Preparar a vida neste Natal

Guiomar Macedo, Fadista e Escritora

Tudo nos é dado. Tudo é aprendido. Por isso, tudo precisa de ser ensinado e aprendido. A vida define-se pela bênção original que é a da vida. Precisamos de a receber e estimar, quer na família, quer na sociedade, de a colocar como prioridade dos esforços humanos.

A bênção original. Numa vida sempre sentida como incompleta há quem se pergunte se o copo é meio cheio ou meio vazio. Perante o mistério do mal – do desamor, das injustiças, da violência, …. – é fácil que nos vejamos tristes, perplexos, desalentados e, sobretudo, descrentes do sentido que a vida faz. Que nos perguntemos se a vida não virá com defeito de fabrico; se não faltarão parafusos. Mas, mal comparado, quem compra um pacote de Lego acha que o brinquedo devia vir pronto? Precisamos de parar de protestar com as “peças” da vida, de as maltratar, e precisamos de aprender para que servem, como se encaixam, como funcionam em cada momento da vida, e como se completa a obra.

Tudo nos é dado. Tudo é aprendido. Por isso, tudo precisa de ser ensinado e aprendido. A vida define-se pela bênção original que é a da vida. Precisamos de a receber e estimar, quer na família, quer na sociedade, de a colocar como prioridade dos esforços humanos.

Quando aceitarmos que somos chamados, não a destruir, mas a estimar, a reconhecer e a valorizar cada pessoa, bem como a natureza e cada criatura de Deus, saberemos melhor ouvir a música da existência. Nós é que precisamos de nos sintonizar mais com o valor das coisas do que com o seu preço. A vida não tem preço, é sagrada.

Precisamos de ver todas as vidas como um dom, com que Deus abençoa a vida que cria. De compreender que Jesus nos indica o amor como instrução de “funcionamento” da vida, necessário durante todo o processo que é ser pessoa, do primeiro ao último momento da existência. E, sobretudo, que somos chamados por Deus a ser parte, que sente, pensa e faz a sua parte nesta vida. Vida de que não somos donos perante Deus, mas apenas administradores, que a Ele darão contas do que lhes foi pessoalmente confiado.

É nosso dever é nossa salvação. Viver semeando o amor é nosso dever porque é nossa salvação; fonte de saúde. Todos os anos nos é dado prepararmo-nos para voltar a contemplar e a acolher em nós o nascimento de Jesus, Deus encarnado. Nasce na contingência da vida e na fragilidade do que é ser humano. Assim também viveu e morreu. Mas a Sua vida, em que foi muito amado pela Mãe e pelo Pai, transforma-se na dádiva que resgata, para sempre, toda a humanidade de ter a morte como último horizonte da vida.

Do Latim mor, moris, (que significa morte) com o prefixo a, (que significa sem), a palavra amor significa sem morte. A própria palavra nos indica que o amor não morre. É a única coisa que não morre. A Boa Nova, a notícia de que Deus, o Criador, nos ama é a dádiva trazida por Jesus à humanidade. E que é dirigida a todos sem exceção.

Preparar o Natal é acolher a possibilidade de viver uma vida com sentido. Um sentido que é vivido nos sentidos, e para além deles, pois vai além da realidade material da existência. Aprender a viver com Cristo no coração, em Cristo e por Cristo é receber a vida que vem do “alto”. É nascer para uma nova realidade, em que a vida é percebida como possível e como bênção. Em que a vida é para todos e em que o amor chega a cada um. Até que Deus seja tudo em todos.

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