos 45 anos.

Stress mental na meia-idade: Inclui os problemas financeiros e profissionais, bem como a ansiedade e a preocupação que lhes estão associadas. A incidência de demência é cerca de um 25% mais elevada entre as pessoas afectadas. O exercício físico nesta idade não só combate o stress, como também previne a demência.

Viver sem um parceiro: As pessoas que vivem sozinhas na velhice e se sentem sós têm um risco mais elevado de demência – de acordo com estudos, de mais de 44%. Os casais têm um risco menor porque, em geral, têm uma vida mais saudável do que os solteiros e também socializam mais.

Sono REM curto – Os investigadores da Universidade de Boston descobriram que o encurtamento das fases REM ou do sono dos sonhos aumenta o risco de doença de Alzheimer. No entanto, outro estudo realizado na Washington University School of Medicine, em St. Louis, concluiu que os idosos com um sono profundo deficiente tinham mais proteínas tau nocivas no cérebro. Um bom sono, em todas as suas fases, parece ser um importante fator de proteção contra a demência.

Bebidas açucaradas: De acordo com um estudo da Universidade de Columbia, o grupo que consumia mais bebidas açucaradas tinha uma taxa de Alzheimer 50 por cento mais elevada. No entanto, temos de ter atenção com este tipo de estudo e não extrapolar diretamente os resultados de correlação Bebidas Açucaradas – Alzheimer, pois o elevado consumo de bebidas muito açucaradas indica um estilo de vida global pouco saudável, pode estar associado à obesidade e à diabetes e, por conseguinte, faz parte de um risco comprovadamente acrescido de demência.

Sendo a doença de Alzheimer um mal cada vez mais prevalente na nossa envelhecida população, todos os fatores que possam ser influenciados de maneira a reduzir a sua incidência, prevalência e progressão deveriam ser considerados matéria de saúde pública.

A prevenção da demência e da doença de Alzheimer são uma realidade, pois um estilo de vida saudável é chave e essencial para manter o nosso cérebro a funcionar da melhor maneira até uma idade avançada.

Ainda há muito que investigar e a cura ainda parece ser uma miragem neste tipo de doenças, mas o que cada um de nós pode fazer como individuo é de facto crucial na prevenção da doença na velhice. Está nas nossas mãos viver mais anos, mas ainda mais dar mais vida a esses anos que vivemos.

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