Filipa Amorim: “Acho que nunca perdi aquele prazer que temos em criança de desvendar mistérios.”

Pedro Gaspar

Filipa Amorim é uma jovem escritora portuguesa, com formação em jornalismo,  descobriu aos dez anos o seu verdadeiro amor: a escrita. Inspirada, desde então, na icónica série de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, “Uma Aventura…” , que a fez crescer e ressaltar mil ideias sobre thrillers e histórias policiais a toda a hora.

Sente que nunca perdeu o prazer de criança em desvendar mistérios. Agora, autora publicada, mantém o mote do eixo temático de chegar às respostas e à verdade. De “chegar ao eureka!”, revela enfaticamente.

Nasceu durante os anos 90 nos arredores de Lisboa. Trabalha como assessora de imprensa. Os thrillers e os policiais nórdicos preenchem as estantes de sua casa. Espera um dia preencher as suas narrativas. Com o primeiro livro publicado “A Corrente”, em 2024, chega agora às livrarias “A Noite da Tempestade”, ambos pela editora Penguin.

Os seus livros têm como cenário, Santa Cruz, em Torres Vedras, onde se desenrola a acção. “Ela quer a verdade…mas a que custo?” é o mote do seu mais recente livro.

Quem é a Filipa Amorim? A escritora, a mulher, a amante dos livros.
Sou uma amante dos livros, de facto. Sempre fui, comecei a ler muito nova e nunca perdi este amor às páginas e aos mundos imaginários para onde elas nos transportam. Penso que a leitura me tornou também muito sonhadora, com uma imaginação às vezes até galopante demais, mas que me deu umas lentes diferentes para ver o mundo e a vida e o dia-a-dia.

Qual foi o seu caminho entre o primeiro texto escrito e o primeiro livro terminado?

Comecei a escrever, devia ter uns 10 ou 11 anos quando peguei no papel e na caneta pela primeira vez, e esse “bichinho” nunca me abandonou. Desde então, escrevi sempre, géneros diferentes e com diferentes níveis de confiança no que criava, mas foi com A Corrente que senti pela primeira vez «Gostava de mostrar isto a alguém, para avaliarem se tem potencial para ser publicado». Comecei a escrevê-lo quando estava na faculdade, a cursar Jornalismo, mas só muitos anos depois é que senti que tinha chegado a um ponto em que pudesse ser publicado. Aí, enviei-o a quem me poderia aconselhar e que me fez chegar à Penguin Random House, onde hoje estou muito feliz.

Que influências literárias tem?

Leio um pouco de tudo, mas principalmente thrillers e policiais, que são também o género que escrevo. Entre os autores nacionais, destaco a Mafalda Santos, uma das nossas melhores escritoras, e também o Lourenço Seruya, Bruno M. Franco, Miguel d’Alte, Fábio Ventura e Pedro Miguel Ribeiro. Entre autores estrangeiros, leio muito Agatha Christie, a rainha do policial, e também Camilla Läckberg, Jöel Dicker, Stieg Larsson, Peter May, Lianne Moriarty, entre outros.

Os mistérios alimentam a autora ou a autora vive os mistérios? Como se apaixonou por este género literário, pelos thrillers?
Acho que nunca perdi aquele prazer que temos em criança de desvendar mistérios, chegar às respostas e à verdade, aquele momento “eureka!”, por isso é que continuo a gostar tanto de ler e de escrever thrillers e policiais. Há sempre pistas falsas, um constante questionar se estaremos a perceber bem o que o autor nos quer dizer ou se estaremos a ser propositadamente induzidos em erro, e essa tensão permanente dá-me muito prazer, alimenta-me muito.

A Noite da Tempestade, é o último livro de Filipa Amorim, da Editora Penguin Random House

O que sentiU quando publicou “A Corrente”?
Foi o concretizar de um sonho muito antigo, e foi mil vezes melhor do que podia ter esperado.

Qual é a sua relação com as personagens d’ “A Noite da Tempestade “?
São todas personagens fictícias, mas inspiradas, como todas as que escrevo, em mim, nos meus amigos, nas pessoas que conheço e cujas histórias acompanho e me vão alimentando a criatividade. Sinto-me muito próxima da Sofia e da Marta, a nível de personalidade e de percurso de vida, mas as restantes personagens também têm muitas das minhas características, gostos e opiniões. Não são, contudo, um retrato à lupa de ninguém em particular.

Os habitantes da pacata terra Santa Cruz vivem as suas histórias? Como a abordam e a sentem?
O feedback dos leitores de Santa Cruz e arredores tem sido uma das descobertas mais bonitas deste percurso de início de escrita. Têm todos recebido tão bem as histórias, têm-me vindo dar tanto apoio e tanto carinho, tem sido incrível. Dá-me vontade de continuar a escrever livros passados lá para sempre!

O que lhe dizem as vozes das suas personagens quando vai dormir?
Era bom que elas me deixassem dormir, não era? (risos)

Planeia as suas histórias ou vive mergulhada na narrativa?
Planeio os traços gerais, mas quando começo a escrever deixo que as personagens e o enredo me conduzam muitas vezes para onde querem ir. Esse é um dos maiores prazeres da escrita: sentir que as personagens nos roubam o leme das mãos e conduzem elas o barco, e sermos surpreendidos pela direção que a história vai tomando.

Qual é a sua rotina de escrita?
Normalmente, escrevo de manhãzinha, aos fins de semana ou durante as férias. Não sou uma escritora noctívaga, como alguns colegas meus (quem me dera ser, assim chegava a casa do trabalho, no dia-a-dia, e conseguia sentar-me e escrever um bom bocado, mas não dá). A inspiração surge, no meu caso, pela manhã, com uma caneca de café bem cheia ao meu lado na secretária, e música a tocar à minha volta.

Há outro livro a ser preparado?
Há sempre outro livro a ser preparado. Não sei estar sem um livro a meio.

Qual foi a crítica mais intimista que um leitor lhe fez? Qual a emocionou mais?

Foi a opinião que um dos meus amigos mais próximos me deu depois de ler A Corrente. Não querendo estragar a surpresa e o twist para quem ainda não leu, ele identificou-se bastante com aquilo que acontece na história e a forma como mo confessou também mexeu muito comigo. É uma das pessoas que mais adoro no mundo, e perceber o quanto o livro o tocou, tocou-me também bastante.

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Nuno Lumbrales,
Advogado

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