A Tomada da Bastilha ( Prise de la Bastille), foi um acontecimento central da Revolução Francesa, que ocorreu a 14 de julho de 1789. A queda da Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão, é tida como um dos símbolos da República Francesa, celebra-se nesta data o dia nacional da França.
A tempestade napoleónica, disposta a formar um novo e grande império, uma hegemonia francesa, pretendia agregar a Europa em torno de França.
A Europa, na viragem do século XVIII para o XIX, foi alvo de tremendas inquietações as quais provocaram grandes mudanças, com os desequilíbrios inerentes, os quais se repercutiram na sociedade, na política, na religião e, duma forma mais abrangente, veio a revelar uma profunda alteração de valores, alguns dos quais ainda hoje se fazem sentir.
A Revolução Americana, em 4 de Julho de 1776, deu origem à independência dos EUA. “Na América do Norte produziu-se um acontecimento capital: depois de uma guerra prolongada, a Inglaterra era compelida a aceitar o triunfo da revolta dos colonos britânicos que, esmagando por outro lado os índios aborígenes, proclamavam a sua independência e criavam os Estados Unidos, que pelo Tratado de Versalhes, Londres reconhecia em 1783”.*
Nas circunstâncias de fragilidade em que a Grã-Bretanha ficou, eis que surge uma tempestade napoleónica, disposta a formar um novo e grande império, uma hegemonia francesa, que agregaria a Europa em torno de França.
Naturalmente avizinhavam-se para Portugal e Espanha, tempos difíceis que se reflectiriam nas respectivas colónias espalhadas por esse mundo além.
As bases ideológicas da mudança tinham sido paulatinamente lançadas, livres-pensadores foram abrindo caminho com as suas novas ideias e ideais. Montesquieu, Voltaire e Rousseau, entre outros, foram delineando um outro futuro para a res publica, abrindo o caminho para eclodir a Revolução Francesa.
Logo no seu início, “Mirabeau traçava um quadro do continente: a Espanha e a França deviam ser aliadas, e considerar como inimigo comum a Inglaterra; com esta a reconciliação seria inviável; nem a Prússia nem a Áustria poderiam ser havidos como amigos; e os principados italianos não mereciam confiança. Em face deste mapa político, Mirabeau queria uma França forte: seria a única forma de manter a paz na Europa”. (…)
“Mas a revolução uma vez desencadeada, segue o seu curso,: a queda da monarquia, a Convenção como assembleia constituinte; a invasão prussiana, o estabelecimento do Terror e a ditadura de Robespierre, a proclamação da República, a organização do Directório, o regime do Consulado, o retorno à monarquia, o império com Bonaparte. E a França de Mirabeau, que havia declarado a paz à Europa, transforma-se na França napoleónica, também servida por Talleyrand, que vai declarar a guerra ao continente”. *
Todavia, a tempestade napoleónica que parecia ser definitiva e abalar todo o continente europeu foi efémera e, em 1808, ” Junot terá chegado a Lisboa com pouco mais de 10 000 homens; outros tantos terão ficado dispersos pelo caminho, famintos, doentes, perdidos. Se Portugal houvesse feito algum esforço militar não teria sido inviável bater os franceses”. *
O grande sonho de Napoleão era conquistar o Porto e, sobretudo, Lisboa, esta também era a obsessão de Junot, logo que aqui chegou substituiu a bandeira portuguesa pela francesa no castelo de S. Jorge.
. Era uma estratégia não só política como também comercial.
Junot sofre um revés e as invasões repetem-se em Portugal: com Soul em 1809 e Massena em 1910. As forças nossas aliadas já estavam em campo e as tropas portuguesas, agora treinadas e experientes fizeram face ao invasor. Na nossa memória permanecem as batalhas das Linhas de Torres e do Buçaco, para finalmente, em Abril de 1811, os franceses terem sido definitivamente batidos e expulsos perto de Almeida, junto da fronteira.
Entre Setembro de 1814 e Junho de 1815, o pesadelo napoleónico foi concluído no Congresso de Viena, uma conferência entre os embaixadores das grandes potências europeias, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu. A Batalha de Waterloo, em 18 de Junho de 1815, devolveu a Europa ao seu estilo intelectual palaciano, as sumptuosas festas voltaram a Schoenbrun, com cerimónias em luxuosas palácios de Viena aos quais não faltava Beethoven que dirigia pessoalmente a execução da sua Sétima Sinfonia – A Heroica, destinada a assinalar o momento histórico que se vivia.
Um facto é que esta nova fase de equilíbrio concertado em Viena no ano de 1815, viria a perdurar por mais um século, até ao dia 24 de Junho de 1914, quando em Sarajevo, capital da Bósnia, o arquiduque, Francisco Fernando, herdeiro dos Habsburgos e a sua mulher foram assassinados.
Foi o começo da I Grande Guerra, a qual não voltaria a permitir que a Paz renascesse. A Guerra de 14-18 provocou o declínio da Europa, a descolonização, a destruição da sociabilidade europeia, a americanização dos costumes, a imigração e o terrorismo. Mas a sua pior herança foi a II Guerra Mundial, ainda mais mortal e destrutiva do que a anterior.
*- “As Crises e os Homens, de Franco Nogueira”