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Rui Gonçalvez

O “Bloco Central” que arruina Portugal

Rui Gonçalves, Arquitecto

Esta é a realidade que nos trouxe até à atualidade, do país que cava cada vez mais o seu lugar nas profundezas da Europa. As divergências de circunstância que os faz regatear nos plenários da Assembleia da República, por vezes até com alguma histeria, são muito mais encenações do momento para português distraído ver, do que diferenças ideológicas ou programáticas.

Quando perguntamos a um socialista em Portugal, quais as diferenças entre o PS e o PSD, ou quando fazemos a mesma pergunta a um social-democrata, a reação é igual, inicialmente de espanto e aparente incredulidade, como se a pergunta fosse estúpida, segue-se a afirmação de que as diferenças são “muitas, grandes” e até “óbvias”, dizem eles, mas o drama é quando insistimos para que nos digam quais e não há resposta, porque não a têm de facto.

Evidentemente que não estamos a falar daquilo que teoricamente está definido como sendo o “socialismo” e como sendo a “social-democracia”, estamos a falar, em termos práticos de governação em Portugal, em que efetivamente, embora com predominância do PS no governo, a verdade é que os resultados são os mesmos, porque as políticas implementadas são em tudo semelhantes, ou mesmo iguais, não se vendo reformas, de um nem do outro lado, reformas profundas de que o país tanto necessita.

Esta é a realidade que nos trouxe até à atualidade, do país que cava cada vez mais o seu lugar nas profundezas da Europa. As divergências de circunstância que os faz regatear nos plenários da Assembleia da República, por vezes até com alguma histeria, são muito mais encenações do momento para português distraído ver, do que diferenças ideológicas ou programáticas.

A não existência de governos de coligação de ambos os partidos, o denominado “bloco central”, seja de modelo explícito ou de simples apoio parlamentar, acontece muito mais por razões de tática do que propriamente por divergências políticas, até porque esse “bloco central” existe em toda a restante estrutura intermédia do Estado, onde se criam cada vez mais organismos, não porque façam alguma falta ao país, mas com o simples intuito de arrumar gente que emerge dentro dos próprios partidos, desde as juventudes e não só, sem capacitação ao nível da formação, ou de qualquer experiência profissional que os habilite ao desempenho de alguma profissão.

Se estamos a pagar salários e alimentar um exército de inúteis na estrutura do Estado, é a pergunta. Sim é isso mesmo, é a resposta. Senão vejamos.

Em direções ou administrações regionais, em Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, em empresas estatais ou municipais, em institutos e fundações, nas Comunidades Intermunicipais – CIM, nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional – CCDR, em áreas metropolitanas, em agências e observatórios e em outras estruturas inventadas por ambos os partidos, embora com predominância do PS, negoceiam-se os lugares entre PS e PSD, convivendo alegre e amigavelmente pela manutenção do emprego tão desejado como necessário, porque lá está, a incompetência é a grande característica comum que os une e forma o dito “bloco central”.

Mas atenção, estes arranjos pecaminosos de cariz fraudulento, não se esgotam na tal estrutura do Estado propriamente dita. Os tentáculos deste polvo de cariz mafioso, que tem destruído a nação portuguesa em todas as suas dimensões, têm continuidade por exemplo, nas chamadas IPSS, onde a rotação de dirigentes oriundos de ambos os partidos, se vão repetindo consoante os governos centrais ou municipais e basta observar o que se passa em casas da misericórdia, bombeiros e outros organismos da área social, que subsistem à custa do Estado.

Eles dividem o “bolo” pela sua gente profundamente incompetente. Mas não ficamos por aqui, porque os tentáculos estendem-se às grandes empresas privadas, com os órgãos sociais a acoitarem inúmeros ex políticos, que no desempenho dos respetivos cargos públicos se prontificaram a fazer favores em troca desses mesmos lugares, com remunerações altamente rentáveis e a isto chamar-se-á corrupção? Sim, obviamente.

É este “bloco central”, disfarçado, mas de ramificações intermináveis, que onera o país e diretamente o orçamento de Estado, obrigando os portugueses a pagarem impostos de dimensão obscena, levando ao empobrecimento das pessoas, das empresas e da economia no seu todo.

Mas adivinha-se a constituição de um “bloco central” na sequência das eleições do próximo domingo, porque a existência de um inimigo comum, o papão Chega, está aí a impedir a formação de alguma maioria absoluta e eles terão de se entender. Escaqueirar esta estrutura do Estado, obesa e ruinosa, impõe-se e um dia aquela gente inútil terá que aprender uma profissão e produzir.

Veja-se o que se passou na Assembleia Regional dos Açores, na distribuição dos lugares, com um entendimento entre ambos, para impedirem o Chega de legitimamente ocupar algum deles. Salvaguardar os empregos é o imperativo e o país que se lixe, é a mentalidade que impera.

Acabar com este estado de coisas impõe-se, é urgente porque o país não aguenta mais e o voto no Chega apresenta-se com única esperança para alcançar este desiderato.

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