A AD venceu as eleições legislativas deste domingo com 32,10 por cento dos votos. O Chega sobe ao igualar o PS com os mesmos 58 lugares no Parlamento. Perante a evidente derrota do PS Pedro Nuno Santos anunciou, ontem à noite, a demissão da liderança dos socialistas.
Apesar do cenário destas legislativas a politóloga Sílvia Mangerona diz que ainda há incertezas quanto à composição final do Parlamento, ficam a faltar os resultado de 4 mandatos da emigração para saber quem fica como líder da oposição.
“É uma hecatombe para o Partido Socialista e para a esquerda em geral”, comenta a docente de ciência politica Sílvia Mangerona no canal NOW esta manhã. “Creio que ainda vamos precisar de algum tempo para respirar e evitar adjetivações em excesso, mas a realidade é clara: a esquerda perdeu. O único partido da esquerda que conseguiu eleger mais deputados foi o Livre, o que nos permite concluir que a esquerda saiu derrotada destas eleições”.
Apesar do cenário destas legislativas Sílvia Mangerona salientou que ainda há incertezas quanto à composição final do Parlamento. “Como disse, ainda faltam apurar os círculos eleitorais da Europa e fora da Europa. Por isso, não podemos ainda afirmar com certeza qual será a segunda força política no Parlamento e, consequentemente, quem será o líder da oposição”, disse.
A politóloga destaca a importância política do líder oposição que se deve “não apenas pelo protagonismo mediático, mas também em termos protocolares. Ocupa a oitava posição na Lei das Precedências do Protocolo do Estado, conforme o artigo 7.º dessa legislação, que define as 58 entidades mais relevantes no funcionamento do Estado. Estar incluído nesta hierarquia tem grande relevância, tanto a nível interno como externo”.
Sobre a derrota do PS Sílvia Mangerona adianta que Pedro Nuno Santos esteve à altura das circunstâncias, “não havia outra alternativa. Foi a atitude mais sensata e responsável. Enquanto líder do PS, numa situação como esta, tinha de assumir a derrota, independentemente das circunstâncias, da vontade própria ou da pressão interna. Colocou o lugar à disposição, como era esperado”.
“Foi uma postura digna. É, a meu ver, e acredito que para muitos analistas, a atitude mais apropriada para um líder que não conseguiu concretizar a sua estratégia política”, diz Mangerona à análise do discurso de Pedro Nuno Santos.
A comentadora em política da Now apelou a uma reflexão profunda por parte de todos os quadrantes políticos. “A esquerda precisa de refletir — toda ela. Mas também a direita e o centro. A polarização entre esquerda e direita tem vindo a acentuar-se há bastante tempo, não só em Portugal, mas em toda a Europa. Esta tendência para os extremos exige uma reflexão séria por parte do espectro político como um todo.”


