Tudo se expõe, no interior e no exterior, numa ânsia de chamadas de atenção para o vazio existencial, a frágil personalidade e um débil conceito antropológico, ausente de significado na vida. Impõe-se o consumo desenfreado de tudo, como uma miragem, uma anestesia, uma alienação mental, física e económica, que empobrece os pobres e enriquece os ricos.
Nesta sociedade ecrã, o virtual apoderou-se de todos e de tudo: das famílias, dos cônjuges, dos amigos, nas casas, nas escolas, nas faculdades, nas igrejas, nos cafés, nos restaurantes, nos meios de transporte, nos parques, nas praças, etc.
O diálogo entre as pessoas é coisa do passado e já não há refeições sem que o smartphone não esteja rigorosamente colocado ao lado do guardanapo. As conversas ficam no início, a inter-acção, o diálogo, a troca e partilha de opiniões morrem antes de nascer, pois sempre acontece uma interferência de mensagens, essa moda tão absorvente que alheia uns dos outros, transportando-os para longe de si e de todos, para um qualquer lugar em sítio nenhum.
A hora da comida deixou, há muito, de ser ponto de encontro entre esposos, pais e filhos e as refeições até passaram a ser fora de hora e de preferência no local mais próximo da televisão, do computador e, infalivelmente, acompanhadas de telemóvel.
Adultos em distração e tensão, jovens alheados e absorvidos pelas redes sociais sempre com o polegar a trabalhar e crianças rindo sozinhas, indiferentes a tudo e a todos, mas conectados com o mundo pela sua antena virtual, princípio e fim da sua triste existência.
A família condenada a desaparecer, matrimónio na lista de extinção, barrigas para alugar, reprodução por clonagem, permissivismo moral, casamento entre homossexuais, a vida programa-se ou sufoca-se antes de nascer, a morte implementa-se pelo aborto e eutanásia, o quotidiano arrasta-se freneticamente de restaurante ou de bar em bar, com intervalos nos ginásios, entre dietas, tratamentos de beleza, com muita mundanidade e pouca interioridade.
A sexualidade é um jogo e também um ponto fulcral à volta do qual gira tudo, da pedofilia, à homossexualidade assumida e muito badalada, à mudança de sexo em crianças, às revistas com os escândalos dos famosos, dizem eles, ou à inovação fantástica do assédio sexual, do me too, dum mundo em poses sexualmente provocadoras com aparência de inocentes…
Tudo se expõe, no interior e no exterior, numa ânsia de chamadas de atenção para o vazio existencial, a frágil personalidade e um débil conceito antropológico, ausente de significado na vida.
Impõe-se o consumo desenfreado de tudo, como uma miragem, uma anestesia, uma alienação mental, física e económica, que empobrece os pobres e enriquece os ricos.
A polícia do pensamento, (agora já não é a dos costumes) qual Big Brother, apressa-se a formatar as ideias dos indivíduos, traçam-lhe e definem os comportamentos a ter e os caminhos a percorrer, dispõe de técnicas apropriadas e de observatórios especializados, a mentira prolifera e pulula, a traição atiça-se e louva-se, a publicidade enlouquece, a depravação dos sentimentos, dos corpos e da mente dispara as vendas, tornou-se muito rentável e prepara o terreno para que a sua ideologia possa medrar que nem joio, neste mundo de mentiras.
Os homens (alguns) acomodaram-se num laicismo solitário, num futebol solidário, num confortável alheamento; as mulheres (algumas) ufanam-se dos seus dotes femininos, gritam que o corpo é delas, que fazem dele o que querem e muito imbecilmente declaram guerra ao seu “imaginário inimigo”, o homem. Criados para serem companheiros, deslizam numa guerra de sexos muito ao estilo da “luta de classes”.
Canábis legalizada… entre as muitas liberdades que se promoveram, resta-me perguntar: que mais nos falta para sermos felizes?