Um total de 203.946 funcionários foram demitidos em mais de 165 empresas de tecnologia em todo o mundo desde o início de 2024, com empresas como a Dell, Intel e Tesla a liderar os cortes, segundo um estudo da corretora de valores BestBrokers.
A chinesa Li Auto também está no topo da lista, tendo reduzido sua força de trabalho em 10.000 funcionários, o que representa 77,52% de todos os cortes de empregos feitos por empresas chinesas desde o início do ano. A gigante alemã de software SAP demitiu cerca de 9.500 cargos como parte de seu plano de reestruturação para 2024, enquanto a japonesa Toshiba eliminou 9.000 funções. Outras empresas com reduções significativas da força de trabalho incluem Getir, Paytm, Telefónica, Microsoft e Xerox.
O ano passado, a indústria de tecnologia enfrentou uma onda brutal de demissões, com 167,6 mil funcionários perdendo seus empregos apenas nos primeiros três meses, superando o número total de demissões de todo o ano de 2022. Essa tendência de cortes de empregos continuou em 2024, impulsionada por desafios econômicos, altas taxas de juros e rápidos avanços na inteligência artificial, não mostrando sinais de desaceleração.
Para ilustrar a escala e a distribuição das demissões globais de tecnologia a partir deste ano até agora, a equipa da BestBrokers analisou mais de 700 anúncios de demissões do setor de tecnologia rastreados pelo portal de empregos de TI . Os investigadores organizaram as demissões no banco de dados por empresa e país de sede, identificando as empresas que mais cortaram empregos desde janeiro de 2024.
As descobertas revelam que um total de 203.946 funcionários foram demitidos em mais de 165 empresas de tecnologia em todo o mundo desde o início de 2024, com empresas como Dell, Intel e Tesla liderando os cortes. Enquanto os principais players de tecnologia de países como China (12.900 funcionários demitidos), Alemanha (12.417 funcionários demitidos), Japão (12.240 funcionários demitidos) e Índia (8.560 funcionários demitidos) fizeram reduções significativas na força de trabalho, as empresas sediadas nos EUA lideram a lista de demissões deste ano com impressionantes 115.257 cortes de empregos, representando mais da metade do total global.
O que está a impulsionar as demissões em massa da tecnologia?
As demissões no setor de tecnologia começaram como consequência do excesso de contratações durante a pandemia de COVID-19. No início, as empresas expandiram rapidamente suas forças de trabalho para atender à crescente demanda por produtos e serviços digitais. No entanto, à medida que o bloqueio terminou e a procura por esses produtos diminuiu, muitas empresas descobriram que tinham mais funcionários do que o necessário, o que levou a cortes significativos de empregos. Apenas no ano passado, mais de 260.000 trabalhadores de tecnologia em todo o mundo perderam seus empregos.
O aumento das taxas de juros, que tornaram os empréstimos mais caros, apenas exacerbou ainda mais a situação. As empresas foram forçadas a reavaliar suas estratégias e cortar custos, muitas vezes por meio de reduções na força de trabalho. Alguns especialistas preveem que as perdas de empregos nos EUA podem continuar a aumentar nos próximos meses, à medida que as empresas lutam financeiramente devido a essas altas taxas, potencialmente elevando a taxa de desemprego para 5% até o final do ano.
Além disso, os avanços nas tecnologias de automação e IA levaram a que certas funções se tornassem redundantes, levando as empresas a reestruturar e reduzir o tamanho de suas equipes de acordo. As empresas de tecnologia, em particular, estão investindo pesadamente em IA, frequentemente às custas de empregos humanos. Outros fatores que contribuem para a onda contínua de demissões de tecnologia incluem desaceleração econômica, aumento da inflação, queda dos preços das ações, desaceleração das vendas e preocupações com uma possível recessão.
Empresas da Califórnia lideram demissões de tecnologia nos EUA em 2024
Nos EUA, as empresas de tecnologia sediadas na Califórnia assumiram a liderança nas demissões este ano, com um total de 48.055 cortes de empregos, representando 41,69% de todas as perdas de empregos em todo o país. A alta concentração de empresas de tecnologia do estado, especialmente em Silicon Vale, provavelmente explica o número substancial de reduções. Uma grande parte desses cortes vem da fabricante de chips Intel, que sozinha eliminou 15.000 empregos ou 31,21% do total de perdas de empregos na Califórnia. Outras reduções significativas vêm da fabricante de equipamentos Cisco, que perdeu 8.000 vagas, e da empresa de pagamentos digitais PayPal, que reduziu sua equipe em 2.500 pessoas.
As empresas de tecnologia no Texas e em Washington também fizeram reduções significativas na força de trabalho, com um total de 35.066 e 6.949 funcionários afetados, respetivamente. A Flórida também está no topo, com 4.099 empregos eliminados em sete empresas de tecnologia. Notavelmente, mesmo quando combinados, os cortes das empresas nesses estados não excedem o número total de perdas de empregos relatadas apenas por empresas sediadas na Califórnia. No outro extremo do espectro, as empresas em Montana e Virgínia anunciaram o menor número de reduções, com um total combinado de apenas 90 cortes de empregos desde janeiro de 2024.
Empresas com as maiores reduções de força de trabalho em 2024 até agora
Embora grandes gigantes da tecnologia como Intel, Tesla, Microsoft e Cisco tenham demitido um número significativo de funcionários este ano até agora, é a fabricante de PCs Dell, com sede no Texas, que se destaca por cortar a maioria dos empregos em duas rodadas de demissões.
Depois de cortar 6.000 empregos no início deste ano, a Dell anunciou uma redução adicional de aproximadamente 10% de sua força de trabalho, ou cerca de 12.500 funcionários. Esta última rodada de demissões faz parte de uma grande reorganização dentro da empresa, que inclui o estabelecimento de uma nova divisão focada em produtos e serviços de IA. Esses cortes baseiam-se nas reduções do ano fiscal anterior, durante o qual a Dell eliminou 13.000 posições devido a uma desaceleração nas vendas de hardware, incluindo computadores pessoais.
As demissões radicais da Dell ocorreram poucos dias depois que a fabricante de semicondutores Intel anunciou seu próprio plano de cortar mais de 15.000 empregos – a maior demissão única de 2024 até agora, afetando mais de 15% de sua força de trabalho. Esses cortes fazem parte do esforço da empresa para reduzir custos em mais de US$ 10 bilhões no ano fiscal de 2025. A decisão segue uma queda acentuada de 20% no preço das ações da Intel depois que a empresa relatou uma perda de US$ 1,6 bilhão no período de abril a junho, um forte contraste com o lucro de US$ 1,5 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior. Como o CEO Pat Gelsinger observou em um memorando, a Intel ainda não capitalizou totalmente o boom da IA da mesma forma que outras empresas de semicondutores, como a Nvidia.
A fabricante de veículos elétricos Tesla ocupa o terceiro lugar em demissões este ano até agora, cortando aproximadamente 10% de sua força de trabalho, ou cerca de 14.000 funcionários. O CEO Elon Musk explicou que as reduções foram necessárias devido à rápida expansão da empresa, o que levou à duplicação de papéis e funções em algumas áreas. Esse movimento segue um relatório de entrega trimestral decepcionante, onde a Tesla perdeu as estimativas de entrega e registrou um raro declínio ano a ano nas vendas.
A chinesa Li Auto também está no topo da lista, tendo reduzido sua força de trabalho em 10.000 funcionários, o que representa 77,52% de todos os cortes de empregos feitos por empresas chinesas desde o início do ano. A gigante alemã de software SAP demitiu cerca de 9.500 cargos como parte de seu plano de reestruturação para 2024, enquanto a japonesa Toshiba eliminou 9.000 funções. Outras empresas com reduções significativas da força de trabalho incluem Getir, Paytm, Telefónica, Microsoft e Xerox.
A BestBrokers analisou um total de 765 anúncios de demissões do setor de tecnologia listados no portal de empregos de TI trueup.io entre 1º de janeiro de 2024 e 16 de agosto de 2024. As demissões foram primeiro agregadas por empresa para determinar o número total de cortes de empregos por empresa. As empresas foram então categorizadas por seu país de sede para ilustrar a distribuição geográfica dessas demissões. As empresas foram classificadas com base no tamanho de suas reduções de força de trabalho, identificando aquelas com os maiores cortes. Da mesma forma, os países foram classificados pelo número total de demissões relatadas pelas empresas sediadas lá.
