Padre Edgar Clara. “Preparo a minha pastoral para paroquianos de 5 minutos.” C/ Podcast

Marta Roque

O padre Edgar Clara está empenhado na recuperação de arte sacra nas suas paróquias: S. Cristóvão e Igreja da Santa Cruz do Castelo. Ao Podcast Estado com Arte diz que na igreja da Torre estão guardadas 50 telas numa sala à espera de restauro”, as obras remontam à época da expulsão da ordens religiosas em 1834. As telas que pertenciam ao mosteiro da Cartuxa vão ser restauradas ao vivo em Lisboa e em várias cidades, para mostrar ao público como é que se faz um restauro. Está ainda previsto ser apresentado um estudo de geofísica em novembro de 2025.

O Pároco para a igreja de São Cristóvão recebeu apoio do orçamento participativo da CML, mas na sua paróquia da igreja da Torre recebe apenas apoio de privados, “não espera que o Estado dê nada.”

No ano do Jubileu da Esperança o Padre Edgar Clara diz ao Podcast Estado com Arte que a sua “luta é manter as portas físicas abertas”, faz referência ao Papa Francisco que tem todas as suas “igrejas abertas em Roma”. “Este é um espaço que o público “não encontra em mais lado nenhum, aqui pode observar a arte de forma gratuita”.

A torre sineira da Igreja da Santa Cruz do Castelo é um dos pontos mais altos da Lisboa antiga, que oferece uma vista ampla sobre a capital e o rio Tejo. Por cinco euros os visitantes da Igreja da Torre podem subir à torre sineira, beber cerveja, e assistir a um vídeo sobre a história de Lisboa em 5 minutos como forma de pagar o valor do restauro de cerca de 200 mil euros.   Afirma que pede um euro a 2 milhões de pessoas passam anualmente na Igreja da Torre no Castelo de S. Jorge.

E como prepara espiritualmente os seus paroquianos no meio de preocupações materiais? O Padre Edgar responde que a sua “pastoral é preparada para paroquianos de 5 minutos, a maioria das pessoas entra por pouco tempo.”

A Relíquia da Santa Cruz atrai muitos visitantes à igreja da Torre, a relíquia do Santo Lenho é uma obra de arte, um relicário em ouro, com 500 anos.

Ao entrar na igreja há um silêncio que envolve os visitantes, que entram no espaço religioso católico onde estão guardadas obras de arte. A Relíquia da Santa Cruz atrai muitos visitantes à igreja da Torre, a relíquia do Santo Lenho, a cruz de Cristo, é uma obra de arte, um relicário em ouro, com 500 anos, que segundo o Padre Edgar tem ajudado as pessoas a converterem-se, na igreja do Castelo. Do último banco da igreja, o sacerdote, observa “a quantidade de pessoas que se aproximam da relíquia da Santa Cruz: ajoelham-se, rezam e dão esmola. Isto é realmente uma conversão.”

 

Obras de Arte de ordens religiosas guardadas na Igreja da Torre

Em 1834, quando o Estado expulsa as ordens religiosas dos seus conventos confisca as obras de arte. A maioria das obras estão no Museu Nacional de Arte Antiga, mas muitas das obras são distribuídas por igrejas de Lisboa, na Igreja da Torre e Santa Maria Madalena.
“Nesta igreja conservam-se muitas obras de arte da Cartuxa da Laveira e da Cartuxa de Évora.” O Padre Edgar garante que são 50 telas numa sala à espera de restauro, neste momento os alunos do politécnico de Tomar estão a restaurar 7 telas, a ideia será expô-las no futuro.
As telas da Cartuxa vão ser restauradas ao vivo em Lisboa e em várias cidades, porque quer mostrar ao público como é que se faz um restauro. “Falar com os técnicos. É algo quase oculto”, admite o sacerdote.

A Igreja Paroquial do Castelo, também conhecida por Igreja de Santa Cruz, é uma edificação do século XVIII, ocupa o espaço do templo primitivo construído no século XII, onde existiu uma antiga mesquita. Possui um considerável acervo religioso, artístico e cultural e é detentora dos registos paroquiais mais antigos da cidade, datando o primeiro assento de casamento de 26 de setembro de 1536.

Segundo a tradição, era uma mesquita moura que, após a conquista de Lisboa a 25 de outubro de 1147, teria sido purificada e sagrada pelo Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, e por mais quatro bispos sufragâneos ( diocesanos). Esta sagração terá ocorrido a 1 de novembro desse mesmo ano, para nela entrar o cortejo real, liderado por D. Afonso Henriques, junto com uma relíquia da Santa Cruz, hoje exposta em permanência no interior da igreja.

É um templo de uma única nave, possuindo três capelas de cada lado e respetivas tribunas com estilos artísticos diferentes, nomeadamente barroco, pombalino e neoclássico. Detém, também, uma torre sineira que assenta na torre da muralha da Alcáçova do Castelo de S. Jorge, hoje utilizada como atrativo turístico, através do projeto “Torre da Igreja”.

A Igreja Paroquial do Castelo está ligada ao culto de São Jorge – dedicando-lhe um retábulo -, o santo que venceu os inimigos da fé, padroeiro da conquista da cidade de Lisboa e, tudo indica, trazido pelos ingleses que ajudaram na batalha contra os mouros.

Embora não expostos ao público, a Igreja detém, ainda, nove quadros de autoria de Domingos António de Sequeira, pintor português da segunda metade do século XVIII, que retratam membros da Ordem dos Cartuxos em Martírio.

Visita à torre da Igreja é paga para recuperar o edificado

 

A torre sineira da Igreja de Santa Cruz do Castelo, um dos pontos mais altos da Lisboa antiga, foi reconstruída após o terramoto de 1755 e oferece uma das melhores vistas sobre a capital e o rio Tejo.
Por cinco euros os visitantes podem visitar a torre da Igreja, beber a cerveja de medronho e um vinho do Porto na loja da Torre,  na passagem para a torre sineira vêm um vídeo sobre a historia de Lisboa em 5 minutos.
No alto da torre observa-se a vista sobre Lisboa, Alfama, e a margem sul. Dentro da Igreja vêm uma exposição fotográfica que revela como era o bairro do Castelo nos anos 40. Toda a visita paga o salário de 10 empregados e as obras de conservação e restauro.
No ano passado o Padre Edgar “inventou uma cerveja de medronho para que as pessoas pudessem ajudar a recuperação da igreja”.

O projecto de restauro da igreja da Torre começou a ser pensado há 7 anos, para recuperação da igreja. As obras de restauro na igreja da Torre começaram há um ano, preve-se um valor total do restauro de 200 mil euros. O Padre Edgar adinata que “não espera que o Estado dê nada. O que peço é um euro a um milhão de pessoas. Como diz o povo grão a grão enche a galinha o papo O projecto comunitário envolve as pessoas que vivem aqui e as que nos visitam.”

“Quando as pessoas visitam os sinos da igreja passam por dentro da torre da muralha do castelo. Penso que é importante que as pessoas, sintam que ao visitar-nos estão a ser construtoras da história, estão a preparar o futuro,” diz o Padre Edgar.
A igreja esteve 30 a 40 anos fechada nos anos 80 e o ano 2020, só abria para a missa aos sábados. Nos finais dos anos 90 viviam 2 000 habitantes no castelo hoje vivem 50 pessoas.

Os cruzados lutavam contra muçulmanos e cristãos nesta zona, sabe-se que os Cruzados celebraram aqui a 1a missa, decidiram dar o nome de Santa Cruz do Castelo, quando tomaram o castelo. “Pelos relatos da época seria uma igreja maior, o dobro do que é hoje, os cruzados deram o nome de Santa Maria do Castelo.”
Da igreja pode ver-se o antigo Paço dos Reis e o Paço Episcopal, que foi sendo feito ao longo dos tempos.” A igreja servia de mausoléus: aqui estavam os túmulos de muitos nobres e famílias reais. Com o terramoto de 1755 desapareceram muitos túmulos que ficaram sobre terrados. Em novembro será apresentado um estudo de geofísica por baixo da igreja para perceber o que existe”.

No dia 23 de abril será inaugurada a exposição na Igreja da Torre baseada no projeto “Amor Causa” da Renova.  O livro de fotografia foi lançado há 20 anos inspirado nas bem-aventuranças e, agora, é reeditado em livro dando lugar a uma exposição fotográfica que está patente ao publico na Torre da Igreja.

Recuperação de Arte Sacra na Igreja de São Cristóvão

Esta quinta-feira, 10 de abril, foram apresentadas 12 telas restauradas com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior (JFSMM) e da Fundação Millennium bcp.

O pároco Edgar Clara apresentou as obras restauradas pela empresa Signinum-Gestão do Património Cultural, da autoria de Bento Coelho da Silveira, século XVII, em que se destacam duas pinturas principais: o autorretrato de Jesus e a alegoria da indivisibilidade.
No primeiro quadro  Jesus ao centro pinta o seu próprio rosto numa tela e, na segunda tela, encontramos a imagem de vários personagens que se olham ao espelho.

Edgar Clara destaca o apoio da JFSMM no projeto de Arte por São Cristóvão que, além do contributo para a recuperação de duas telas, tem acompanhando e participado em todas as atividades que reverteram para a recuperação da Igreja de São Cristóvão. “O envolvimento de um projeto comunitário que uniu, não apenas a comunidade cristã, mas também a comunidade local e cultural”. O pároco acrescenta que a venda das telhas permitiu que muitos lisboetas, mas também turistas, sejam “donos de uma parte deste fabuloso monumento” que é propriedade do Estado português.

Atualmente, faltam restaurar 20 telas de Bento Coelho da Silveira que sobreviveram ao terramoto de Lisboa de 1755. O pároco estima que seja necessário um investimento de cerca de 200 mil euros.

Iniciado em 2015, o movimento Arte por São Cristóvão foi suportado pelo Orçamento Participativo e envolveu várias instituições da Mouraria: Renovar a Mouraria, Cozinha Popular da Mouraria, Grupo Desportivo da Mouraria e outras zonas comerciais.

A igreja de São Cristóvão recebeu apoio do orçamento participativo da CML, mas a igreja da Torre recebe apenas apoio dos visitantes e do projecto turístico ( privados).

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