TOTALITARISMO EM APARENTE MODO SUAVE

Susana Mexia

Aparentemente estamos muito longe dos sistemas de terror que vigoraram no início do século XX, nazismo e comunismo, todavia vamos sentindo a nossa liberdade cada vez mais coartada, mais limitada, nomeadamente se os nossos valores morais e religiosos estiverem bem fundamentados e não nos deixarmos corroer pelas manipulações ideológicas em versão woke.

Na obra “Admirável Mundo Novo”, de  Aldous Huxley, «o totalitarismo mudou de roupa e agora aparece sob o manto da liberdade, da tolerância, da justiça, da igualdade, da não-discriminação e da diversidade – cenários ideológicos que se revelam amputados e distorcidos.» Na sua génese está a inquietante noção de que a sociedade ficcional descrita no seu livro mais famoso se tornava a passos largos uma realidade. 

O Estado parece não exercer qualquer pressão, todavia a ideologia do género está bem implementada na política e nas universidades, actuando nos bastidores desde há anos. Sem darmos por isso fomos, paulatinamente, minados por uma ideologia utópica, malévola e daninha.

Numa denominada democracia existem poderes incontroláveis que impõem a sua vontade sobre os eleitores e os seus representantes eleitos: a oligarquia financeira que tudo controla em silêncio, mas faz-se impor através dos meios de comunicação que propagandeia e manipula as mentes mais distraídas ou menos prevenidas.

É toda uma novilíngua global conduzida por lobbies influentes em instituições internacionais, que dita as regras do desmantelamento das normas sexuais, que de forma macia e convincente e em nome da liberdade, origina o desenraizamento das pessoas, conduz à dissolução de todos os laços afectivos e gera o caos social.

Em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley escreveu no seu prefácio: “Na medida em que a liberdade política e económica diminuem, a liberdade sexual tende, em compensação, a aumentar. E o ditador…fará bem em encorajar essa liberdade. Em conjunto com a liberdade para sonhar acordado sob a influência de drogas, filmes e rádio, ajudará a reconciliar os seus súbditos com o seu destino de servidão…Vendo bem, parece que a utopia está muito mais próxima de nós do que alguém há apenas 15 anos poderia ter imaginado. Nessa altura, eu projectava-a para daí a 600 anos. Hoje parece bem possível que o horror possa estar mesmo à nossa frente, decorrido apenas um século”.

Na presente obra publicada em 1958 e na sua génese está a inquietante noção de que a sociedade ficcional descrita no seu livro mais famoso se tornava a passos largos uma realidade. Comparando aspectos da vida moderna e o terrível quotidiano na era depois de Ford, o autor elabora uma reflexão profunda sobre as ameaças à humanidade e os limites da desumanização, porque o pesadelo da organização total emergiu do futuro remoto e está agora à nossa espera.
Mais palavras para quê?

Aldous Huxley (1894-1963) é um escritor visionário e um dos mais astutos guias nos meandros do futuro da civilização. Romancista, crítico e ensaísta, autor de uma vasta obra, corria-lhe nas veias um profundo interesse pela ciência, que se reflectiria na sua obra mais famosa, Admirável Mundo Novo.

Estudou Literatura em Oxford, depois de ter contraído uma grave infeção ocular na adolescência, e foi professor de Eric Arthur Blair (George Orwell), em Eton.

Repartiu a sua vida entre a Itália, a França e os EUA, país que o perturbou pela sua mescla de hedonismo e de puritanismo.

De satirista social e figura próxima do Grupo de Bloomsbury, nos anos 20, às suas experiências com a mescalina e o LSD, nos anos 40 e 50, à viragem para o pacifismo e para o misticismo reinventou-se continuamente e é hoje tido por um dos maiores escritores do século XX.

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