Biden está entre “a espada e a parede” na guerra Israel-Hamas: quer ganhar as eleições de novembro, mas a coligação eleitoral que lhe pode dar a vitória está fraturada relativamente ao tema de Israel e a Palestina. Segundo as últimas sondagens, Trump está a descolar um pouco e aumentar a diferença em relação a Biden nos ‘swing states’, todos os processos judiciais não parecem estar a prejudicar a campanha.
Biden não consegue ganhar as eleições se grande parte do seu eleitorado ficar em casa e decidir não votar em Novembro. Daí a mudança recente de postura: se por um lado, apoia Israel e vai fornecer armas de cariz defensivo, por outro lado critica Israel relativamente à ofensiva a Rafah.
A critica de Biden da invasão de Israel a Rafah faz parte de “um cálculo político”, o partido democrático não está unido nesta questão, por outro lado Biden apoia Israel para atingir os objetivos as capacidades operacionais e políticas em de ir a Rafah, onde se encontram ainda grande parte dos membros do Hamas, inclusive em túneis subterrâneos, diz Ana Cavalieri, investigadora e docente do Instituto de Estudos Políticos da UCP.
O conflito entre Israel-Hamas subiu de tom depois da entrada dos israelitas na semana passada em Rafah. O Hamas aceitou o acordo de cessar-fogo com Israel proposto pelo Catar, Egito e Estados Unidos, mas a negociação fica em causa com a entrada de Israel em Rafah.
Biden está entre “a espada e a parede” na guerra Israel-Hamas: quer ganhar as eleições de novembro, mas a coligação eleitoral que lhe pode dar a vitoria está fraturada relativamente a este tema de Israel, Palestina e Hamas, adianta a comentadora da SIC notícias, especialista em política americana ao Estado com Arte Magazine.
A postura de Biden de criticar abertamente a invasão a Rafah faz parte de um “cálculo político”, segundo a docente o partido democrático não está unido nesta questão, onde parte do seu eleitorado continua a apoiar Israel para atingir os objetivos operacionais e políticos, que só poderão ser concretizados com a entrada em Rafah para eliminar a rede de terroristas do Hamas que fugiram para essa área e que permanecem em túneis subterrâneos, usando civis palestinianos como escudos humanos.
“O que se passa não é um genocídio. Israel tinha capacidade de matar um milhão rapidamente se quisesse o extermínio das pessoas em Gaza. Se o rácio, que segundo os números que são divulgados, são de cerca de 15 000 combatentes do Hamas eliminados e 15 000 vitimas civis, apesar da tragédia horrível e do sofrimento que não se consegue imaginar, em termos de guerra no contexto urbano, relativamente a outros exércitos, nomeadamente o Americano, ou em outras operações como em Mosul, as forças de defesa israelita parecem estar a ter melhores resultados em termos de poupar civis,” explica a comentadora da SIC notícias ao Estado com Arte Magazine.
“O governo israelita está convicto que não consegue atingir os seus objetivos de desmantelar as capacidades operacionais e de domínio político do Hamas em Gaza, se não atuar em Rafah, mas também aquilo que os EUA querem é um plano para mover milhares de civis em Rafah,” acredita Cavalieri, plano esse que pela complexidade logística e pelo risco de vida que irá representar para soldados israelitas, ainda não existe.
Democratas divididos
Os Democratas moderados, vulgo liberais, ainda apoiam Israel, mesmo que muitos sintam que a agressividade ofensiva desta operação quanto ao numero de vítimas civis esteja a ser exagerado. Consideram que Israel tem uma posição estratégica para os Estados Unidos no médio oriente, consideram que Israel é o único aliado nesta região do globo, tem uma democracia liberal, protege o direito de mulheres e raparigas, há pluralismo político e religioso, a comunidade LGBTQI pode viver com segurança, o que para alguns democratas essas causas são importantes.
Mas para a seção mais radical de esquerda cada vez mais preponderante no Partido Democrata, e que tem defendido um discurso expressamente anti-Israel, Israel representa um país opressor, genocida, um estado que representa o ‘neocolonialismo’ e imperialismo do ocidente. “É uma fação da esquerda profundamente anti-Americana, que encara os EUA como uma nação imperialista baseada em supremacia branca,” na visão da investigadora. Defendem que no território de Israel e Palestina deve haver apenas um estado de maioria palestiniano e abertamente rejeitam a solução de dois estados. Israel, na ótica destes progressistas, “deve deixar de existir.”
Entretanto, Biden não consegue ganhar as eleições se grande parte do seu eleitorado ficar em casa e decidir não votar em Novembro. Daí a mudança recente de postura: se por um lado, apoia Israel e vai fornecer armas de cariz defensivo, por outro lado critica Israel relativamente à ofensiva a Rafah.
O Presidente norte-americano disse há duas semanas que suspendeu um envio de armas específicas de cariz ofensiva para Israel, o que para Ana Cavalieri “é um absurdo para alguém que quer poupar vidas civis em Rafah. Estas armas são mais cirúrgicas, tem maior rigor e mais calibradas para atingir os alvos sem total devastação em danos colaterais; Israel sem estas armas e achando necessário avançar com esta operação, vai usar outras menos eficazes, avançadas e certeiras, através das quais vitimas civis podem ocorrer mais facilmente.”
Rácio de mortes inflacionado, admite ONU
O número de mortes publicado pela ONU desce para metade as vítimas que consideram ser de mulheres e crianças até 18 anos. “Não se pode ignorar que muitos dos combatentes do Hamas são bastante novos, têm 16 a 17 anos, e são considerados crianças também nestas estatísticas. As pessoas e meios de comunicação tendem a repetir acriticamente os números de vítimas do Hamas. Existe agora uma propaganda muito eficiente que tem conseguido vingar a narrativa de que Israel está a fazer um genocídio em Gaza.”
Se o rácio, que segundo os números que são divulgados, são de cerca de 15 000 combatentes do Hamas eliminados e 15 000 vitimas civis, apesar da “tragédia horrível sofrimento que não se consegue imaginar, em termos de guerra no contexto urbano, relativamente a outros exércitos, nomeadamente o Americano, ou em outras operações como em Mosul, as forças de defesa israelita parecem estar a ter melhores resultados em termos de poupar civis”.
Eleições americanas em Novembro: Biden ou Trump?
As últimas sondagens apontam Trump a descolar um pouco de Biden e a aumentar a diferença nos ‘swing states’, os processos judiciais parecem não estar a prejudicar os números do republicano. Tanto na imigração como na economia, os tópicos que mais mobilizam eleitores independentes neste ciclo eleitoral, Trump tem uma taxa mais favorável do que Biden, que está muito enfraquecido.
Biden vai ser nomeado como o candidato democrata na convenção do partido como ‘incumbent’, ou seja, a candidatar-se para segundo mandato. “Apesar de Biden ser o nomeado Democrata, não existe, pelo menos por agora, o entusiasmo necessário da sua base democrata para que no dia das eleições centenas de milhões pessoas saiam às urnas para votar na sua reeleição. O entusiasmo das bases – de eleitores registados como democratas ou republicanos – é fundamental para ganhar eleições. Os independentes decidem, mas se as bases não aparecerem, o candidato não tem hipótese.
Tanto os independente como os Democratas moderados não acham que a administração Biden tenha conseguido abordar com sucesso problemas com a imigração e a inflação, que estão no topo das preocupações destes eleitores. A crise migratória na fronteira com o México está desastrosa, e apesar de algumas notícias positivas no lado da economia, os preços continuam a subir, as famílias vêm as suas contas de supermercado e eletricidade continuar a subir, têm a perceção que vivem uma fase difícil da economia, e culpam a administração Biden por ineficácia.”
Em resumo: Biden só não está numa situação de descalabro eleitoral, porque Trump continua muito impopular em demografias eleitorais que são fundamentais, nomeadamente as mulheres.
Congresso Americano votou o pacote para guerra da Ucrânia
A aprovação da ajuda de armamento foi fundamental para que os Ucranianos consigam resistir nas suas linhas de defesa, já que os russos têm conseguido alguns avanços nos últimos meses. As forças Ucranianas estavam desesperadas por munições e sistemas de defesa anti-aéreo, que só os Americanos conseguem providenciar. “Os Ucranianos estão num esforço de guerra quase insustentável”, com cada vez menos homens com idade para combater disponíveis para serem chamados a integrar as forças militares.
Estados Unidos e a Europa na guerra da Ucrânia
A investigadora de política americana crítica a forma como o ocidente está a gerir a guerra da Ucrânia, já que entende que os meios que foram disponibilizados como ajuda ao exército Americano nunca foram adequados ou suficientes para atingir o objetivo declarado de resistir e repelir a invasão Russa. “Se existe um objetivo comum definido e partilhado pelos Estados Unidos e a Europa de ajudar a Ucrânia de recuperar o território invadido pela Rússia e repelir o ímpeto expansionista Russo, os meios – desde armas, munições, sistemas de defesa anti-aéreos, etc. – que dedicaram a esse objetivo foram e continuam a ser insuficientes.”
As armas e munições disponibilizadas são suficientes para condicionar este conflito e torná-lo numa guerra de atrito, de desgaste, longa, com a Ucrânia a ter o suficiente para manter as linhas de defesa, mas “nunca com o volume de armas, munições e sistemas de defesa suficientes para haver uma real hipótese de vitória Ucraniana. Há um prolongamento do sofrimento para aquilo que será o fim provável da guerra, uma negociação do fim do conflito em que as regiões da Crimeia e do Donbass, serão cedidas à Rússia. Putin não irá prescindir delas e não se tem coibido de sacrificar centenas de milhares de jovens Russos neste esforço de guerra.”
A posição do ocidente é, segundo Ana Cavalieri, criticável, porque “dão apenas o suficiente para os ucranianos se manterem na guerra, manter as suas linhas de defesa, eliminar centenas de milhares de soldados russos e enfraquecer a máquina militar Russa, mas em troca do sofrimento e sacrifico Ucraniano não proporcionam a ajuda necessária para expelirem as forças russas do seu território.”


