DEUS, A CIÊNCIA, AS PROVAS é um recente livro de dois autores franceses que, rapidamente, se tonou num best-seller. Michel-Yves Bolloró e Olivier Bonnassies pretendem encontrar um conjunto de “provas científicas” da existência de Deus e da origem do Universo, recorrendo a várias descobertas recentes. São teorias, corroboradas por cálculos e observações, que procuram contradizer muitas “supostas certezas” que em nome da ciência pretenderam negar a Sua existência.
«Deus. O pesadelo dos meus dias. Tive sempre a coragem de o negar, mas nunca a força de o esquecer» já dizia Miguel Torga (in Diário XIV, Coimbra, 25 de Dezembro de 1984). Tudo o que existe tem uma causa, nenhuma coisa se cria por si mesma, logo, no “princípio dos princípios” teve de haver “algo” que não procedesse de coisa alguma, pois o nada, nada gera.
Considerando que toda a matéria está sujeita ao princípio da inércia, e em qualquer lugar do universo encontramos movimento, este tem de partir de um Primeiro Motor, que não seja movido por nada, nem ninguém. (Aristóteles séc. IV aC.)
Se do inerte não brota vida e se tudo o que existe está sujeito a uma intrincada e complicada ordem, é mister reconhecer que não é inteligível o universo ser obra do acaso, mas sim, o resultado duma Inteligência Primeira, mental e espiritual, incriada mas criadora.
A existência de Deus pode ser demonstrada mediante a razão, pela filosofia aliada à luz da Fé, (só ambas conduzem o conhecimento a um ponto de equilíbrio).
As ciências experimentais operam exclusivamente sobre quantidades mensuráveis e formulam as suas teorias sobre elas. Deus não se encontra no campo do conhecimento científico, e por este motivo, as ciências experimentais não podem demostrar a Sua inexistência.
Face a este processo de criação a partir do nada e instantaneamente, não é difícil imaginar que alguns cientistas se sintam um pouco desconfortáveis ou mesmo incomodados com um “Criador”, omnipresente, omnipotente, imaterial e não físico, de onde se pode inferir que este algo ou “Alguém” não está qualificado na área da ciência, disciplina assumida como estritamente materialista.
O nosso Universo é um lugar muito especial, perfeitamente ordenado, com uma inimaginável combinação de parâmetros, que estão muito para além de tudo o que pode e tem sido descoberto e demonstrado.
A Realidade Última, fonte da qual brota todo conhecimento, está para além dos limites da ciência empírica, é Algo ou Alguém que não pode ser meramente descoberto, pois na realidade, Ele já foi identificado: “No princípio era o Logos”.
DEUS, A CIÊNCIA, AS PROVAS é um recente livro de dois autores franceses que, rapidamente, se tonou num best-seller. Michel-Yves Bolloró e Olivier Bonnassies pretendem encontrar um conjunto de “provas científicas” da existência de Deus e da origem do Universo, recorrendo a várias descobertas recentes.
São teorias, corroboradas por cálculos e observações, que procuram contradizer muitas “supostas certezas” que em nome da ciência pretenderam negar a Sua existência.
Recordemos S. João Paulo II: «Quando falamos de provas da existência de Deus, devemos sublinhar que não se trata de provas científico-experimentais. As provas científicas, no sentido moderno da palavra, são válidas apenas para as coisas perceptíveis aos sentidos, pois só sobre estas podem ser exercidos os instrumentos de investigação e verificação, que a ciência utiliza. Querer prova científica de Deus significaria reduzir Deus à categoria de seres do nosso mundo e, portanto, já estar metodologicamente errado sobre o que Deus é.
A ciência deve reconhecer os seus limites e a sua impotência para alcançar a existência de Deus: ela não pode afirmar nem negar esta existência. No entanto, não se deve tirar disso a conclusão de que os cientistas são incapazes de encontrar, nos seus estudos científicos, razões válidas para admitir a existência de Deus. Se a ciência, como tal, não pode chegar a Deus, o cientista, que possui inteligência cujo objeto não é limitando às coisas sensíveis, pode descobrir no mundo as razões para afirmar a existência de um Ser que o supera».
Ao longo dos últimos cinco séculos, muitos intelectuais nos foram convencendo de que não necessitamos de Deus para explicar o Universo, por isso O podemos ignorar ou afirmar que Ele não existe.
No século XIX surgiu ainda a teoria de que Deus é prejudicial aos homens tornando-os infelizes. Para Marx a religião era o ópio do povo. Para Freud seria a responsável pela nossa infelicidade e origem de todos os traumas e complexos. Portanto, Freud e Marx não só disseram que Deus não existia, como afirmaram que era preciso suprimi-Lo totalmente ou destruí-Lo e só assim a humanidade seria feliz…
O ateísmo explodiu em larga escala com estas ideias, na revolução de 1917 na Rússia, na Alemanha, com Hitler e os nazis, todos ateus, tal como com Mussolini, na Itália. Em consequência, por todo o mundo houve revoluções socialistas ateias, republicanas e anticlericais levadas ao extremo.
Num mundo sem Deus, sem norte, sem sentido e à deriva não surpreende que este livro tenha conquistado um sucesso impensável. A ansiedade, o medo e o sofrimento assolam a humanidade, talvez por isso procurem uma pista que os conduza à evidência da Sua existência, numa época em que tudo tem de ser “cientificamente provado”…
Termino com um grito poético duma pagã e anarquista, sofredora e portuguesa – Florbela Espanca:
Queria encontrar Deus! Tanto o procuro!
A estrada de Damasco, o meu caminho,
O meu bordão de estrelas de ceguinho,
Água da fonte de que estou sedenta!
Quem sabe se este anseio de Eternidade,
A tropeçar na sombra, é a Verdade,
É já a mão de Deus que me acalenta?