O filme sobre os prisioneiros de Shawshank conta a história, do ponto de vista do prisioneiro Red (Morgan Freeman), de um homem chamado Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem banqueiro, que entrou na prisão de Shawshank em 1946, condenado a duas penas de prisão perpétuas por ter assassinado a sangue-frio a mulher e o amante desta.
Hoje, dia 25 de março, é o dia do Angelus: “O Anjo do Senhor anunciou a Maria. E Ela concebeu do Espírito Santo.” O dia em que o Anjo Gabriel anunciou a Nossa Senhora que ela iria ser a Mãe do Filho de Deus. Nove meses depois, é o Natal. No Cristianismo, nenhum pormenor é deixado de fora.
Pensemos neste momento que definiu a história do mundo, tal como ele é. Nossa Senhora disse “sim” ao Anjo e muito do que nós conhecemos teria sido diferente se a resposta tivesse sido outra.
Gosto muito de um filme chamado “Os Condenados de Shawshank”, um filme de 1995 do realizador Frank Darabont, o melhor classificado de sempre pelo IMDB, com 9.3/10. O título, em português, deixa bastante a desejar. O título original, em inglês, é “Shawshank Redemption”, “A Redenção de Shawshank”.
É interessante darmo-nos conta da oposição entre a condenação e a redenção e, para aqueles que conhecem o filme, não hesitarão em concordar comigo quando afirmo que o título traduzido à letra do inglês se adequaria melhor à mensagem que o filme passa: uma mensagem de esperança e de amizade.
Li recentemente o livro que deu origem ao filme: uma novela americana de Stephen King, o grande contador de histórias, com o título Rita Hayworth and Shawshank Redemption. Quem era Rita Hayworth e por que razão merece o seu nome no título? Rita Hayworth foi uma atriz nova-iorquina que alcançou o topo da sua fama na década de 40. Viria a morrer em 1987.
O filme sobre os prisioneiros de Shawshank conta a história, do ponto de vista do prisioneiro Red (Morgan Freeman), de um homem chamado Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem banqueiro, que entrou na prisão de Shawshank em 1946, condenado a duas penas de prisão perpétuas por ter assassinado a sangue-frio a mulher e o amante desta.
Na prisão, Andy revela-se capaz de ser livre, mesmo atrás das grades, não sem passar pelo sofrimento de ser o tipo novo numa prisão. Red é o tipo que consegue tudo e Andy começa a usufruir dos seus serviços, pedindo-lhe objetos algo excêntricos: um martelo de geólogo para esculpir rochas e posters de mulheres. O primeiro que pede é da Rita Hayworth, a personagem principal do filme “Gilda”, um filme de 1946, que era o único filme que passava nas noites de cinema e, deste modo, era a única mulher que podia “entrar” na prisão.
O final do filme revela-nos a urgência que Andy tinha em conseguir este poster. Não era apenas para o pendurar na parede da cela e recordar-se da presença feminina na sua vida, que perdeu e alegadamente matou. Outro sim, a sua mulher, Linda, foi, de forma indireta, a razão de Andy ir para a prisão. O pecado da sua mulher (a traição, o facto de “comer do fruto proibido”) levou a que Andy passasse umas boas décadas na prisão.
Andy consegue uma vida privilegiada na prisão ao mostrar-se um prisioneiro irrepreensível e servil, fazendo as declarações de impostos dos guardas de Shawshank e ajudando o diretor a lavar o dinheiro sujo do programa “Inside-Out”, onde uma boa parte dos rendimentos ia para os bolsos de Samuel Norton (Bob Gunton).
O diretor Norton tem no seu gabinete um quadro com um bordado da mulher feito no grupo da igreja. Um olhar mais atento sobre a predileção de Norton por frases bíblicas (e a leitura do livro de Stephen King), mostram-nos que Norton é um protestante, da “Baptist Advent Church of Eliot”. A Igreja Baptista, para além de acreditar na sola scriptura (apenas o que está escrito na Bíblia é que conta), também ministra o batismo como sacramento único apenas a adultos decididos a abraçar a fé. Esta confissão professa a sua crença em Jesus, que veio ao mundo, na Santíssima Trindade, na segunda vinda de Cristo, da necessidade de redenção e no Juízo Final.

No final do filme, percebemos que Rita Hayworth (cujo poster tinha sido trocado por Marilyn Monroe e, posteriormente, por Raquel Welch) guardava um segredo: Andy ocupava-se todas as noites a abrir um túnel que durante o dia cobria com um poster. Quanto aos detritos do túnel, guardava-os nos bolsos e despejava-os no pátio da prisão.
O que tem isto a ver com a fé? E sobretudo com a Anunciação do Anjo?
Há duas mulheres que assumem um papel importante no filme: Linda (a mulher que pecou) e Rita (a mulher através da qual o homem condenado conseguiu a salvação). Para um protestante puritano como Samuel Norton, a redenção nunca poderia vir através de uma mulher, uma vez que os Baptistas não acreditam na Virgem Maria. “A salvação está aqui dentro”, diz a certa altura Norton apontando para a Bíblia. Segundo a sola scriptura, as frases bíblicas são meras palavras que não incidem sobre a vida, acabando por ser usadas como slogans-para-todas-as-ocasiões.
Não quero com isto dizer que este filme, mundialmente aclamado pela crítica, é um filme católico que expressa intencionalmente uma verdade do credo da Igreja Católica, mas sob o ponto de vista de um católico, é extremamente curioso o curso que os acontecimentos têm. Como no Cristianismo, nada é deixado ao acaso. O que é que na nossa vida nos dá a esperança da Redenção? Neste dia, 25 de março, foi-nos anunciada o Salvador, que viria através de uma mulher, graças ao seu sim.