Maria Antónia Almeida Santos, diz que é “incompreensível” a atitude do governo, que resolveu alterar estratégia do SNS em plena crise e “começar de novo.” A antiga deputada do PS da área da Saúde comenta como “a desmotivação e a falta de estratégia está à vista.” Assim “só tende a piorar” e com a saúde “não se fazem experiências para alimentar egos.”
Maria Antónia Almeida Santos, ex-deputada do PS, membro da Comissão da Saúde na última legislatura, ao Estado com Magazine diz que “lamenta muito” a opção do Governo por “alterar a trajectória” que estava a ser seguida pela anterior Direção do SNS, já estava numa fase de consolidação, difícil de conseguir”, e que segundo a ex-deputada tinha o “consenso dos profissionais”. Das 15 medidas apresentadas pelo governo para serem realizadas até final de agosto de 2024, apenas 1 foi concluída: uma extensão telefónica do SNS24 para as grávidas.
A jurista diz que foi “com espírito de missão de todos e conscientes que era preciso ainda manter uma maior concentração de recursos disponíveis em Julho e agosto, estavam todos preparados.”
Numa atitude “incompreensível”, o Governo resolveu alterar em plena crise e começar de novo, adianta Maria Antónia Almeida Santos. “A desmotivação e a falta de estratégia está à vista. Assim só tende a piorar e com a saúde não se fazem experiências para alimentar egos.”
Quanto a propostas concretas para atenuar a situação de descalabro das urgências obstetrícias Maria Antónia Almeida Santos tem a convicção de que “no meio desta confusão e sentimento de insegurança que foi criado, só alguma previsibilidade e o bom funcionamento da linha SNS 24.”
Por isso, “só com tempo se poderá atenuar” os problemas mais estruturais.
SNS em declínio, segundo especialista

Numa área crítica e claramente sem os recursos humanos necessários, a distribuição de tarefas e a sua delegação são essenciais, sugere o médico em artigo de opinião publicado no Estado com Arte Magazine ( 9 de agosto, 2024).
Existem enfermeiros especialistas em ginecologia/obstetrícia que poderiam realizar os partos de baixo risco e mesmo atender as grávidas de baixa gravidade e risco nas urgências, defende o médico.
Na análise à situação dramática do SNS, considera que contratar médicos recém especialistas quando acabam a especialidade deveria ser uma prioridade.
Acredita que ainda antes de os estudantes de medicina acabarem a especialidade já deveriam estar contratados. Há mais de 400 médicos de família que terminaram a especialidade em março e que ainda não estão colocados, as vagas só abriram no verão. “De março a agosto vão 6 meses, 6 meses em que estes profissionais tiveram a vida em suspenso e que puderam escolher ir para o privado ou para o estrangeiro. Uma das principais medidas para termos mais médicos no SNS, talvez fosse primeiro não lhes dar motivos para sair.”
Das 15 medidas apresentadas pelo governo para serem realizadas até final de agosto de 2024, apenas 1 foi concluída. E essa medida é uma extensão telefónica do SNS24 para as grávidas. “Mantiveram-se os mesmos trabalhadores, enfermeiros não especialistas, mas com essa extensão as grávidas já sabem para onde não se devem deslocar com risco de ver as urgências fechadas.””
O grande problema, segundo o médico, é que “os planos que se fazem ou são impossíveis de realizar ou não são seguidos, pelo menos nos prazos propostos. Ao criar expectativas irrealistas na população, quando estes planos começam a falhar perde-se toda a credibilidade e apoio. E sem credibilidade perde-se a confiança que é tão necessária também para recuperar o nosso SNS. “
No entender de José Padrão Mendes fazer as reformas necessárias no SNS tem de se fazer um “acordo multipartidário para muitos anos, tem quase de ser como se fosse uma reforma constitucional, deveria ser acordada com mais de 2/3 dos votos da Assembleia da República para se manter no tempo.”