Se queremos viver numa saudável democracia, é preciso que as pessoas estejam dispostas a participar, com a sua reflexão, com o seu voto, com a sua forma de atuar e estar na vida em comunidade, e que deixem de embarcar em demagogias.
A liberdade sem responsabilidade gera destruição. Em Portugal fizeram-se sentir as consequências da ligação entre a banca e a política. Com Salgado isto bateu no fundo. Nunca pensei ver tamanha irresponsabilidade. E muitos têm sido os políticos que não se têm portado bem. Entre os abusos de poder, a falta de verdade e os mais recentes casos e casinhos que, além do mais, desprestigiam os políticos. Terá passado o tempo da respeitabilidade na política? Qualquer dia ser político é quase sinónimo de ser “habilidoso”, corrupto ou desonesto.
As pessoas têm deixado o Governo fazer tudo. Este dá com uma mão, tira com a outra. Cada vez mais Portugueses vivem reféns da “esmolinha” do Estado, do tacho ou do subsídio. E têm mais dificuldade em beneficiar de serviços básicos, como a justiça, a saúde ou o ensino, que cada vez estão piores. É o socialismo. Vão passando leis que convêm, mas que quase não se divulgam, e que os cidadãos dificilmente têm condições de acompanhar. Lançar a complicação e a burocracia é a melhor maneira de alhear as pessoas do que se passa realmente. Entretanto o Estado é o maior proprietário de património, com que nada faz, – não arrenda, não remodela, não aplica, – e que fica a deteriorar-se, praticamente devoluto. Mas depois não há onde alojar pessoas, sem-abrigo ou outros.
Para a esquerda, quem é independente e gera lucro é um “perigoso capitalista”; o melhor é taxar, à cautela. O IUC ameaça aumentar desmesuradamente, o preço das coisas sobe sem que o poder de compra o acompanhe, a condições de vida degradam-se. É um Portugal “à venda”. Impostos sobre tudo, com exceções para este ou para aquele estrangeiro durante x anos.
O interesse que rege alguns dos nossos políticos não parece ser o desenvolvimento do País, mas o de atingir os objetivos das suas filiações em partidos internacionais, além de enriquecer, claro. E por aí fora. É uma sangria imoral, entre a má gestão, o desperdício, o compadrio e a ineficiência.
“Casa onde não há pão, nem amor – à Pátria, à família e ao próximo – mais cedo ou mais tarde todos ralharão, e depois ninguém terá razão.
Ficam as imagens, as pinceladas em traços largos. Enquanto a guerra distrai as atenções, cá dentro as coisas vão passando entre os pingos da chuva. São tantas coisas a piorar, algumas mensuráveis e visíveis, como a TAP, outras encobertas ou até incomensuráveis. Mas com o tempo se colherão os frutos desta forma de governar (ou desgovernar). Dirão que fizeram o melhor que puderam e souberam. E alguém que resolva quando vier a conta.
Quando eu era pequena ainda se estudava História, ainda havia coisas que se escreviam com letras maiúsculas, ainda se respeitavam os mais velhos e ainda se acreditava que a sociedade se regia por valores. Depois veio o sarcasmo e o cinismo. Vieram os espertinhos e os espertalhões, o tudo é relativo e cada um é que sabe. A preocupação caridosa com o outro deu lugar à indiferença. E tudo é volátil, sobretudo o tempo, gasto em vídeos e redes sociais.
Muitas pessoas têm imensas opiniões, mas na altura de votar e de escolher quem lidera os processos de decisão vários, parecem ser simultaneamente acometidas de ignorância, de indiferença, falta de ética e de amnésia. Digo isto depois de ter visto eleger pela segunda vez José Sócrates em vez de Manuela Ferreira Leite. Depois de Costa ter chegado ao Governo, apesar de ter perdido as eleições contra o Passos Coelho. E depois de um mandato que esteve longe de ser brilhante, ainda assim a maioria (dos votantes) o ter reeleito para mais quatro anos de governação.
Se queremos um Portugal melhor, acho que precisamos de ter uma escola muito melhor a muitos níveis, de trazer a História, os valores, o brio patriótico de volta. E, sobretudo, a família, tem que ser a grande prioridade. Não deem subsídios, deem trabalho e ordenados decentes. Não aumentem os impostos, valorizem as empresas e a produtividade. Produzam o que País precisa. O que aconteceria se o comércio de bens alimentares deixasse de ser possível, por qualquer contingência externa? Melhor governação e menos ideologia!
Se Portugal não se valoriza, facilmente desaparecerá, engolido pelo dinheiro de alguns outros. A esquerda tem tentado que o povo esqueça a sua fé. Mas foi a mensagem de Cristo que nos fez um país independente e relevante no mundo. O socialismo, que é a antecâmara do comunismo, faz-nos um fantoche instrumentalizado de uma ideologia internacional; pode ser para uma pequena filial da Rússia ou para uma pequena colónia de férias da China.
Se não fizermos por sermos livres e inteiros, seremos escravos e desapareceremos insignificantes na obscuridade. Nós que fomos grandes mesmo na nossa pequenez, seremos nada pela nossa inconsequente idolatria do dinheiro e da imagem. Dantes o perigo era Espanha, agora o resto do mundo está mais perto. Fazemos fronteira com a globalização.
Se queremos viver numa saudável democracia, é preciso que as pessoas estejam dispostas a participar, com a sua reflexão, com o seu voto, com a sua forma de atuar e estar na vida em comunidade, e que deixem de embarcar em demagogias.
Todos guiados pelo bem comum teremos futuro, porque o amor é a única coisa que dá sentido e dá futuro. As mulheres deviam saber isto melhor do que ninguém. Infelizmente em Portugal costuma ser “casa arrombada, trancas à porta”. Então vão-se lembrar de que devíamos ter cantado mais vezes aquela música: Os meninos à volta da fogueira vão aprender coisas de sonho e de verdade, vão aprender o que custou uma bandeira, vão aprender o que custou a liberdade. A vida é um milagre e os Portugueses deviam lembrar-se do quanto tiveram que lutar por existir. Não advogo um regresso ao passado, mas teremos que nos reinventar para conseguirmos progredir.