Após o 25 de abril os impedimentos legislativos foram completamente removidos. E hoje são sobretudo as circunstâncias socioculturais que persistem e dificultam o envolvimento de mais mulheres na atividade política.
Apesar do festival de sondagens que antecedem as eleições e da profusão de comentários que as acompanham, em democracia o vencedor das eleições só fica decidido após a contagem dos votos. É uma verdade que incomoda os poderosos em regimes não democráticos. Porém, em democracia é assim mesmo.
No final, vencedores e vencidos aceitam os mesmos resultados, mesmo que cada um os possa interpretar como entender. Todos acabam por ganhar, porque desta forma fica assegurada a transferência pacífica do poder político. O vencedor vê a vitória reconhecida pelo adversário e este preserva o direito de o desafiar num futuro ato eleitoral.
O 25 de abril foi um marco fundamental no desenvolvimento do sistema eleitoral em Portugal e na generalização do direito de voto a todos os cidadãos. A par disso, a participação das mulheres na vida política teve um incremento extraordinário. Por exemplo, entre 1975 e 2019 o número de mulheres deputadas à Assembleia da República aumentou 347%. Ainda assim, as mulheres ocupam apenas 37% dos lugares no Parlamento e nos altos cargos de decisão política ainda têm uma presença muito limitada.
Antes do 25 de abril de 1974, os obstáculos à participação das mulheres na vida política não eram apenas de índole sociocultural, estavam também incorporados na legislação. Homens e mulheres eram diferentes perante a lei no que respeita à família, à profissão, à liberdade de deslocação e às penas por atos criminosos. Após o 25 de abril os impedimentos legislativos foram completamente removidos. E hoje são sobretudo as circunstâncias socioculturais que persistem e dificultam o envolvimento de mais mulheres na atividade política.
Todavia, o voto das mulheres é crucial e será decisivo na Eleições Legislativas do próximo domingo. Sendo a maior parte da população, sendo a população com formação mais avançada, sendo, provavelmente, a maior parte do eleitorado que vai às urnas colocar o boletim de voto e, possivelmente, a maior parte do eleitorado que define o seu sentido de voto independentemente da cor partidária ou ideológica, as mulheres podem decidir quem ganha as Eleições Legislativas de domingo.
Por isso, é caso para dizer: não deixem que outros decidam por vós.
No próximo domingo a forma mais nobre e elevada de participar na vida política do país é deslocar-se à Mesa da Voto e colocar o boletim na urna.