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ESTORIL, SOL…E REFLEXÃO!

Maria Antónia Almeida Santos, Ex-deputada do PS, Jurista

Há, no entanto, uma questão que se impõe. E agora, que dispomos de todo este conhecimento, o que vamos fazer com ele e para que fim vamos orientá-lo? Para o nosso fim ou para o nosso progresso?

A edição deste ano das “Estoril Conferences”, com o tema “A Future of Hope – Time to Rethink”, ocorreu na NOVA SBE, na semana passada. Foi um espaço de inspiração, num tempo em que precisamos cada vez mais dela. O sentido das conferências foi o da reflexão em direção à maturidade global e em torno das energias que nos permitirão atingi-la.

Registei a forte afluência de mulheres, representando a nossa inegável força como intérpretes da regeneração. Aliás, foi precisamente a presença de pessoas e entidades de todos os quadrantes que potenciou a partilha. Uma sinergia de mudança só é possível integrando todas as forças ao nosso dispor.

Em termos de evolução e impacto no mundo, nós, os humanos, não somos mesmo os dinossauros. Até nos inclinamos mais para sermos o meteoro que os extinguiu. Esta comparação é do Secretário-geral da ONU, que participou por mensagem de vídeo. Isto é visível na relação que temos, atualmente, com o conhecimento. Nunca dispusemos de tanta tecnologia e informação. Há, no entanto, uma questão que se impõe. E agora, que dispomos de todo este conhecimento, o que vamos fazer com ele e para que fim vamos orientá-lo? Para o nosso fim ou para o nosso progresso?

As Conferências do Estoril deste ano alertaram-nos para a necessidade de amadurecer o que entendemos por conhecimento. O primeiro passo, defendo eu, é um upgrade à aproximação que tradicionalmente lhe fazemos. É aprender a transformar ‘conhecimento’ em algo que gosto de chamar ‘sabedoria’ e que foi várias vezes referido nas Conferências como ‘wisdom’. Enquanto sociedade, somos ensinados a mastigar conhecimento e, por vezes, até a “ruminá-lo”. Precisamos da fase seguinte – a extração dos nutrientes necessários à mudança para paradigmas que possibilitem a sobrevivência num mundo melhor.

Essa mudança abraça vários prismas. Desde já, o da casa-comum da humanidade: o planeta. Como desviar o nosso foco do lucro e orientá-lo para a regeneração ambiental?

Em seguida, a paz. Neste momento, temos o número mais alto de conflitos violentos desde a II Grande Guerra, por entre narrativas políticas polarizadas, ideologias extremistas e líderes populistas. Ou recuperamos a confiança nas instituições, recuperamos o diálogo e cicatrizamos as feridas abertas na sociedade, ou só nos resta, ironicamente, dar as boas-vindas ao meteoro.

É inegável também a importância do equilíbrio entre o avanço tecnológico e o entendimento humano. À Inteligência Artificial, temos de contrapor uma ética humana e humanista.

Vivemos num mundo que envelhece cada vez mais. Em 2024, a população com mais de 65 anos excederá já a que tem menos de 15. É inegável que a tecnologia ligada à saúde e à qualidade de vida deve ser prioritária em relação à da guerra e à da comunicação social e media.

Várias personalidades sinalizaram a importância da elaboração das políticas como o agente de mudança mais eficaz. Nada se fará sem quebrar barreiras e sem uma igualdade de oportunidades efetiva.
Regressei das Conferências com mais perguntas e mais esperança do que as que trazia. Foi uma sensação ótima. É que esse é o melhor ponto de partida para a mudança.

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