Portugal tem falhado na integração das pessoas migrantes, independentemente do regime que tem sido adotado e isso tem de ser reconhecido e debatido sem permitir que o populismo tome conta do debate. É preciso perceber que perceção de insegurança parte não apenas de episódios recentes que ocorreram no Martim Moniz ou dos dois casos de violação de jovens estudantes.
A declaração de interesses tinha um propósito benemérito, que era evitar que as pessoas ficassem em situação de vulnerabilidade e sujeitas a redes de tráfico ou combater fenómenos como a compra e venda de senhas, controlo de marcações, entre outras situações que configuravam crime. Contudo, se não cumpriu esse objetivo é importante fazer essa avaliação.
O que foi dito por Pedro Nuno Santos, enquanto responsável pelo maior partido da oposição, que reconhece que houve dimensões que falharam, se tivesse sido dito antes, acredito, que muito dos problemas que estamos a ter, que servem de gasolina, para partidos de extrema, como a extrema direita, não alimentariam a perceção negativa que atualmente existe e que impede que se consiga fazer um debate sério sobre o futuro da imigração em Portugal e as políticas que são necessárias para garantir uma adequada integração de quem procura o nosso país para trabalhar e para ter uma oportunidade de vida melhor.
Tal como o PAN tem vindo a referir, a integração, a regulamentação e a dotação de meios humanos a estruturas como a AIMA, são dimensões essenciais para que juntas e juntos possamos contruir uma sociedade onde haja mais qualidade de vida e bem-estar e onde as pessoas, independentemente da sua nacionalidade ou condição se sintam seguras.
Importa agora debater, de forma séria, que modelo de imigração queremos, sem perder de vista o grave problema demográfico do país e com ele a necessidade de trabalhadores, em particular em alguns sectores da economia, as questões humanitárias associadas à imigração (e asilo) e a segurança interna, de quem cá nasceu ou escolheu o nosso país para viver, pois não é deixando os migrantes reféns das redes de tráfico e de uma política que ergue muros ao invés de promover a integração, que o problema se resolve.