O verão chegou e, infelizmente, sabemos que em Portugal temperaturas elevadas é, frequentemente, sinónimo de incêndios. Entre junho e setembro o país sustem a respiração, numa constante dúvida e ansiedade sobre quando e onde irá despoletar o próximo grande incêndio e de que dimensão será, recordando a má memória das catástrofes do verão de 2017.
Felizmente, ano após ano têm despoletado cada vez menos incêndios, com uma diminuição em 49% entre 2013 e 2022 da média do número de incêndios anuais. No entanto, como a WWF Portugal destaca, e bem, 3% da superfície florestal do nosso país arde todos os anos e somos, somos o país da europa e o 4º do mundo que mais massa florestal perdeu desde o início do século XXI e que, apesar da redução do número de incêndios em quase 50%, a área ardida diminuiu apenas 20%.
Isto diz-nos que ainda há muito a fazer e um longo caminho a trilhar no combate aos incêndios. Em primeiro lugar, é preciso reordenar a floresta, acabar com a proliferação do eucalipto e incentivar à plantação de árvores autóctones e à regeneração florestal, tornando assim a nossa floresta mais resiliente.
Em segundo lugar, valorizar os bombeiros, que ano após ano são proclamados como heróis no nosso país, mas são constantemente esquecidos na ação governativa. Estes necessitam de uma valorização salarial urgente e que a sua profissão seja considerada como profissão de risco e de desgaste rápido.
Por fim, precisamos de perceber que, com os efeitos cada vez mais extremos das alterações climáticas, o pior ainda está para vir, pelo que temos de investir cada vez mais na prevenção, em vez de esperarmos que a floresta arda para apenas depois atuarmos.
A boa política florestal tem de ser uma prioridade no nosso país. Se não tomarmos as medidas necessárias para proteger a floresta e recompensar devidamente quem a protege, arriscamo-nos a deixar um país pior do que recebemos para as gerações futuras!