Fólio25. Édouard Louis, autor de “O Colapso”, visita a exposição “Na Fronteira do Oceano à Poesia de Camões”

Marta Roque

O autor de “O Colapso”, vencedor do prémio Les Inrockuptibles, o mais recente e aclamado livro de Édouard Louis, marca presença no Fólio – Festival Internacional de Literatura em Óbidos 2025.

Na inauguração do Festival, Édouard Louis o amigo de Patti Smith e Laura Anderson, visitou a exposição de pintura de Maria Sobral Mendonça em destaque na Pousada do Hotel Sana na vila de Óbidos.

Édouard Louis, escritor francês, visita a exposição “Na Fronteira do Oceano à Poesia de Camões”, um políptico inédito inspirado nos Descobrimentos  nos “Lusíadas” de Luís Vaz de Camões. Édouard Louis viu nos cinco quadros o Mar Português, tendo abordado a pintora Maria Sobral Mendonça comentou à autora desta obra sobre Luís Vaz de Camões a sua relação com a cor azul, com a qual o escritor se identifica.

A obra de pintura camoniana “reflete as fronteiras entre o oceano e a imaginação, onde a história se dissolve na cor e a poesia se transforma em luz,  e que no oceano se faz poesia e a cor se torna memória”, comenta a pintora Maria Sobral Mendonça.

Exposição do políptico sobre a obra “Os Lusíadas” de Luíz Vaz de Camões “Na Fronteira do Oceano à Poesia de Camões” da autoria da pintora Maria de Sobral Mendonça

Sobre o encontro com o escritor francês Maria Sobral Mendonça diz que foi “um encontro breve, quase silencioso, mas cheio de significado. Ele aproximou-se e pousou junto da peça que integra a programação do FÓLIO, como que guiado por uma força invisível que une palavra e cor, pensamentos e matéria,” escreve a pintora na sua conta do Instagram. “O acaso quando é verdadeiro, tem uma precisão poética,” sublinha Maria Sobral Mendonça.

O escritor francês em ascensão na critica internacional, amigo de Patti Smith e Lara Anderson, Edouard Louis visitou este sábado a exposição da artista Maria Sobral de Mendonça no FÓLIO25

Édouard Louis, amigo de Patti Smith e Laura Anderson confirmou o seu lugar no panorama literário internacional com as obras de autoficção “História da Violência”, originalmente publicada em 2016, e “Quem Matou o Meu Pai”, em 2018, ambas adaptadas ao teatro. Seguiram-se títulos como “Changer: méthode” ou o mais recente “O Colapso”, um livro sombrio, dilacerante, político e íntimo.

«O meu irmão passou uma grande parte da sua vida a sonhar. No seu mundo pobre e operário, onde a violência social se manifestava muitas vezes na forma como limitava os seus desejos, ele imaginava que se tornaria um artesão mundialmente famoso, que viajaria, que faria fortuna, que repararia catedrais, que o seu pai, que tinha desaparecido, regressaria e o amaria. Os seus sonhos chocavam com o seu mundo e ele não conseguia realizar nenhum deles. Queria sobretudo fugir da sua vida, mas ninguém o tinha ensinado a fugir, e tudo nele, a sua brutalidade, o seu comportamento com as mulheres e com as outras pessoas, o condenava; as únicas coisas que lhe restavam para esquecer eram o jogo e o álcool. Aos trinta e oito anos, após anos de fracasso e depressão, foi encontrado morto no chão do seu pequeno estúdio. Este livro é a história do seu colapso,» diz Edouard Loius.

Segundo a crítica do jornal Le Nouvel Observateur: «Livro a livro, Édouard Louis vai compondo uma espécie de Oresteia contemporânea. A sua, porém, não descreve reis e semideuses, mas a classe operária do norte de França, dando um alcance trágico à história da sua própria família.»

Édouard Louis nasceu em Hallencourt, França, em 1992. Estudou História na Universidade de Picardia e Sociologia na Escola Normal Superior de Paris. Obteve o imediato reconhecimento da crítica e do público com o seu polémico livro de estreia, “Para Acabar de Vez com Eddy Bellegueule”, de 2014, com o qual foi finalista do Prémio Goncourt para Primeiro Romance. A sua obra está traduzida em mais de trinta países.

Maria Sobral Mendonça expõe no FÓLIO25

 

A obra da artista Maria de Sobral Mendonça transita entre pintura, vídeo-instalação e arte pública, com criações como “O Canto da Seara” (Évora, 2009), “Sioux: A Visão do Bisonte Bravo” (Lisboa, 2010), “Lusitânia Pátria Minha” (Lisboa, 2011) para o Palácio da Independência de Portugal, as pinturas religiosas para a nova Igreja da Outurela (Oeiras, 2015), e Nossa Senhora da Torre (2022, Museu PIO XII).

Recebeu distinções como o Certificat de Distinction da UNESCO (1999), menções honrosas em Bienais de Arte Sacra e na Bienal Internacional de Valência, onde foi selecionada na categoria de vídeo-instalação e distinguida na área da pintura. Integra coleções do Ministério da Cultura, dos Negócios Estrangeiros de Portugal, e das Câmaras Municipais de Évora, Braga, Santarém, Figueira da Foz, Lisboa, entre outras.

Maria Sobral Mendonça (1963), artista visual residente em Lisboa, iniciou a sua intervenção plástica em 1994 com a exposição “Tocar com a Mente” no Panteão Nacional. Frequentou o curso de Design no IADE e Pintura na AR.CO, explorando uma profunda relação entre arte e espaço.

Destaca-se por exposições em locais emblemáticos, como o Panteão Nacional (Tocar com a Mente), a Capela Real do Palácio Nacional da Ajuda (Lápis Exilis), o Convento de Santa Mónica (A Perda do Eu pelo Outro), os Paços do Concelho (Tikkun – A Libertação do Pecado), o Museu de Lisboa (O Cerco de Lisboa, 2023), o Museu PIO XII (O Silêncio da Palavra), a Casa da Cultura do Ayuntamiento de Estepona (Art & Toros), o Museu do Sal na Figueira da Foz (Sal & Ar), a Bienal de Arte Sacra e a Bienal de Valência (2024).

Além de exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro, colabora com instituições culturais e desenvolve projetos de design em cerâmica, vidro e porcelana. Representada em coleções públicas e privadas, Maria Sobral Mendonça mantém um percurso vivo de residência artística, criação e partilha.

Seja Apoiante

O Estado com Arte Magazine é uma publicação on-line que vive do apoio dos seus leitores. Se gostou deste artigo dê o seu donativo aqui:

PT50 0035 0183 0005 6967 3007 2

Partilhar

Talvez goste de..

Apoie o Jornalismo Independente

Pelo rigor e verdade Jornalistica