Exposição. Exploring Memory, a memória “como um ato de criação”

Marta Roque

A exposição colectiva internacional “Exploring Memory” decorre de 3 de maio a 21 de junho na Bohío Creative, galeria de Arte nas Caldas da Rainha. A mostra reúne um grupo diversificado de artistas dos EUA, Portugal, Ucrânia, Alemanha e Holanda, que trabalham em cerâmica, escultura e pintura.

Orientada pela ideia de que “a memória é um ato de criação” – uma citação atribuída à escritora Toni Morrison – a exposição explora “as formas como a memória é fragmentada, reconstruída e incorporada na nossa vida quotidiana”, adianta Franchesca Melendez, curadora da exposição, ao Estado com Arte Magazine.

“Desde a arte tátil em cerâmica, que ecoa formas ancestrais, até às pinturas de meios mistos, que combinam história e identidade, cada peça convida os espectadores a refletir sobre o que transportamos e como evolui ao longo do tempo,” revela a curadora.

Os artistas apresentados representam uma secção transversal dinâmica de vozes contemporâneas que abordam temas de auto reflexão, cura, nostalgia e transformação. Cada obra oferece “uma meditação pessoal, mas universalmente ressonante, sobre o poder da memória para moldar os nossos mundos interior e exterior”, diz Franchesca.

A exposição colectiva internacional “Exploring Memory”  reúne um grupo diversificado de artistas dos EUA, Portugal, Ucrânia, Alemanha e Holanda, que trabalham em cerâmica, escultura e pintura.

Artistas de arte contemporânea

Oniric landscapes, de Patrícia Reis

O trabalho de Patrícia Reis em pintura “é um mergulho em histórias, viagens e memórias transformadas em cores vibrantes e narrativas experimentais tingidas de cores que gritam e sussurram ao mesmo tempo. Cada obra é um mapa sensorial, onde o tempo se dissolve em camadas de tinta, papel e fragmentos do mundo. Diferentes materiais fundem-se como memórias que se sobrepõem, criando texturas que trazem a marca da experiência
e a leveza de um sonho. Na mistura entre uma realidade possível e o imaginário, convido o olhar para a minha
expressão pictórica a perder-se e a encontrar-se, como quem revisita um lugar que nunca deixou de existir,
revivendo as suas próprias memórias através das minhas, numa profunda experiência visual e sensorial.”

Corner of Paradise

Andrii Taraban considera o seu trabalho  “uma exploração de cor, textura e emoção, com o objetivo de captar movimento, energia e transformação. Adopto um processo intuitivo, permitindo que as camadas de tinta se desenvolvam organicamente, criando profundidade e ritmo. Equilibrando abstração e estrutura, inspiro-me na natureza, nas memórias e na ligação humana. Cada peça é um diálogo entre caos e harmonia, convidando o espetador a envolver-se com as suas próprias interpretações e emoções. Através da minha arte, procuro criar um espaço de reflexão – onde a cor e a forma transcendem a tela, ressoando com o espetador de uma forma pessoal e em constante evolução.”

Diana Baptista uma jovem artista, de 22 anos, diz que o seu “fascínio pela arte começou com a decisão de seguir artes visuais, depois realizei uma mentoria com a artista plástica Francisca Sandmann, durante dois anos”. Já realizou 4 exposições individuais e participou em 4 coletivas, sendo uma delas no estrangeiro. “Tenho na arte que produzo uma forma profunda de comunicação com quem a observa, esforço me sempre para representar emoções e situações que estão ou estiveram (memórias) presentes na minha vida. O processo artístico é interessante porque exige uma entrega tão grande e produzo de maneira tão frenética que o tempo passa num ápice. Questiono-me com frequência se estarei a seguir a direção correta, porém sou confrontada com a realidade de que não seria capaz de abandonar o que faço,” diz Diana.

Metacognition, de Rafael Serra

A obra de Rafael Serra é “uma tentativa de captar a experiência consciente da memória. Cada peça mostra, através de uma perspetiva metafórica ou sensorial, a experiência da perceção, da memória e da experiência consciente interior, de um ponto de vista cognitivo.” Através da pintura a óleo, o artista pretende “sublinhar não só a deriva da memória, a sua desmaterialização, mas também a sua essencialidade para a experiência humana.”

 

 

Orly Shemesh
Revela que a sua jornada criativa começou nos anos 80, quando estudou a impressão de moda, fotografia e seda. Em 1992, mudou-se  para a Holanda, onde concluíu um estudo em impressão offset. Isto resultou num emprego num instituto para técnicas gráficas, degustação de capacidades de impressão de tintas em papel.
“Naquela época, também descobri a argila como um material de expressão, em todas as suas formas
maravilhosas. Após workshops e cursos de conceituados ceramistas holandeses, este fascínio pela argila transformou-se num caso de amor que dura agora quase 2 décadas. argila é um meio exigente e responsivo que nunca para para me inspirar. O processo de transformar um conceito num objeto físico é sempre uma aventura interior, uma luta continua com um material que parece ter uma vontade própria.
Desenvolvi gradualmente o meu próprio estilo e técnicas. Faço pedaços únicos e construídos à mão pasta de
porcelana, argila de preto e terracota, e por vezes argila crua encontrada nos leitos dos rios e nas costas do mar.
Estou a combinar deslizamentos de porcelana coloridos com os meus próprios esmaltes desenvolvidos e, por
vezes, usando sgraffito,” conta o artista.

A sua inspiração provém da natureza, da sua fragilidade e força, a sua “infinita beleza e sensualidade em formas e cores”.

A receção de abertura da colectiva internacional na galeria Bohío Creative terá lugar, sábado, dia 3 de maio, das 17 às 20 horas na Rua General Queirós, nas Caldas da Rainha. Estará patente ao publico até 21 de junho.

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