Em quatro anos a participação de mulheres no PS aumentou para o dobro: de 1/3 aumentou para metade dos militantes do PS, facto que se deve ao trabalho nas concelhias, em que 20% têm mulheres nas lideranças, garante Elza Pais ao Podcast Estado com Arte.
Mas nas últimas eleições internas do PS no final de setembro todos os líderes das 19 Federações eleitos foram homens. Para além de que em 50 anos de história o PS nunca teve uma mulher como secretária-geral.
A socialista Elza Pais acredita que o trabalho das concelhias “tem dado muito resultado” uma vez que as estruturas federativas criadas em 2018, dois anos depois, em 2020, no PS já existiam 21 026 mulheres activas. Em 2020 as mulheres eram ⅓ dos militantes no PS, hoje há 33 200 mulheres activas no partido. Ou seja, são 49% de mulheres militantes do PS, quase tantas mulheres como homens.
Houve um aumento de 37% para a militância activa de mulheres no partido, o que segundo Elza Pais deve-se ao trabalho das estruturas das concelhias: 20% das coordenações concelhias são presididas por mulheres.
Nestes 4 anos, o PS aumentou de 27 para 57 concelhias com mulheres na liderança, “há um movimento de participação nas lideranças que está a acontecer de debaixo para cima.” Já as lideranças federativas “são mais difíceis e os bloqueios são maiores. Olhamos para o número de 19 homens das 19 federações com alguma preocupação, sinal que as mudanças que queremos e pelo qual o PS se bate estão a acontecer de forma muito lenta.”
As Mulheres Socialistas vão continuar com “estratégia de auto-regulação” para conquistar lideranças femininas nas federações. Sobre se há poucas mulheres no partido Elza Pais não tem dúvidas, diz que “não há poucas mulheres no PS, nem pouco capacitadas, são mulheres com carreiras e altamente empoderadas.” Explica que “as lideranças de homens estão orientadas por culturas instaladas, tradicionais que se quebram com dificuldade, e é muito difícil penetrar nelas.”
Já houve 3 presidentes mulheres de federações: Bragança, Setúbal e Castelo Branco. Segundo Elza Pais há bons indicadores para que Ana Catarina Mendes seja conduzida como presidente da comissão política da federação de Setúbal no congresso interno do PS no próximo fim-de-semana. O que acontece neste fenómeno de liderança masculina para a socióloga é que “as mulheres não conseguiram ganhar na dinâmica territorial.”
O secretariado das MS já emitiu um comunicado à direção do PS assinado por todos os elementos, 20 mulheres, a denunciar a falta de paridade nas lideranças dos socialistas.
Elza Pais, deputada e presidente das Mulheres Socialistas ao Podcast Estado com Arte explica que o PS está organizado em estruturas federativas e concelhias, e no quadro das estruturas do PS também existem as mulheres socialistas. As quais não são uma estrutura independente, mas tem autonomia e está integrada no PS. As Mulheres socialistas são uma estrutura criada em 2002 para “afirmar a igualdade e a paridade na política”. Fizemos um longo percurso. Introduzimos quotas no partido antes de ser aprovada a 1ª lei da paridade na AR em 2006,” justifica.
Em 2018 sob a liderança de Elza Pais fez-se uma alteração estatutária no partido, para que se criassem além das federações também as estruturas concelhias das Mulheres Socialistas, que acompanhassem as presidências federativas. A deputada socialista defende que as federações nos distritos e as estruturas concelhias são “uma mais-valia para reivindicar os direitos, para mobilizar pessoas no território para os partidos, homens e mulheres”.