61% dos inquiridos de estudo às empresas prevê cumprir ou mesmo ultrapassar os objetivos estabelecidos para 2024. Apenas 14% dos membros do Barómetro considera que as medidas do novo Orçamento do Estado terão um impacto positivo no crescimento das suas empresas.
Quase 60% dos gestores identifica o investimento em inovação e a melhoria da eficiência operacional como estratégias-chave para enfrentar um possível cenário de maior protecionismo, reforçando a importância de uma abordagem focada na competitividade e resiliência.
O Barómetro KAIZEN inquiriu mais de 220 gestores, de médias e grandes empresas, que atuam no mercado português e que no seu conjunto representam mais de 35% do PIB nacional.
O cenário económico global continua a evoluir de forma imprevisível, impulsionado por transformações profundas, como a transição digital, a aceleração das mudanças climáticas e as crescentes pressões geopolíticas. Este ambiente desafiante reflete-se diretamente na realidade das empresas portuguesas, que operam numa economia marcada pela volatilidade.
Os efeitos persistentes de crises recentes entrelaçam-se com desafios emergentes, como a inflação, a escassez de talentos qualificados e a necessidade de inovação constante.
Neste contexto, a adaptação e a resiliência deixaram de ser apenas desejáveis, tornando-se indispensáveis para assegurar um crescimento sustentável. Apesar da incerteza que caracteriza o cenário atual, a confiança dos gestores na economia nacional apresenta sinais de recuperação. De acordo com esta última edição do Barómetro, o grau de confiança registou uma subida para 12,61, em comparação com os 12,19 registados em abril deste mesmo ano.
Adicionalmente, há um otimismo moderado no setor empresarial, com 61% dos gestores a afirmarem que esperam cumprir ou até ultrapassar os objetivos definidos para 2024 nas suas empresas. Este dado sublinha a capacidade das organizações se ajustarem aos desafios e capitalizarem as oportunidades, mesmo num panorama económico em constante transformação.
A proposta de Orçamento do Estado para 2025, foi outro dos tópicos discutidos. Contudo, e de acordo com 83% dos inquiridos, este não parece ter medidas com impacto relevante, em relação às necessidades das suas empresas e, apenas, 14% afirma que as medidas contribuem positivamente para o crescimento da sua organização. Ainda no contexto macroeconómico, os empresários manifestaram-se de forma positiva, relativamente à descida das taxas de juro, pela Fed e pelo BCE, com 50% afirmando que este decréscimo terá um impacto positivo nos seus custos de endividamento.
Os empresários portugueses também opinaram relativamente à inflação, acreditando que as previsões são realistas e que a inflação continuará a mostrar uma tendência decrescente até ao próximo ano.
Num cenário de crescente protecionismo, com as estimativas do FMI a apontarem para um impacto de 6% no PIB global, caso as tarifas comerciais entre os EUA, Zona Euro e China subam para 10%, as empresas enfrentam desafios de competitividade e acesso a mercados. Questionados sobre como enfrentar este ambiente, os líderes empresariais destacam a importância de investir em inovação e aumentar a eficiência operacional (59% cada), bem como, diversificar os mercados (40%), para garantir resiliência e crescimento.
Ao abordar o crescimento e a competitividade das empresas portuguesas, o tema do financiamento revela-se essencial, especialmente num contexto onde o aumento da presença de Private Equity no tecido empresarial português poderia oferecer novas oportunidades de expansão.
No entanto, a maioria dos líderes empresariais (73%) não considera esta forma de investimento uma opção relevante para os seus planos de crescimento. Em vez disso, muitos optam por estratégias mais tradicionais: 61% aponta o financiamento bancário como a sua principal via de suporte, enquanto 31% afirma não recorrer a financiamento externo para expandir.
Estas escolhas refletem uma abordagem de crescimento mais conservadora, mas sublinham, também, uma preferência por estruturas de capital que mantenham maior controlo e autonomia, uma questão que parece subjacente à necessidade de preparar as empresas para desafios internos e externos, com soluções de crescimento sustentáveis e ajustadas à realidade do mercado português.
Num contexto de crescimento económico global incerto, as empresas portuguesas enfrentam desafios para garantir competitividade e impulsionar o desenvolvimento, num país onde o ritmo de crescimento permanece baixo. Embora investir em inovação e aumentar a eficiência operacional sejam estratégias apontadas para enfrentar os desafios internacionais, os líderes empresariais sublinham, também, medidas domésticas para acelerar o crescimento.
Entre estas, a redução da carga fiscal (77%) e o investimento em inovação e tecnologia (61%) emergem como essenciais, visando fortalecer tanto a resiliência das empresas, como o potencial de Portugal no cenário internacional. Assim, as políticas de crescimento e as estratégias empresariais convergem para uma resposta integrada, que assegure maior robustez económica.
A transformação digital e a sustentabilidade como pilares para o futuro
Observa-se uma abertura significativa à inovação tecnológica e à integração de princípios ESG na estratégia empresarial. A transformação digital é vista com grande potencial disruptivo, especialmente em áreas como automação de processos (70%) e análise preditiva (62%), indicando uma aposta clara em ferramentas de AI e ML, para otimizar operações e antecipar tendências de mercado.
Em paralelo, os líderes empresariais manifestam um compromisso crescente com os objetivos ESG, embora ainda parcial em alguns casos: 42% afirma um alinhamento total com estes objetivos, enquanto 47% reconhece um alinhamento parcial. Estes resultados demonstram um percurso evolutivo, onde a inovação e a responsabilidade ambiental e social caminham juntas, refletindo uma visão de crescimento sustentável e adaptável aos desafios do presente e do futuro.
Aumento da produtividade, a entrada em novos mercados/geografias e a melhoria da força de vendas e da customer journey
Para cumprir e garantir a continuidade desta trajetória de crescimento em 2025, os inquiridos afirmam que as suas maiores apostas serão no aumento de produtividade (59%), entrada em novos mercados/geografias (45%) e, por fim, na Melhoria da força de vendas e da customer journey (40%).
O foco no aumento da produtividade como estratégia de crescimento principal reflete a crescente necessidade das organizações em fazer mais com menos, num cenário global de maior incerteza e competitividade. Independentemente do setor, o sucesso exige uma abordagem holística que equilibre processos técnicos com fatores humanos e culturais, assegurando o compromisso de toda a organização.
Em segundo plano, a entrada em novos mercados e geografias reflete uma ambição de expansão global, essencial para diversificar fontes de receita e mitigar riscos associados à concentração nos mercados tradicionais. Neste contexto, a agilidade organizacional torna-se essencial, não só para responder rapidamente às dinâmicas específicas de cada mercado, mas também para ajustar modelos de negócio e estratégias comerciais.
Quanto à expansão internacional, a melhoria da força de vendas e da customer journey foi também destacada. Fica evidente o reconhecimento de que o crescimento sustentável depende de uma abordagem centrada no cliente. Garantir uma experiência diferenciada ao longo de toda a jornada, desde a prospeção até à fidelização, é fundamental. Para isto, é importante mapear a jornada do cliente, identificando pontos de fricção e oportunidades de melhoria, sempre com foco na criação de valor. A estrutura e capacitação das equipas de vendas devem sustentar a visão da jornada do cliente.
“O mundo enfrenta desafios que exigem inovação, sustentabilidade e cooperação global. Ao longo dos anos, temos assistido à evolução dos programas de melhoria contínua, desde os primeiros círculos de qualidade focados em objetivos específicos e equipas dedicadas, até à integração de toda a cadeia de valor. Mais recentemente, o foco deixou de estar apenas na eficiência operacional para incluir áreas como inovação e crescimento, fundamentais para qualquer organização que aspira liderar no seu setor. Acreditamos que há sempre oportunidades para melhorar, e o nosso compromisso reflete-se na capacitação contínua dos colaboradores. Num cenário internacional fragmentado e de complexidade crescente, o equilíbrio entre resiliência e transformação tornou-se essencial. Como costumamos dizer, a mudança é inevitável, mas a transformação é uma escolha. Este panorama de incerteza não é apenas um desafio; é uma oportunidade para as organizações se reinventarem e converterem a adaptação em vantagem competitiva”, realça António Costa, CEO do Kaizen Institute.
O Barómetro KAIZEN é um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Kaizen Institute em Portugal junto de administradores e gestores de médias e grandes empresas que atuam no mercado português sobre a sua perspetiva quanto a temas de atualidade, à evolução da economia e do seu negócio, perspetivando tendências e desafios.
A edição de novembro do Barómetro KAIZEN™ inquiriu mais de 220 gestores de empresas que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal. O Kaizen Institute Consulting Group é uma empresa multinacional que fornece serviços de consultoria e formação ao tecido empresarial e instituições públicas em mais de 35 países.