Os políticos são por norma gente sem coluna vertebral e como tal o António ouviu o Marcelo e calou-se, porque entre eles, digamos que uma mão lava a outra e está tudo certo. Mas o problema é que ao associar a “lentidão” como uma característica própria dos orientais, o Presidente da República manifestou uma opinião e teve uma atitude claramente racista, diria mesmo profundamente racista e ninguém tomou nota deste comportamento do presidente.
Vai para duas semanas que o Presidente da República decidiu ter umas conversas de alcoviteira de esquina com uns jornalistas estrangeiros, daquelas ao nível de mixórdia política, com origem na verborreia presidencial – vamos ser meigos -, em que se permitiu sacanear tudo o que anda à sua volta. É sempre bom deixar passar uns dias, para a poeira poisar e depois então falarmos do assunto.
Evidentemente que o presidente pode dizer que António Costa é um tipo “lento”, enfim, porque é “oriental”, disse ele e podemos dizer que isso é um assunto entre eles, e o ex-primeiro ministro nem se importará muito de ser diminuído desta forma, desde que Marcelo continue a andar por aí a fazer campanha, a dizer que o apoia para um alto cargo na Europa.
Os políticos são por norma gente sem coluna vertebral e como tal o António ouviu o Marcelo e calou-se, porque entre eles, digamos que uma mão lava a outra e está tudo certo. Mas o problema é que ao associar a “lentidão” como uma característica própria dos orientais, o Presidente da República manifestou uma opinião e teve uma atitude claramente racista, diria mesmo profundamente racista e ninguém tomou nota deste comportamento do presidente.
Como foi o Marcelo comentador, antigo colega da comunicação social, todos fizeram de conta que não ouviram e está perdoado e não tem problema. Mas fica registado que o Presidente da República foi obviamente racista.
Mas ele não se ficou pelo anterior, de uma penada matou dois coelhos e catalogou igualmente de “lento”, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Embora “não sendo oriental”, mas é também “lento”, disse ele, porque “vem do país profundo” e aqui fica registada a sobranceria e o desdém com que Marcelo olha para o tal país profundo e como tal, Montenegro até consegue ser “urbano”, o que já não é nada mau, mas com “comportamentos rurais”.
E dir-se-á, mas o que é isso de comportamentos rurais, seja lá o que isso for? Pois, o problema é a forma petulante como esta suposta elite urbana, em que se integram a grande maioria dos políticos que regem a nação e pelos quais infelizmente somos regidos, olham para o interior, percebendo assim a razão pela qual temos um país a dois tempos, porque o interior eles acham que é de gente “lenta”.
Neste caso, ficou a demonstração do mau caráter do presidente Marcelo, maquiavélico de pensamento, mixordeiro de língua, e cobarde de atitude, sem qualidades para o exercício do cargo de Presidente da República. Evidentemente que Montenegro também não se importará de ter sido destratado desta forma, desde que em troca Marcelo o vá deixando governar mais ou menos em paz durante uns mesitos e aí está a tal falta de coluna vertebral, que permite que uma mão lave a outra.
Claro que o presidente teve a intenção óbvia de mostrar ao estrangeiro que em Portugal só sobra uma estrela cintilante no universo político nacional, ele próprio e mais nenhuma. Marcelo é isto, acorda e adormece sacana.
E como um mau caráter será sempre um mau caráter, nem o próprio filho escapou à língua viperina do presidente, acrescentando, na mesma conversa de alcoviteiras de esquina, que ele julgava que estava a ser em “off”, que teria cortado relações com ele, a propósito do escandaloso caso das gémeas brasileiras que vieram a Portugal usufruir de um tratamento indevido, ilegítimo e ilegal, que custou quatro milhões de euros aos bolsos dos contribuintes.
O presidente fez dos portugueses um bando de gente estupidificada, como se ainda houvesse alguém que não percebesse que ele próprio, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve totalmente envolvido no assunto, tentando cobardemente fugir às responsabilidades, não tendo dúvidas em acusar e incriminar o seu próprio filho e o ex-secretário de estado da saúde, que mais não foi do que um idiota útil ao serviço do presidente.
De facto, vergonha e decência, são características que não lhe assistem ao carácter e vamos lá sacudir a água do capote, deixando o filho sozinho nos lençóis da justiça.
É caso para perguntar, se para revalidar uma carta de condução, os cidadãos com 60 ou mais anos têm que fazer testes médicos para aferir das suas capacidades cognitivas, por que razão não se obriga ao mesmo os detentores de cargos públicos? Estamos perante um caso evidente do foro da medicina.