No início, pareceu-me óbvio que os filhos únicos eram uns sortudos por serem o foco de toda a atenção, mas, com o passar do tempo, fui percebendo que os meus irmãos foram e são os responsáveis por ser quem sou e por ter crescido a saber partilhar e a olhar para os outros com o verdadeiro olhar de quem se preocupa.
Nasci no seio de uma família numerosa, pelo que só mais tarde percebi que era possível ser filho único. Apesar de sermos quatro, fui o filho do meio durante muitos anos (mais precisamente dezassete), o que poderia não abonar muito a favor da existência dos meus irmãos. Mas cedo percebi que o facto de ter alguém com quem partilhar a minha existência permitiu-me desenvolver muitas das competências necessárias para ter sucesso pessoal e profissional.
Ter irmãos é, assim, uma das melhores instituições para nos garantir que nos podemos tornar melhores pessoas e mais preparadas.
No meu caso não foi diferente. Fui o segundo a nascer e antes da menina da casa, o que me colocou logo em desvantagem para ganhar a atenção dos pais. Assim, cresci, sabendo que tinha de dividir aquilo que, se fosse filho único, seria só para mim.
No início, pareceu-me óbvio que os filhos únicos eram uns sortudos por serem o foco de toda a atenção, mas, com o passar do tempo, fui percebendo que os meus irmãos foram e são os responsáveis por ser quem sou e por ter crescido a saber partilhar e a olhar para os outros com o verdadeiro olhar de quem se preocupa.
Aos meus irmãos devo o facto de ser quem sou, pois, no meio de tantas brincadeiras, zangas, amuos e discussões, sempre fomos sinceros e preocupados em mostrar ao outro como poderia ser melhor e o que poderia fazer para mostrar todo o seu potencial.
O Diogo – irmão mais velho – ajudou-me a perceber que para partilhar é preciso gostar, preocupar e, acima de tudo, respeitar as diferenças. De facto, não podíamos ter hábitos mais diferentes. Ele gostava de dormir até tarde e estudar pela noite dentro, eu, ainda hoje, sou o madrugador e que rende muito mais da parte da manhã. Podem imaginar as discussões e gestão de conflitos que tivemos de ter para que pudéssemos estudar e terminar com sucesso o nosso curso superior respeitando estas GRANDES diferenças.
A Joana – única rapariga da casa – mostrou-me o sentido de família. Ela, mais do que ninguém, defende com determinação os seus. Não hesita um segundo, em mostrar que os seus são “sagrados” e que ninguém lhes pode fazer mal ao pé de si.
Por último, o João Maria – o mais novo, a quem tenho dificuldade de ver como irmão pela diferença de idade – mostrou-me o sentido de justiça e liberdade. Ele, mais do que ninguém, sente a liberdade e o desapego ao que não interessa. Apesar deste sentimento, também gosta de participar na família que tem e, sempre que possível, mostrar a sua visão das coisas e ajudar na resolução de qualquer tema para que possa contribuir.
Por tudo o que vivi e continuo a viver, neste próximo 31 de maio, Dia dos Irmãos, tenho de agradecer aos meus irmãos: sem eles, a vida não seria tão rica e cheia de emoção. Muito obrigado.


