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A NATURAL VITÓRIA DE TRUMP. E AGORA ?

Rui Gonçalves, Arquitecto

Dizer que Trump será o melhor presidente para os EUA e para o mundo, todos sabemos que não é verdade e fica provado que a crise de estadistas não se restringe à Europa, atinge igualmente outras latitudes e a América não é exceção.

Reconhecido e dito isto, importa referir que a vitória dos republicanos, protagonizada por Trump, não surpreendeu minimamente e só pode surpreender quem não está atento e não percebe, ou teima em não perceber, o que se passa no mundo, quer por sabermos como as sondagens são falsificadas, com o intuito de menorizar o potencial de voto em partidos de “direita”, cá como lá, manipulando intencionalmente a opinião pública, quer porque a candidata dos democratas conseguiu essa proeza de ser incomparavelmente pior do que ele e essa é uma realidade incontornável, ou ainda porque a viragem à direita, aos valores civilizacionais, à lei e à ordem, ao controlo rigoroso da imigração e às políticas económicas do progresso, são uma realidade nos diferentes continentes.

Por outro lado, os jornalistas, comentadores, analistas políticos, em suma, a comunicação social, incapazes de cumprirem minimamente o seu dever de imparcialidade, sempre acompanhados, claro está, pelos partidos de esquerda, persistem naquela enorme dificuldade em aceitarem a democracia tal como ela é, sempre que os resultados lhes são adversos, pondo em causa a sanidade mental de todos os que pensam diferente deles.

Neste caso, já mais de uma semana após a inequívoca vitória de Trump, torna-se fastidioso perceber que a azia não passou e ouvir os aberrantes comentários de todos quantos desejavam a vitória da incapacitada candidata dos democratas, tal o facciosismo ideológico indisfarçável que sempre colocam a nu quando abrem a boca ou escrevem uma frase.

Para eles, a democracia é um regime fantástico, desde que os resultados sejam aqueles que lhes convém, neste caso, no seu entender, os americanos não deviam sequer ter direito a votar, porque não sabem votar na candidata deles. Os mesmos que ditaram o desabamento do planeta em 2016, aquando da primeira eleição de Trump, proclamam agora, mais uma vez, o fim do mundo e assim, pela pena e pela voz dos ressabiados anti-democratas, lá vamos tendo o universo a implodir uma e mais outra vez. Que Deus lhes perdoe, porque eu não tenho essa capacidade.

Depois vem o “dramático” problema das repercussões negativas que a eleição de Donald Trump pode ter e nem se sabe se terá, na Europa, seja ao nível económico, pelo proclamado protecionismo da indústria americana, com o pré-anuncio do aumento das taxas de importação da China e também da Europa, com a consequente redução de exportações, antevendo-se que a Europa tenha que se fazer ao caminho, reindustrializando-se, passando a produzir e a ter que ser competitivo.

E quanto à sua “defesa”, parece que a boleia dos americanos tende a terminar e lá terá a Europa que sair do sofá e construir, praticamente do zero, as suas próprias forças armadas e produzir o seu armamento, porque se tornou evidente que afinal sempre existem por aí, como sempre existiram, uns psicopatas, como Putin e outros quantos Putin(s) haverá por aí, de mentalidade imperialista.

A Europa infantil, acomodada e caduca, imaginou um mundo cor de rosa eternamente em paz, que agora percebe que não existe. É tempo deste velho continente se fazer à vida e perceber que, ou se reconstrói pelo seu pé, ou jamais será o que foi, do ponto de vista civilizacional, cultural, económico, militar, etc…, porque outros aí estão para a invadir e subjugar.

Mas temos o tal problema quando olhamos em volta e percebemos que não temos estadistas com dimensão, habilitados e capazes de fazerem essa reconstrução, porque os atuais e previsivelmente futuros líderes dos órgãos europeus, são meros praticantes necessitados de um emprego dourado, sem a tal dimensão nem estatuto que se lhe possam reconhecer.

Aliás, bem vistas as coisas…, qual Europa?

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