Daniela Cosme: “Há um padrão de falha na investigação de abusos na magistratura.”

Marta Roque
No PODCAST “Justiça às Cegas” Daniela Cosme, Psicóloga e Psicoterapeuta em abusos, diz que muitos casos de abusos sexuais “não avançam para investigação, porque não há provas, e que não se fazem perícias bem feitas. As mães e crianças ficam em risco devido a estas falhas.”
Estas mães abusadas pelo agressor “em vez de receberem apoio recebem uma nova vitimização agora com a instituição do tribunal.”
Está a decorrer uma petição publica de denuncia sobre o abuso institucional de não reconhecimento por parte de magistrados do progenitor agressor sendo concedido o direito a ter visitas em caso de dúvida de violência sexual.
A Psicóloga acompanha mães com processos em quase todas as comarcas do Pais, quer “acreditar que há juízes que trabalham bem”. Mas constata que “há um padrão de falha na investigação de abusos na magistratura.”
“Ainda hoje recebi mensagem de uma mãe: A EMAT ( entidade multidisciplinar que dá apoio ao tribunal) foi à escola e tirou-me o meu filho.” A EMAT dá apoio social ao Tribunal Como a Santa Casa da Misericórdia e as CAF.
Daniela Cosme todas as semanas recebe dezenas de mensagens de mães que falam do abuso institucional. O processo começa sempre com relações abusivas, há uma denúncia que começa com a polícia e termina com a sentença do juiz, segundo a especialista em abusos “estas mães abusadas pelo agressor em vez de receberem apoio recebem uma nova vitimização agora com a instituição do tribunal.”

Alienação Parental
“É o jogo que esse joga nos tribunais”. Mas como é que um abusador pode ficar ilibado de abuso sexual no tribunal? “A mãe denuncia o abuso em que não há marcas visíveis. De um lado está a vitima com o mandatário e do outro lado está o abusador com outro mandatário que está a ganhar dinheiro.
Há varias estratégias de manipulação em que revertem a culpa para a mulher que quer proteger a criança, acusam a mãe de ser mentirosa que está alienar a criança deste pai. Ouve-se mil vezes nos tribunais.”
Para a psicóloga há um “padrão comportamental bem visível e mesmo assim os procuradores e juízes compram isto sem fazer investigações rigorosas perícias.”
As mães ficam descredibilizadas a proteger os filhos, ficam sem dinheiro até que se chega a uma altura que têm de entregar os filhos para visitas forçadas do progenitor agressor.
O síndrome de alienação parental não existe
A lei não existe em Portugal ninguém vai preso por alienação. O perfil do agressor abandona a mulher quando o bebe é pequeno e quando volta exige ver, de forma imposta, a criança. A mãe com receio diz que não, e é assim que começa nos tribunais.
A lei de alienação parental existe no Brasil, mas Daniela Cosme não defende a lei entre nós, “se cá já é tão complicado ainda seria pior com a lei.
E explica: com a denúncia da mãe abre-se de seguida um processo de difamação à mãe. Cosme afirma que  “é mais fácil a mãe ser arguida do que o pai.”
O perfil típico de agressor narcisista
A maior parte dos agressores são narcisistas, o estereótipo não está associado à classe social media ou baixa, os agressores têm uma profissão com formação “tentam vender a imagem para tribunal.”
Quando há consumo de drogas e porte de armas “temos um perfil de personalidade borderline, tem mais descontrole.” explica a psicoterapeuta.
O retrato está estudado: não se expõem, fazem tudo calculado, bem controlado, perto da psicopatia. São altamente manipuladores, sedutores, conseguem manipular uma perícia.
Nas CPCJs ( Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, )EMATS e outras instituições aparecem como vítimas, “sou bom pai ela é que não me deixa ver a criança”.

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Nuno Lumbrales,
Advogado

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